sexta-feira, 17 de julho de 2009

Liberdade, ainda que tarde da noite.

Estávamos ouvindo, Elisinha e eu, o programa Radar Paulista do meu amigo Renato Albuquerque, quando ele anuncia a notícia:
“Várias cidades do interior de São Paulo impõem toque de recolher aos jovens”!
Sei que é dever do jornalista comentar estas coisas, mas vou pedir que ele prepare o terreno quando for noticiar coisas desse tipo ou dia desses vou acabar batendo o carro.

Absurdo dos absurdos em um país dito democrático:
Um cidadão com poder de assinar um papel e nenhum bom senso, ao invés de regulamentar o dia a dia das pessoas, nega-se ao seu dever e, por conforto do cargo, simplesmente rompe com uma cláusula pétrea da Constituição Brasileira: a Liberdade.

Ao invés de cuidar dos jovens, esses senhores os castigam indiscriminadamente e, pior, lhes passam a mensagem que TODOS são irresponsáveis e insuficientemente sãos e maduros para julgar seu destino.

Os jovens que cada vez mais são condenados a quatro paredes e um computador, mantidos escondidos do mundo com o qual terão de lidar um dia.

Confesso que quando minhas meninas saem de casa para encontrar com amigas, nossos velhos corações de origem portuguesa e italiana batem apressadamente até a hora que ouvimos o motor do carro ser desligado e os passos alegres da nossa cachorrinha salpicarem na companhia delas até a cozinha.
Não ligo para as batidas de portas e saltos de sapatos.
Enquanto isso passo mal sim, mas, problema meu.

Jamais admitiríamos que uma restrição dessa natureza lhes fosse imposta: iríamos à Justiça para lhes conseguir um verdadeiro "habeas corpus". Esses caras não sabem como minha mulher é quando brava!

Não posso impedir que sigam seus caminhos e saibam que o mundo é, desde tempos imemoriais, um campo onde o mais forte sobrevive: antigamente o mais forte fisicamente; hoje, os que mais formação têm, formação negada e negligenciada aos jovens pela ausência contumaz do Estado.

Se isso persistir, em breve será decretada a prisão de todos os passarinhos em viveiros para que não sujem nossas estátuas ou manchem os jardins.
O mesmo vai valer para nossos cães que igualmente sujam as calçadas. É muito mais fácil decretar uma bobagem dessas que multar os cretinos que deixam as sujeiras dos seus animais nos caminhos de cegos, de idosos, crianças, enfim, nossos caminhos, até mesmo o deles.
Será proibida a reunião de pessoas para um chopinho porque as nossas autoridades são incapazes de evitar que alguns urinem nas ruas.

Desculpem se, de repente, usarem esta crítica como uma sugestão e dêem uma canetada e transformem essas bobagens em Decretos.

Proponho aos jornalistas que dêem a notícia, por dever, mas NÃO ENTREVISTEM ESSES JUÍZES E CONSELHEIROS TUTELARES, NÃO MOSTREM SEUS ROSTOS E SUAS VOZES EM JORNAIS, RÁDIOS E TEVÊS. Vamos reduzí-los à sua insignificância, de pessoas nomeadas para um cargo ao qual não estão aptas a preencher.

Teve razão o Renato quando disse que o "toque de recolher" deveria ser aplicado aos donos de casas noturnas que permitem a bebida alcoólica aos menores de 18 anos, aos exploram o sexo juvenil, aos traficantes.
Essa inversão de valores me lembra o Pastor alemão Martino Neimöller, autor do fabuloso poema abaixo:
Quando os nazistas levaram os comunistas, eu fiquei quieto; eu não era comunista.
Quando eles prenderam os sociais-democratas, eu permaneci quieto: eu não era social-democrata.
Quando eles levaram os sindicalistas, eu não protestei: eu não era sindicalista.
Quando levaram os judeus, eu me mantive calado: eu não era judeu.
Quando eles me levaram, não sobrou ninguém que protestasse por mim.
Aceitam uma caninha após a meia-noite?

As coisas divertidas da nossa gente.

Pois é, fiquei devendo coisas boas do nosso povo e hoje resolvi botar alguma coisa no papel depois de um comentário da Elisa quando avisei que tinham chegado mensagens novas do Cavallaro e do Geraldino: - Dos dois, já vi que lá vem coisa...
Isto é o óbvio: somos alegres e brincalhões.

Olhem nas ruas, olhem nas conduções, principalmente fora dos grandes centros; nossos rostos são tranqüilos, miscigenados e bonitos.
Apesar das mazelas políticas e das balas perdidas, peça informação a um carioca, mesmo aquele mais apressado: ele pára, pensa e “lhe” responde com aquele sotaque específico e, se for uma garota, tenta entabular um chopinho. Se por acaso for uma carioca, em breve tempo você não só terá sua informação como vai saber a história da vida da família dela.
Ande pela praia e olhe para alguém que caminhe do lado contrário e você verá que logo vem de lá um “bom dia”.
É absolutamente incrível quando vemos repórteres entrevistando pessoas que estão sofrendo na seca, com fome e maltrapilho e, no final, o entrevistado dá uma risada, às vezes nervosa, às vezes sem jeito. Seja pela timidez, seja pelo constrangimento, lembro de reportagens parecidas em outros cantos do mundo em circunstâncias análogas e só se vê carrancas.
Nosso povo, mesmo sem formação escolar, tem uma facilidade surpreendente em aprender tarefas e logo vai chamando os amigos para um churrasco e comemora seu primeiro salário como se levantasse a Taça do Mundo.
E é feliz porque somos os melhores no futebol, mesmo sem ganhar as Copas que merecíamos.
Meu amigo Gilberto Bruce rezava durante as partidas do Mundial de 1974 pedindo a Deus que nos favorecesse por imaginar que nenhum povo no mundo adorava mais futebol que o brasileiro. E ria ao final de cada pedido.
Sempre fui muito bem recebido em países no exterior, principalmente após a menção de ser brasileiro.
Somos associados a coisas alegres como futebol e carnaval, esquecendo por hoje as más associações porque isso é um problema de falta de informação deles.
Paramos guerras civis para que o povo visse o Pelé e a Seleção Brasileira ou ouvisse nosso jogo durante a guerra de Sarajevo.

Somos intimistas.
Em pouco tempo, muito pouco mesmo, qualquer um já se torna amigo de infância, já é chamado de você, chamado pelo primeiro nome ou – nem tudo é perfeito - por um apelido.

Nós rimos dos nossos eleitos, que eram nossas esperanças e nos decepcionam, nós rimos dos nossos ídolos e até dos nossos mortos, ainda que eu jamais tenha contado uma piada em velório.

Emprestando o slogan da APABB, o normal por aqui é ser feliz.

Bom fim de semana.

Alguém vai fazer um churrasco?

terça-feira, 14 de julho de 2009

Nossos heróis pouco conhecidos

Hoje 14 de julho é o dia que se comemora um feito histórico no Brasil:
Por pouco mais de um palmo o paranaense Mauro Ribeiro venceu a nona etapa do Tour de France de 1991 entre as cidades de Alençon e Rennes.
O ciclismo é uma mania na Europa e na América do Norte e os ciclistas são tratados - não no aspecto financeiro, é claro - como são os pilotos de Fórmula Um ou astros do golfe ou tenis:
Seus retratos são colocados em destaque nas lojas de artigos esportivos, ainda que não especificamente ligadas ao ciclismo: eles vendem sapatilhas, maiôs, camisetas e tudo que diz respeito ao esporte.
Nos Estados Unidos está sendo feito um filme sobre a vida de Lance Armstrong.
Durante o mês de julho milhares de pessoas se postam nas ruas, nas estradas, no topo dos castelos e casas para ver, por poucos segundos, passar a caravana com 180 ciclistas e carros de apoio que forma imagens maravilhosas.
O Giro de Itália e Vuelta de Espanha, o primeiro antes e o segundo depois da Volta da França, também são muito concorridos, com a presença do povo se divertindo com o esporte.
Pena que não tenhamos um avanço nesta área e, na America do Sul e Latina vemos nossos hermanos nos darem bailes constantes nessas provas.
Ainda bem que vencemos a última 9 de Julho com o Bruno Fernando e a Débora Cristina.
Fica aqui minha sutil homenagem ao Mauro com a foto da sua chegada vitoriosa.












www.ss.esp.br/cgi-bin/imprensa/ribeiro(5).jpg

Também gostaria de fazer minha homenagem à pesquisadora Dra. Rosana Beatriz Silveira, que coordena o Projeto Hippocampus, quem sabe o centro mais avançado no mundo inteiro de estudos sobre o cavalo marinho.
No dia que visitamos o Projeto a Doutora estava lá sozinha, fazendo vezes de recepcionista, projetista de vídeo, vendedora e orientadora.
A vida de pesquisadores no Brasil é uma luta incrível e essa mulher deve ser homenageada.
Espero que o novo local onde se estabeleceram já esteja arrumadinho.
fica na Rua Saberé com a Praça Sete, no bairro de Ipojuca, em Porto de Galinhas.
Vale a pena ser visitado.

Parabéns Dra Rosana.











Dra. Rosana e Elisa


Aceitam um brinde aos nossos heróis?