É certo que nós temos várias expressões na Língua
Portuguesa que tem conotação racista, mas não são todas essas que se pede para
varrer para fora de nossa linguagem.
Por exemplo: judiar, efetivamente, vem de machucar o
judeu, ato que se fazia para transformá-lo em cristão. Com o tempo a palavra
perdeu essa conotação e passou a ser usada quando se machucava propositalmente
alguém ou algum animal.
Também temos expressões segregacionistas como boçal, imbecil ou idiota,
palavras que há pouco mais de um século eram usadas para definir um deficiente
(ou débil) mental. Assim como outras expressões malvadas, foram perdendo sua
característica original e virando uma corruptela.
Então vamos limpar a área de expressões que algum
idiota literário resolveu que seriam originárias com conotação racista.
MULATA: é a campeã da bobagem.
Dizem que é ofensivo por vir da mula, cruzamento de
cavalo com besta ou égua com burro.
Pois é, burro foi quem associou a isto, pois na verdade a expressão vem da cor de uma batata
portuguesa usada para assar – chamada MULATA – que, assada, adquire um tom que
se assemelhava ao da pele de uma criança de alguém da raça negra com a raça
branca.
Simples assim.
A COISA ESTÁ PRETA, por exemplo, não vem do racismo e sim da peste negra ou da
gangrena.
É uma expressão que vem da Idade Média, quando a peste escurecia a
pele das pessoas ou a gangrena produzia aquele grená escuro que resultaria,
fatalmente, na extirpação do membro gangrenado. Significava um problema, só
isso.
NOITES NEGRAS: Também é uma expressão da Idade Média.
Acredito que tomo mundo
já viu um filme ou leu um livro onde alguém do alto de uma torre ou muralha,
diz: “Meia-noite e tudo vai bem”.
Pois é, esse vigia conseguia ver os campos e as cercanias do castelo com a luz
da lua. A falta de claridade produzia uma noite “escura como o breu”. Era uma
noite em que tropas inimigas poderiam avançar sem serem vistas.
Também era usado por vigias do caralho, que avisavam o capitão do navio que a
noite escura levava a nave para uma rota que não se podia ver.
É daí também
que vem o verbo DENEGRIR, tornar GRIS, aportuguesamento de CINZA em francês.
O céu se tornava de cinza a cinza escuro até se perder a vista do horizonte.
Todas as demais associações feitas a essas palavras foram posteriores.
Assim, quem tinha a imagem denegrida, a expressão mais usual, significava que
tenha uma mancha na sua vida, um pecado público. Era muito aplicada a senhoras
que haviam traído seus maridos. E basta.
MERCADO NEGRO também está associado à noite sem lua,
pois era quando, em tempos imemoriais, se fazia contrabando. Nada mais que
isso.
OVELHA NEGRA produzia uma lã rara, mas sem valor, pois
não se usava entre as cortes, lá na Idade Média, lã que não fosse branca. Então
essa ovelha tinha que ser apartada, para não cruzar acidentalmente e produzir
mais lã recusada pelo mercado.
Mais uma que acho que deve ter alguma consideração, é
o famoso lápis bege, ou COR DE PELE. Foi criado numa associação à pele branca.
Deveria ter lápis associado à cor de pele de gente ruiva? Sim, é claro, da
mesma forma que gente negra, oriental.
Li também em algum lugar que DOMÉSTICA e MEIA TIGELA
são expressões racistas.
ERRADO.
Doméstica é uma expressão segregacionista, pois igualava quem trabalha nessa
profissão a um animal doméstico.Porém, com o passar do tempo e a aquisição de direitos por essas empregadas,
hoje é uma profissão regulamentada e, certamente, perdeu a conotação de origem.
MEIA TIGELA está longe de ser alguma expressão racista; era aplicada a escravos
não cumpriam sua meta de produção, recebendo metade da ração.
Mas esses escravos eram desde os hebreus, nos tempos de faraós, àqueles que
foram traficados para o Brasil.
Quase terminando vou para a expressão usada no título:
BESTA.
As feministas poderiam se queixar dizendo que é ofensivo às mulheres, pois se
dizia “deixa de ser burro” para homens, com o passar do tempo, “deixa de ser
besta” para as mulheres. Se é para levar tudo à ferro e fogo...
Não quero terminar minhas considerações sobre esse
assunto em levar em conta a expressão NEGA ou NEGO.
Essa é uma das riquezas que os negros colocaram na nossa Língua. Minha Nega ou
meu Nego é uma expressão de carinho.
Chamo minha mulher de Nega há mais de 40 anos e não vou abrir mão disso porque
algum trouxa possa se sentir ofendido.
Aceitam um cappuccino?