De repente começam a surgir críticas aos cartunistas franceses e
defesa aos assassinos, disfarçadas em análises e nuances que tentam diminuir o
peso do que foi feito.
A mensagem clara e vadia que foi mandada com os assassinatos foi uma
só: nós temos o poder do terror e a liberdade de vocês nos permite atingi-los a
hora que quisermos; então, enquadrem-se.
Qualquer outra análise neste caso é tergiversar e desconstruir o
crime.
O Chalie criticava a Igreja Católica, os Protestantes, políticos,
prostitutas, tudo, indiscriminadamente.
Vamos deixar bem claro que a função do cartunista é irritar!
Não existe sentido na charge se não for a crítica e, num país onde a
liberdade, igualdade e fraternidade é cultivada há mais de três séculos, nada
pode escapar às críticas.
É certo que vez ou outra erravam a mão, como a charge que retratava a
Ministra da Justiça francesa, uma negra, como uma macaca.
Infelizmente o irracionalismo do racismo acaba aflorando até mesmo em
pessoas que julgávamos acima dessa besteira.
É muito interessante que o cinema americano satanizou a Igreja
Católica em diversas nuances. Ali estava claro uma briga entre a indústria cinematográfica,
judia, e uma Igreja que eles desprezam. Como o país tem sua maioria
protestantes, essa crítica sempre foi absorvida e disseminada no mundo todo.
Agora que fazem a mesma coisa com o Islã, a reação é brutal; isto não
é permitido. Agora é coisa do Tio Sam contra os oprimidos. Será?
Quem ficou em silêncio esses anos todos, agora ruge.
O silêncio se deu – e dá – com as execuções sumárias e covardes de
jornalistas e cristãos, cujas cabeças são separadas do corpo em rituais de
supremo ódio.
E na hora que alguns se dizem em nome do profeta e matam covardemente
pessoas – como o policial caído no chão e com a mão levantada pedindo clemência
(policial de origem árabe, diga-se de passagem) – logo saem diversas
representações islâmicas pedindo para não confundir a religião com o terror.
Ora, esse terror está sendo feito por uma facção religiosa, que impõe a
sharia em bairros de Londres.
Por que esses religiosos não usam o microfone para pedir para os
irmãos entregarem os criminosos à Justiça?
Esse rugido é obsequiosamente esquecido.
Não vamos deixar nos enganar pela mensagem que está sendo mandada até mesmo
pelos líderes que condenam – da boca para fora – os assassinatos covardes:
“O atentado ao CHARLIE foi um atentado à liberdade de todos nós.
Liberdade de imprensa, religiosa, de ir e vir, de não ter medo”.
Não existe como amenizar esse fato.
Aceitam um cappuccino?