segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Mentiras que aceitamos como verdade, porque não questionamos nada.

Não é segredo que eu acho o Oscar uma chateação; 
é uma festa feita pelo Cinema Americano, para o Cinema Americano, como forma de promover o Cinema Americano.

A gente fica vendo aquela sequência interminável de artistas americanos, recheados, vez por outra, de um estrangeiro que atua nos Estados Unidos.

Então, para pegar trouxas, a Academia coloca duas categorias que sempre tem participação de estrangeiros: Documentários e o Filme em Língua Estrangeira.

Aí uns oito ou dez países ficam esperando – e assistindo – duas horas para ver se ganharam o grande prêmio americano.

Via de regra milhões ficam frustrados, como neste ano em que concorria na categoria documentário um filme sobre Sebastião Salgado – nem mencionado na festa – e que foi solenemente esmagado pela obra americana que transforma em herói aquele rapaz que - quando viu que se daria mal – resolveu entregar todas as sacanagens do Governo Americano. 
Estava na cara.

Ainda assim vários personagens da classe intelectual tupiniquim ficaram até tarde a divulgação do resultado, para poderem se indignar nas redes sociais logo em seguida.
Bem feito.

E onde está a mentira nessa história toda?
Fácil.

A festa começou as 18 horas de Los Angeles, Meia-noite no Brasil, 3 da manhã em Londres, 4 em Madri, 5 na França, Alemanha e Itália, além dos países nórdicos.

No meio da festa sempre tem algum pau mandado dizendo que o programa passa em mais de cem países, com audiência de mais de um bilhão de pessoas. Nem precisa assistir para saber que eles falam isso, pois falam todo ano.

Sinceramente eu duvido que as fábricas da China fiquem paradas para ver essa lengalenga. Idem Índia – que não tinha seus meninos explorados querendo serem milionários – o lado islâmico certamente ignora solenemente a fala do satânica.
A Europa, como já disse, está dormindo.
O Brasil, Argentina e Uruguai certamente pensa no preto da folhinha da segunda-feira.

Então, onde está esse bilhão de pessoas? Afinal, pouco mais de um quarto dos 300 milhões de americanos dão audiência para o programa.

Estariam no Canadá, México ou Japão?
Está bom, conta outra.

Quer saber, vamos saber no dia seguinte quem recebeu os prêmios, pois nossa imprensa é mesmo vassala nessa questão. A troco do que vou dar minha audiência, deixar minha mulher brava comigo por deitar tarde, perder meu sono?



Aceitam um cappuccino?