quinta-feira, 20 de maio de 2010

Mais um deputado que cai no meu conceito.

Recentemente recebi uma mensagem do Greenpeace fazendo um alerta sobre a votação do novo Código Florestal Brasileiro que, segundo o texto, estaria indo a Plenário sem a devida discussão com a Sociedade.
Como a nós brasileiros estamos acostumados a ver os governantes detonarem sistematicamente nossas áreas verdes, agora adoçadas com frases mentirosas que induzem as pessoas a acreditar que haverá ou houve uma compensação ambiental – veja minha crônica “Compensação ambiental uma ova!” – já sabemos que, em se tratando de respeito à Terra e seus sistemas, o Governo, se não é cego, é caolho, estrábico e míope.

Por sugestão do Greenpeace, enviei uma mensagem ao Deputado Relator Aldo Rebelo, que um dia já teve meu voto, pedindo que houvesse mais discussão a respeito do assunto, incorporando assim a real vontade da sociedade brasileira.
Devo confessar minha tempestividade nessa atitude e que me senti envergonhado de não me informar melhor sobre a matéria antes de enviar meu protesto. Afinal, como diz aquele ditado chinês, “quem fala sob forte emoção, caminha sobre seda”.

Recebi de volta uma mensagem que o deputado está despachando por atacado, com um texto que me faz pensar, com pesar que, efetivamente, são muito poucos os deputados que correspondem às minhas expectativas.
A carta inicia com uma agressão gratuita: “Recebi uma carta em seu nome produzida pela organização holandesa...”, numa sutil, ou nada sutil, sugestão que de eu não saberia tomar a atitude por iniciativa própria e, sim, seria um simples peão numa massa de manobra, para utilizar o jargão mais apropriado ao partido do nobre deputado.
E não parou por aí:
Curiosamente, para alguém que pertence ao Partido Comunista DO Brasil, o senhor Rabelo incorretamente chama de holandesa – ou seja, estrangeira - a Greenpeace, organização criada por imigrantes norte-americanos em Vancouver, no Canadá. Logo a idéia se espalhou pelo mundo e, creio eu que, rotular com a pecha de estrangeira uma organização presente em 42 países – até na Argentina! – é, no mínimo, um exercício de retórica comparado ao “como as pessoas se deixam morrer em greve de fome”.
A sede do movimento só foi transferida para a Europa porque o pessoal que fundou e coordenou a ONG era mais idealista que economista, a organização sediada acabou no vermelho, faliu. As ramificações européias saldaram a dívida canadense e transferiram a sede para a Holanda, passando a comandar suas ações de Amsterdã.

E para não dizer que só vi bobagens na carta-resposta do deputado, algumas das afirmações que ali constam realmente levam a uma necessidade de reflexão e, POR ISSO MESMO, uma grande participação social nessa discussão, evitando que só fique firmado, por exemplo, um parâmetro imposto pelo lobby ruralista do Congresso, ainda que o deputado diga que ouviu várias Entidades como o respeitado ISA, Instituto Socioambiental, “em prol do desenvolvimento nacional contra o interesse dos paises ricos”.
Confesso que quase vomito quando ouço essa frase.

Das poucas notícias que tive sobre o projeto, soube, entre outros absurdos, que se propõe reduzir para 30 metros a área de preservação de furnas, nome dado ao trecho de matas que protege a cabeceira de nascente. Se isso for verdade, com certeza teremos que conversar muito antes de se votar o novo Código.

Também gostaria de comentar que a frase “enquanto o Estado do Amazonas dispõe de 98% do seu território coberto por vegetação nativa, a Holanda do Greenpeace não chega a 0,3%, o que a ONG batava considera mais do que o suficiente” me pareceu extremamente infeliz nas duas pontas:
Nem o Amazonas é tão virgem assim, como é muito injusto avaliar um país que literalmente se autodenomina País Baixo, sede de cinco tribunais internacionais, com quase um terço de sua área e dois terços de sua população situados abaixo do nível do mar que, para crescer e incrementar seus domínios criou os seus famosos diques, por mim conhecidos desde criança quando ouvi minha mãe contar a história do garoto Peter de Spaarndam, que salvou sua terra da inundação colocando, durante toda uma noite gelada, seu dedo para tapar um vazamento num dique.

Em suma, vamos conversar senhor deputado.
Que tal começarmos tomando um cappuccino?

quarta-feira, 12 de maio de 2010

De onde menos se espera... ou o Dunga tremeu!

Nosso fabuloso humorista Apparício Torelly, o autodenominado Barão de Itararé, disse com muita propriedade que:
“De onde menos se espera, de lá não vem grande coisa mesmo”.
Nos meus 33 anos de Banco do Brasil aprendi a trabalhar com dois tipos de gerentes: alguns geniais como o Honório Rodrigues e Sylvio Pereira da Silva que criavam receitas. E a triste maioria que, para incrementar o lucro, cortavam despesas, normalmente tolhendo parte dos salários dos funcionários através do não pagamento de horas-extras, adicionais noturnos e pedindo para economizar água e luz.
A resposta dos funcionários a estes últimos quando pediam corte de despesas administrativas era sempre a mesma:
“De agora em diante vamos usar o papel higiênico dos dois lados”.

Então quando previ que o Dunga não iria convocar a alegria e criatividade para sua seleção – a sua, não a Seleção Brasileira – eu não estava agourando não; eu já sabia!
Não estava sozinho, como de resto não estou.
Veio com um papo de lobby, como se a convocação do Kleberson não fosse resultado disso. E Thiago Silva, Felipe Melo – joga dois, cumpre um – o que seria então; falta de opção?
Diga rapidamente tudo o que você sabe sobre Carlos Eduardo, um dos suplentes dos suplentes. Não seria esse gaúcho – coincidência ou lobby? – também alguém sem grande experiência? Afinal, foi convocado em três oportunidades e ficou na reserva em todas.
Não tem desculpa não; alguns técnicos jogam para frente, outros congestionam o meio campo.
O Brasil tem bons jogadores, suficientes para comporem duas ou três Seleções em condições de ser campeãs mundiais. Assim, não seria surpresa uma vitória do Brasil.
Só que não vamos ter quase opções de alterar as coisas a partir do banco.
Então, amigo Savioli, uma análise fria me diz que, se tivermos que enfrentar o México ou qualquer outra seleção com duas linhas de quatro, vamos sofrer muito e ganhar ou perder pelo acaso.

Aceitam um suquinho de maracujá?

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Essa professora doutora Mafalda Carvalho não existe

Circula mensagem na internet, como resposta dirigida à Maitê Proença, uma carta de uma possível Professora Doutora da Universidade de Coimbra chamada Mafalda Carvalho, sobre aviltantes comentários que a atriz/apresentadora brasileira teria feito sobre Portugal e portugueses.

Sem entrar no mérito do que foi dito por ambas as partes – uma que jocosamente exagerou seus comentários sobre a Santa Terrinha visando fazer troça e outra, muito mal humorada e com fortes doses de preconceitos a brasileiros – vou me ater exclusivamente à capacidade de simulação que existe na rede mundial de computadores.

Pesquisei por duas horas – sou aposentado – para descobrir qual era o Departamento que essa professora trabalhava. Tinha intenção de lhe mandar uma resposta também pouco humorada sobre mentiras que ela colocou no seu texto. Afinal, por diversas circunstâncias, conheço belezas e pobrezas do país dos nossos patrícios.

Após extenuante pesquisa sem sucesso, resolvi ligar para a Universidade.
Com toda a dificuldade que ambas as partes tiveram para entender um linguajar desconhecido para quem estivesse do outro lado da linha, consegui entender da pessoa com quem falava em que essa professora Mafalda Carvalho não existe, mas “o que lá foi dito” – na carta – “era cheio de razóes”.
Ou seja, o teor do programa e a resposta fraudulenta já era do conhecimento de boa parte da Universidade.

Então eu me pergunto: por que a pessoa que escreveu a carta simplesmente não assinou seu próprio nome e endereçou a carta adiante?
Será que essa pessoa se achava tão humildezinha que precisou forjar uma criatura para dar veracidade ao seu texto?
Seria possível uma Professora Doutora cometer tantos erros de concordância numa carta onde pretendia dar uma lição de moral?
Por que as pessoas têm tanto medo de se identificar quando querem desafiar alguém?

Muitas vezes recebi vorazes comentários neste blog. Poderia ter dado voz ao pensamento – ainda que dele discordasse. Entretanto sempre me recusei a dar vez ao anônimo. Acho que, no mínimo, a pessoa deve se dar ao respeito próprio e assumir o que escreve.

Como diria a Enfermeira da Jamaica, não é possível deixarmos um intrumento tão bom e fundamental a toda Humanidade ser usado de forma tão crápula.



Apesar desse clima todo, aceitam um cappuccino?

sábado, 8 de maio de 2010

Parabéns a todas as mães



Ela amava crianças e foi por isso que eu nasci.

Ela me conheceu como ninguém, me ajudou a descobrir o mundo e me fez perceber que, quando tentava enganá-la com minhas mentiras de garoto, eu podia ter sucesso momentâneo, mas não conseguia enganar seu coração.

Ela me ensinou a respeitar as mulheres, que via como injustiçadas pela visão machista de então, nada diferente da visão de agora.

Ela me ensinou a ler, escrever e, acima de tudo, ensinou a amar.

A minha homenagem a todas as mães é do tamanho das saudades que sinto dela.


Aceitam um cappuccino?

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Compra laranja, Doutor.

Ouvindo Elis Regina eu percebi que nossas preocupações mudaram muito nestes últimos quarenta anos;
Antigamente os guris que importunavam a classe média e alta nas feiras tentavam vender laranjas, limões e mandiocas.

Recordo uma mudança que eu presenciei com um garoto da minha rua:
Moro numa rua onde todas as casas têm a aparência simples de casas Classe Média, exceto a casa desse garoto que tinha uma aparência empobrecida pela morte prematura de seu pai no lago do Parque Toronto. A diferença de posses que ele sentiu na infância foi a eventual causa e fator para que ele tivesse sido “adotado” por um traficante. Logo começou a vestir roupas melhores, relógio no pulso e, subitamente, foi morto. A família vendeu a casa e se mudou para fugir de alguma represália ou coisa parecida; é tudo o que sei pelas conversas da vizinhança.

Imagine só que eu escrevi esse drama todo porque estou mais uma vez aborrecido com as palavras do Pelé. Sim, de novo o Pelé falou alguma coisa que vai contra o sentimento de todas as pessoas no país e deu sua opinião que a seleção brasileira não deve ter a presença de Sua Alteza Sereníssima Neymar I e do Ganso.

Várias vezes ouvi meu ídolo de infância abrir a boca e fazer comentários que vão contra o bom senso que ele tinha quando jogava futebol e parou antes que sua imagem desmoronasse. Sua imagem como jogador está mesmo intacta, mas sua imagem como homem vai sendo dilapidada a cada comentário besta ou cada atitude politicamente incorreta.

A única bola dentro que deu foi quando pediu atenção pelas crianças ao fazer o milésimo gol e foi trucidado pelo pessoal do Pasquim. Se efetivamente tivessem dado atenção para sua preocupação, talvez os garotos do morro estivessem na escola chupando laranjas e meu ex-vizinho vivo.

Mas quando excluiu o Gerson da Seleção de Todos os Tempos e colocou o Hong Myung-bo e Nagata no seu lugar, previu a Holanda como campeã mundial, entre outras bobagens, ele podia ter refletido um pouco mais ou até mesmo observar um obsequioso silêncio.

Aceitam um cappuccino?

domingo, 2 de maio de 2010

A melhor coisa que poderia acontecer com o futebol brasileiro e mundial

A maior sensação do esporte no Brasil deste ano, sem dúvida, é a alegria do futebol jogado pelo time do Santos.
Todos gostam de ver.
É lógico que cada um manter sua obrigação de torcer por seus times e é uma sorte ser torcedor do Santos por estes dias.
Pudemos acompanhar alguns grandes esquadrões nos últimos 20 anos no Brasil, como o São Paulo de Telê, o Palmeiras de Luxemburgo ou o Corinthians que aquele argentino muito feio que eu não me recordo o nome.
Entretanto, nenhum time foi mais sensacional que essa equipe de garotos que jogam futebol como moleques.
E graças aos deuses do futebol a nova diretoria do Santos colocou um técnico que, ainda que o time tenha grande vantagem, tira um beque para colocar mais um atacante e os meninos vão para cima e ampliam o marcador.
E que também botou juízo suficiente para segurarem todo um segundo tempo numa decisão como gente crescida.

É fato histórico que os suecos não ficaram tão chateados de perder a Copa para o Brasil em casa, porque o futebol daquela seleção estava encantando o mundo.
Assim como a Seleção Holandesa de 1.974 ou a Brasileira de 1.982 que eram as melhores e encantavam todas as platéias, apesar de perderem suas competições.
Essas seleções elevaram o gosto do futebol e o mundo todo passou a quere ver futebol bonito.

Para nossa desgraça, ciclicamente se vê a tendência dos técnicos - a maioria oriundos da defesa em seus tempos de atletas - optarem pelo estilo alemão do futebol de resultados.
Assim aconteceu depois que a Seleção Brasileira de 1.950 que atropelou todos os adversários e perdeu para o Uruguai.
Renovado o conceito de beleza em 1.958 e 1.962, sucumbiu em 1.966, e assim vai, pendendo a balança para futebol feio, futebol bonito.

Só fico triste pelo fato do Dunga - que conseguiu retomar um padrão de jogo à Nacional que nos faz ter muita tranqüilidade quando enfrenta os castelhanos, maiores adversários, e outros - porque os outros são só os outros mesmo – não parece inclinado a convocar sua Alteza Sereníssima Neymar I do Santos e Paulo Henrique Ganso, o gãããanso, que todos temos certeza vai fazer muita falta caso Kaká não consiga jogar.
Queria que nosso técnico, assim como Fernando Pessoa, tivesse um sonho como uma fotografia, ou Luther King, um sonho somente, e visse os meninos da Vila vazando com pedaladas a dura de cintura defesa espanhola ou francesa.
Ou tivesse a simplicidade da enciclopédia Nilton Santos que, ao ver um treino do Garrincha, pediu aos dirigentes do Botafogo: “Contrata logo porque marcar esse garoto vai ser um inferno”.

Com sinceridade, acredito muito mais em 2014 que agora, o que é uma pena. Afinal, somente o Brasil ganhou as finais de Copa do Mundo fora de seu continente e por duas vezes. Seria ótimo manter a tradição.


Aceitam um champanhe?