segunda-feira, 14 de maio de 2012

Dia das Mães - Como é difícil ser mulher



Pois é, estou mesmo muito preguiçoso para escrever e as notícias que temos hoje em dia me desanimam ainda mais.
Quer ver uma:
“Vôlei feminino classifica-se para Londres em torneio que tem gordinha e musa colombiana”.
Aqui caberia um palavrão.

Nossas meninas entraram em quadra com mais da metade do time cheio de esparadrapos, lutando contra dores, Dia das Mães longe de casa, pequeno interesse público, tudo por um ideal de chegar novamente às Olimpíadas.
E aí o que a mídia põe no ar?
Que a levantadora uruguaia, amadora e muito idealista, estava acima do peso.
Será que esse bolha que fez a reportagem pensou nos sacrifícios que essa moça fez para estar no interior de São Paulo, defendendo seu país numa missão mais difícil que a do Cavaleiro da Triste Figura?
Esse time, com a gorduchinha e uma veterinária e uma babá – provavelmente universitária, pois Universidade não é bicho papão no Uruguai – sabia de antemão que não teria a menor chance contra as peruanas e colombianas, quanto mais contra as brasileiras, e veio para a disputa. Não havia espaço para a vaidade nessas circunstâncias.

Da mesma forma a levantadora reserva da Colômbia – alçada ao discutível título de musa – foi badalada aos montes por um bando de patetas que ficaram babando, com os hormônios vencendo ao profissionalismo e, cá para nós, nem era tão bonita assim.
Invadiram o Facebook da moça!

Daí vem a questão:
Uma vez que as mulheres ocupam cada vez mais as mesas de jornais, rádios e tevês, por que não existe essa preocupação em eleger um muso entre os jogadores de vôlei, não fazem enquetes sobre as melhores pernas dos jogadores de futebol, sobre qual lutador de box tem o suor mais forte?

Será que a preocupação com o trânsito, filhos, comida, segunda, terceira e quarta jornada, impede a libido feminina?

Definitivamente não é fácil ser mulher:

Além de trabalhar melhor, ganhar menos, por comida quente na mesa, ainda tem que ser musa, baita musa, para competir com as musas dos times de futebol, das equipes de judô, vôlei, natação, meu Deus, é muita competição!

Dedicada a minha musa, que além de bela, é simplesmente ela mesma.

Será que ela toma um cappuccino comigo agora?

terça-feira, 1 de maio de 2012

Sem perdão ao passado

Lembro cristalinamente um ensinamento do meu querido Padre Arnaldo, que tanto ajudou a formar o caráter da minha turma da Igreja de Santa Terezinha, que me acompanha desde então:
"A pessoa só é criminosa até pagar a pena. Depois disso, volta a ser uma pessoa comum."
Verdade?
Não, o perdão só vem se acompanhado de acessórios:
Se, por exemplo, você for um cantor de pagode e traficar armas e fizer rolar muita droga em suas festas, você só vai pagar parcialmente sua pena e pode até cantar no Programa da Xuxa que será adulado por muita gente.
Mas aquele garoto pobre, negro e órfão que morava na minha rua, após ser adotado por um traficante, só encontrou seu perdão com quatro tiros no rosto. No rosto.

É um dos mistérios que não consigo entender:
quando uma pessoa precisa de ajuda e dá sinais disso, parece que todos os que convivem em derredor se voltam contra ela e, se tentar tirar a cabeça para fora d'água, encontra um pé fazendo força para que se afogue.
E olha que não são só os colegas de trabalho - interessados em ganhar mais - que fazem isso: amigos fazem, filhos fazem, cunhados fazem e como fazem.
Isto deve ser o princípio de muitas depressões.

A vida proporciona possibilidades de mudanças e nosso pai, que foi aquele carrasco na nossa juventude, com o passar do tempo e das trombadas que a vida nos dá, passa a ser o amigo que esquecemos que era.
Afinal, meu pai errou na minha educação, o meu avô errou na educação do meu pai, meu bisavô errou na educação do meu avô. Minhas filhas errarão na educação da sua prole.
Quem foi severo, deveria ter sido brando, quem foi liberal deveria ser severo, assim por diante.

Talvez nossa intolerância seja fruto da intimidade; nossos amigos e familiares estão próximos e é muito fácil se dar um tapa no irmão ou na mãe que no chefe; os primeiros podem relegar, o último, jamais.

Sinceramente acho que nem sempre fui de fácil convívio, apesar de nas minhas avaliações no trabalho sempre constar a expressão "lhano no trato".
Ser dramático ou fantasioso foram dotes atávicos e só eu e minha analista sabemos quanto lutei para me livrar disso.
Hoje minhas reflexões muitas vezes me tiram o sono.

Então, quanto a mim, peço que analisem se já não cumpri minha pena, se já não livrei minha esteira cármica e, por favor, aceitem o convite para um cappuccino.