domingo, 25 de julho de 2010

Novamente a Ferrari escarra na nossa cara.

Quando se trata de esporte, nenhum atleta representa somente a si e sim representa também um país. É por isso que sempre ao lado do sobrenome, nome, vem a bandeira do país pelo qual aquela pessoa compete.

Foi assim que mergulhamos numa tristeza brava quando o Dunga disse que tinha um compromisso com um Grupo e não com o país e perdeu a Copa. Bem disse Junior, o Capacete, hoje comentarista da Globo, que o pequeno técnico havia cometido um crime de “Lesa Futebol” ao não levar os melhores jogadores do pais para representá-los.
Para mim foi também um crime de “Lesa Pátria”.

Talvez tenha sido essa situação que me provocou uma grande ânsia de vômito quando hoje assisti uma cena que não imaginava ver repetida jamais: A Ferrari dar uma ordem direta ao Massa para que o "carocolito chorão" o ultrapassasse.
Não vou entrar no mérito de se ele deveria obedecer ou não: a ordem não deveria existir pelo bem do esporte.

Sou dono de três carros da marca dona da Ferrari e já comentávamos em casa a necessidade de trocá-los.
Vou me lembrar muito desta manhã na hora da troca.

Acho que todos devíamos levar isso em conta também.

Como estou bravo com os italianos, aceitam um cafezinho bem brasileiro?

sexta-feira, 16 de julho de 2010

O dia que minha mãe escapou de ser presa...

O Governo Federal, se assim podemos chamar, está encaminhando ao Congresso, se assim podemos chamar também, uma lei que proíbe o castigo físico aos filhos e a crianças em geral.
Boa lei.
Existe uma corrente de pais que diz que uma palmadinha pode ser muito educativa, e eu mesmo já pensei dessa forma. Não é a forma correta e temos que evoluir e achar o equilíbrio entre “educação por exemplos” e “o fim do descontrole da capacidade de argumentar quando esta chega ao limite de nossa incompetência”.

É mesmo uma covardia vermos crianças que apanham ou são pura e simplesmente torturados por pais e mães e tios e avós ou tutores que vêem no sofrimento dos inocentes o alívio à suas angústias.

Vamos torcer para que essa lei vingue, pois, afinal, o Brasil é pródigo em leis e algumas pegam outras não pegam.
Lamentavelmente muitas crianças vão continuar sofrendo porque, se olharmos a olho nu, também é proibido matar, roubar, corromper, prevaricar.
Todavia a existência da Lei preverá a punição que hoje só é efetivada quando alguma crueldade acontece e a mídia toma conhecimento e fatura em cima.
Esse é o grande perigo:
De um lado vai parecer que a lei estará sendo aplicada e milhares de crianças vão estar a mercê da maldade praticada à surdina.
De outro poderemos ter pais sendo levados para a cadeia por dar um tapa na mão de uma criança que iria colocá-la inadvertidamente no fogo.

Como exemplo que só a existência de dispositivo legal não basta, temos uma lei feita sob encomenda para mulheres que apanhavam e apanham de forma contumaz de companheiros, se pobres, e de maridos, se ricos: a Lei Maria da Penha.
Pois bem, dia desses enquanto fazia compras no açougue, ouvi a notícia que uma dessas moças que foi assassinada recentemente e cuja morte trouxe comoção ao país todo, foi a uma Delegacia da Mulher pedir proteção contra o parceiro. A Delegada não acolheu a denúncia, pois achava “que aquela queixa iria banalizar a Lei Maria da Penha”.
Uma Delegada!
A seguir, no supermercado, ouvi uma argumentação sobre quanto seria mais fácil e barato aquele goleiro pagar uma pensão que cumprir uma pena por assassinato.
Ouvindo as opiniões e aguardando minha vez de passar as compras, lembrei de um fato que aconteceu comigo quando garoto:
Comecei a conviver com uns garotos vindos de outro estado e que eram bastante “levados”, como se dizia à época.
Fui com eles até a vendinha do turco onde, rápido e sutil, roubei um doce de leite, aqueles retangulares, durinhos, deliciosos, e o dono do mercado nem percebeu.
Mais estúpido que inocente, ao chegar em casa contei para minha mãe o que havia feito.
Tomei uma série de cascudos e em seguida minha mãe me pegou pela orelha e me levou, entre ralhadas e palavrões que só ela era capaz de dizer, e sob os olhares atônitos das vizinhas, por todos aqueles longos cento e vinte, cento e cinqüenta metros que separavam minha casa da venda.
Lá, cabeça baixa, consciente da minha burrice e vexado com o deslize, pedi desculpas e paguei o doce roubado.
Mais que corrigir minha falha, minha mãe sentiu a necessidade de mostrar para a rua toda que educava seus filhos.
Ser honesto em casa não era uma virtude; era uma necessidade.

Fui pego com um sorriso nos lábios pela Caixa enquanto imaginava o que aconteceria se aquele dia fosse hoje e minha mãe fosse flagrada por uma viatura; ela não sabe do que ela escapou...

Com esses ares de saudades e gratidão a esse amor incondicional, só me resta tomar um cappuccino.
Aceitam?

terça-feira, 6 de julho de 2010

Ecobobos

Tenho acompanhado com alguma indignação a discussão forjada pelas grandes redes de supermercados contra as sacolas plásticas que embalam as mercadorias que vendem e os ecobobos que tocam suas trombetas por sua extinção, sem perceber como estão sendo conduzidos pelo nariz nesta história.
A essência da questão é uma só: a sacola plástica é um custo direto para os supermercados.

Toda pessoa com algum discernimento sabe que o mal uso de bens deve ser combatido e pessoalmente acho necessário se procurar mesmo uma solução ao destino de TODAS as embalagens, não só essas.

Para sustentar sua tese e assustar otários, os supermercados fornecem números grandiosos: são mais de 12 bilhões de sacolas por ano que irão degradar o Meio Ambiente por mais trezentos a quinhentos anos.
Entretanto desconfio do alarde e não confio nesses dados porque quem os fornece são os maiores interessados no fim do fornecimento e olho diretamente para a solução por eles proposta para essa questão:
“a venda de sacolas retornáveis a preços acessíveis”.
Será que essas sacolas vai-e-vem nunca vão estragar?
Caso se estrague, ao serem jogadas no lixo degradarão mais rapidamente?

Faço outra pergunta: se a preocupação dos supermercados é ecológica e séria, por que não pedem a extinção daquele filme plástico que embala, por exemplo, carne, goiabadas, queijos branco e amarelo, pedaços de melancias? É um material absolutamente descartado pelos consumidores diretamente no lixo.
Ou a embalagem das salsichas, que é absolutamente inútil após seu uso original.
Mas como se trata de produtos agregados a um item de venda, esqueça-se a ecologia. Ou dane-se a ecologia, que é o que me parece o pensamento dos empresários da área.

Vamos olhar para a pérola poluidora dos rios e lixões do país:
As garrafas pet, aquelas plásticas que embalam refrigerantes, águas minerais, sucos. Sabe quantas são produzidas no mundo?
Tenho um número disponível, o que foi fabricado no Brasil em 2008: 469.700 toneladas.
Considerando que cada uma pesa perto de 25 gramas, teríamos uma produção de aproximadamente dezoito bilhões e oitocentos milhões dessas embalagens.
A mesma fonte indica a reciclagem delas no país no mesmo ano foi de sete bilhões e oitocentos milhões, o que faz sobrar na nossa Natureza algo em torno de ONZE bilhões dessas garrafas, espalhadas nos santuários ecológicos, praias, matas e por aí vai.
O que seria mais prejudicial: as sacolas ou as garrafas? Não degradam por igual? Não, a garrafa pet demora mais tempo.
A Prefeitura de Nova York obriga os vendedores a recomprar garrafa pet ou de vidro ou lata de alumínio por cinco centavos de dólar para cada.
Uma lei inteligente.
E lá os supermercados usam sacolas de papel, apontadas pelos ecobobos nacionais como uma das soluções.
Bom, nem todas as sacolas de papel são feitas de material reciclável e aí temos três crueldades:
Primeira: continua a existir a sacolinha, só que a um preço mais atraente para o dono do supermercado;
Segunda: alguma área produtiva para alimentos será destinada ao plantio de árvores para produção desse material;
Terceira: assim como a petroleira, a indústria do papel também contribui muito para a degradação ambiental, principalmente a aérea. Como muitas dessas fábricas têm dificuldades para operar em países como Estados Unidos, Canadá e da Europa, elas se instalam em países “emergentes”, ou subdesenvolvidos mesmo, que normalmente flexibilizam muito as regras anti-poluição em nome da salvação de empregos.
Diga-se de passagem, nos Estados Unidos não se recicla nem um terço das embalagens de papel ou papelão.
Para onde vai esse lixo? Prefiro não comentar.
É certo que a degradação do papel é mais rápida, mas aterro sanitário é aterro sanitário e não existe solução a curto prazo para esses terrenos em lugar algum no mundo, exceto no Brasil, onde se constroem casas populares.

Embora a sacola de papel ou papelão seja um bem renovável e o petróleo finito, que tal se aproveitássemos uma parte daqueles onze bilhões de garrafas pet para fazermos sacolinhas?

Assim, como cobertor de pobre – que ou cobre os pés ou cobre o pescoço – as alternativas para embalagens de produtos e as embalagens de seu transporte praticamente desembocam numa só solução: a reciclagem.
Desculpe, haveria uma outra solução, o chamado consumo consciente, mas, como diria a Enfermeira da Jamaica, “confiar na consciência coletiva nem em conto de fadas”.

Ao invés de se fazerem leis para proibir essas sacolas, deveriam ser feitas leis que obrigassem os prefeitos, sob pena de prisão, a mandarem coletar os recicláveis. E que fossem impostas tremendas multas aos munícipes que não cumprissem a seleção do lixo, como acontece, por exemplo, em Los Angeles, na Califórnia.

Para finalizar duas pequenas histórias que ilustram bem a visão popular sobre o assunto:
Uma diarista que trabalhava em casa há muitos anos atrás, certa feita brigou comigo porque eu pedia para colocar essas sacolinhas nos cestos dos banheiros de casa:
“Onde já se viu alguém que trabalha no Banco do Brasil ser assim pão-duro e não comprar sacos de lixo que são tão baratinhos?”

Outra história foi quando conversei com o pessoal da Prefeitura que recolhe os recicláveis às quintas-feiras na porta de casa:
- Tenho que separar esse material em sacos diferentes? - perguntei.
- Não, pode SEPARAR TUDO JUNTO que a gente leva.

Creio que essas Organizações, ao propor uma campanha, deveriam refletir um pouco mais e explorar todas as variáveis antes de se alinhar a empresários que são, no final das contas, simplesmente gananciosos.

Aceitam um cappuccino?