Tem gente
que não liga para viagens, mas o sonho da maioria das pessoas é viajar.
Basta ver
aquelas reportagens sem imaginação, quando a repórter pergunta na porta da
lotérica o que a pessoa vai fazer se ganhar o prêmio acumulado.
Quase todas as respostas vêm com a frase “ajudar a família e viajar bastante”.
Quase todas as respostas vêm com a frase “ajudar a família e viajar bastante”.
Dizia-me um
amigo espírita que as pessoas querem viajar para visitar as terras aonde
viveram outras encarnações. Se isto for verdade, já reencarnei no mundo todo.
Hoje vejo
com tristeza meus limites diminuindo e isto tem pesado muito na minha alegria
de viver.
Pedaços do
mundo que já puderam ser visitados, hoje são um verdadeiro perigo à existência,
seja por intolerância religiosa, seja por fatores climáticos.
Diga a
verdade: é possível visitar o Líbano? Tem alguma graça visitar a Austrália
depois desse desastre? Como fazer para ver o Exército de Terracota de Xian, com
o Corona vírus a um vento de distância?
Dá para se
sentir seguro visitando cidades da Europa, como a extremamente pacífica
Ostrava, na República Tcheca, sabendo que, do nada, um maluco saiu esfaqueando
pessoas.
Será que
poderemos visitar Berlim ou Munique sem que algum fundamentalista invada a rua
com um caminhão? Ou Barcelona?
Na primeira
chance que tive na minha vida, visitei a Igreja da Penha, no Rio de Janeiro.
Apesar de
uma antipática equipe da Globo estar lá gravando uma novela, consegui realizar
o sonho de subir as escadarias sabendo que a favela ao lado estava “pacificada”
e lá embaixo se via um caminhão com policiais exibindo fuzis. Sinceramente, dá
para fazer o mesmo programa hoje?
Lembro
quando levei minhas filhas para visitar a Disney, na década de 90. Um colega do
Banco falou que gostaria de viajar comigo e, na última hora, ele precisou
cancelar a viagem pois tinha sido promovido para uma gerência melhor que a que
ocupava. Concordamos em deixar para o
ano seguinte. Três dias depois ele teve um enfarte fulminante na sua mesa de
trabalho. Soube no dia seguinte e sai imediatamente para comprar o meu pacote.
Deveria ter
pautado minha vida nessa experiência. Mas não; muitas coisas deixei para
depois. Hoje vejo, com tristeza, que esse depois pode não chegar.
Dinheiro a
gente corre atrás, carro se pode trocar em outro ano. Fronteiras, entretanto,
podem ser fechadas sem aviso prévio. Fundamentalismo não tem como ser evitado e
novos vírus estão aí sendo criados.
Então, três
coisas não devem ser deixadas para depois nesta vida: amar, viajar e tomar seu
cappuccino.