Há alguns anos um brasileiro, filho de um colega meu do
Banco do Brasil, abandonou sua tecelagem aqui e foi para a China produzir
ternos e roupas afins. Um negócio da China!
Deixava o país dos impostos e salários inviáveis para enfim lucrar
com seu capital.
Faria o João Amoedo morrer de inveja.
Faria o João Amoedo morrer de inveja.
Esse brasileiro exportava para seus clientes contumases no
Brasil e o terno era tão barato que as pessoas nem ligavam para a qualidade do
produto. Uma vez, o pai dele, querendo dizer que a qualidade era boa, deu uma
pequena puxada numa das mangas e ela descosturou 5, 6 pontos no ombro. Era
isso: produção em massa, baixo custo e, Graças a Deus, as melhores empresas do
ramo no Brasil sobreviveram por causa dos clientes dos Shoppings.
O mundo todo foi para a China: empresas americanas, alemãs,
japonesas, todas acharam o Eldorado do capital.
A China passou a ser, então, o que sempre foi: um país
fechado, quase um feudo, só que agora nas mãos do Partido Comunista, e partiu
para um contra-ataque feroz.
Vendia, posto no Brasil, lápis a US$0,01, custo menor que o
valor do grafite dentro dele. Resultado, fechamos a Faber Castel.
Assim a China acabou com as fábricas de lâmpadas no Brasil e
na Holanda, placas-mãe da Coréia do Sul, e sucessivamente foi derrubando
indústrias no mundo inteiro, principalmente aquelas que os europeus chama de
“sujas”. Lá é praticamente o único lugar no mundo que desmonta integralmente
computadores, para aproveitar os metais, mesmo que seja ao custo da vida do
operário, que não pode escolher onde trabalhar.
E assim passou a exportar tudo, até turista mal-educados.
Quando um dirigente europeu reclamou do comportamento dos chineses nos museus,
a China fez o que faz de melhor: mentiu. Disse que faria um programa de
educação dos seus habitantes e espalhou pelo mundo a mentira que só poderiam
viajar chineses bem-educados.
Sabe qual o critério para saber se o chinês é bem-educado ou
não?
Se salvam os que não falam mal do governo ou não criam
encrenca no trabalho por salários.
Tomou?
Poucos dias atrás o Japão falou que retirará todas as
empresas que exportou para a China. Não suportam duas coisas: a dependência
externa e os chineses, de longa data, diga-se de passagem. Sentimento mútuo.
Espero que mais países ajam assim, inclusive o Brasil que
deixou várias tecelagens em Santa Catarina fechadas enquanto importava máscaras
da China, ignorou os respiradores baratos da USP para trazer alguns que nem
funcionam por preços estratosféricos.
É a vida que segue, no meu caso, confinada.