terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Estamos fora do Oscar; Graças a Deus!!!

Acho incrível a pouca lucidez da maior parte da imprensa brasileira que persiste naquele complexo de inferioridade herdado pelos colonos "desse país" que, degredados, viam na Santa Terrinha as coisas boas e, deste lado dos mares, o inferno dos mosquitos e negros, como eram chamados os gentios, habitantes nativos do país, e também os escravos trazidos da África.
Precisamos de mais de 450 anos do marco colonatário português, precisamente 458, para perdermos o complexo de vira-latas.
Em sua crônica de 17 de julho de 1958, na Manchete Esportiva, o lúcido Nelson Rodrigues escrevia:
"O povo (brasileiro) já não se julga mais um vira-latas. Sim, amigos - o brasileiro tem de si mesmo uma nova imagem. Ele já se vê na generosa totalidade de suas imensas virtudes pessoais e humanas".
Havíamos vencido a Suécia em seu território e éramos Campeões Mundiais de Futebol.
Erámos os "melhores do mundo".
Hoje nossos telejornais, nossos jornais, nossas revistas, quase sem exceção, referem-se a coisas vindas dos Estados Unidos como "a maior do mundo", título que eles adoram se dar.
Apesar de tudo que fizeram os Beatles pelo Rock & Roll, os americanos dizem que o maior do mundo foi Elvis.
Referem-se ao Busho como o "homem mais poderoso do mundo", e ao cargo que ele ocupa com a mesma referência. Pergunto: Será que o George conseguiria que algum soldado deles se explodisse em nome da democracia americana como conseguem os aiatolás conseguem de seus seguidores? Fico imaginando ele pedindo isso a algum daqueles hispânicos que formam o exército americano. Qual seria a resposta? Fumou e tragou chefe! Ah! fumar e não tragar foi coisa do outro presidente.
São os melhores do mundo. Fazem um campeonato de beisebol entre times dos Estados Unidos (na maioria) e Canadá (dois ou três) e chamam de Campeonato Mundial!!!
Quando os judeus americanos ficaram sem espaço no Leste, foram para a Califórnia e fizeram Hollywood.
Para fazer concorrência aos celebrais filmes europeus resolveram criar um prêmio para dar a si mesmos.
Espertos!!!
Fizeram o tal do Oscar que dá prêmio para um montão de americanos e, solertes, UM prêmio para o resto do mundo.
Como posso ter respeito por esses eleitores que esnobaram Charles Chaplin, Fernanda Montenegro e todos aqueles que mais lá adiante eles premiam "pelo conjunto da obra", ou pelo conjunto de injustiças passadas.
Mas eles se intitulam "O prêmio mais importante do cinema" e nossos jornais repetem, como papagaios dotados de um cérebro sem capacidade de reflexão.
Pergunto: É mais importante porque premia aos americanos mesmos ou nós não somos capazes de discernir os vômitos que a CNN nos despeja?
De que adianta nossos jornais dispensarem tanto tempo com as eleições americanas? Não não podemos votar lá, onde a fraude eleitoral é uma realidade com a qual eles convivem.
Deveríamos mandar nossos senadores para acompanharem o processo e verificar se tudo foi feito com a devida democracia.
O cinema argentino tem produções excelentes, mas nós não vamos dar presentes para eles. Já chega o que a imprensa argentina fez nossos jornalistas de bobos na época em que aquele anão que jogavam muita bola para os argentinos era idolatrado por babacas que não conseguiam enxergar que Zico, Sócrates e Falcão, por exemplo, eram muito melhores e mais úteis dentro de campo do que ele.
Desprezamos o Festival de Berlim, que só foi manchete no Brasil quando Fernanda Montenegro e o Central do Brasil foram premiados.
Cannes é uma lembrança longínqua do qual só se extraem para nossos jornais as fotos dos peitos postiços das atrizes americanas.
Ainda bem que ficamos fora das indicações deste ano, senão teríamos que ficar acordados até de madrugada, dando audiência para os organizadores da festa dizerem que "Dois Bilhões de pessoas estariam assistindo a festa naquele momento". Depois disto ainda teríamos a tristeza de ficarmos fora da premiação, de novo, recalcando nosso espírito de vira-latas que nem mesmo o Diego Hipólito e Tiago Pereira seriam capazes de espantar.
No dia da transmissão da festa convide alguém que você ama, que você goste da companhia, e divirta-se. Coma uma pizza, tome um chope, um guaraná ou uma água com ou sem gás. Coloque seus assuntos em dia, sem se preocupar em boicotar a festa. Simplesmente faça alguma coisa por sua auto-estima. Tenha certeza, você vai se divertir muito mais.
Beijos,
Arnaldo, 22 de janeiro de 2008.

sábado, 5 de janeiro de 2008

Não devemos ficar indiferentes

Se permanecessemos indiferentes às coisas do dia a dia provavelmente ainda estaríamos, na qualidade de escravos, arrastando pedras para construirmos pirâmides para faraós. Ou você acha que seríamos tão sortudos e qualquer um de nós viria a ser o faraó?
Tenho um grande amigo, Júlio Fábio, meu maior amigo na infância, hoje morador na alegre Ribeirão Preto.
Apesar da distância eu sei que somos amigos. É algo feliz e formidável que nada consegue tirar esse sentimento do peito.
Meu amigo Júlio mandou um texto um dia desses e eu lhe pedi autorização para publicar aqui.
Ei-lo:

O assunto de hoje é que a história se repete no Brasil e nós ficamos parados como o fizeram nossos avós.
No dia 22 de Novembro de 1910, aconteceu no Rio de Janeiro a Revolta das Chibatas (os marinheiros, na sua maioria negros, se rebelaram ao fato de sofrerem castigos físicos e da qualidade da comida; nas negociações foram feitas promessas da Presidência da República e do então senador Ruy Barbosa que haveria concessão de anistia ou perdão ao fato. As promessas não se cumpriram e os marinheiros foram mandados para um hospício e banidos da Marinha do Brasil),
Em maio do passado os controladores de vôo se rebelaram com as péssimas condições de trabalho e deixaram os aviões no chão.
A imprensa e o Governo, sempre aliados, noticiaram o tempo todo que "os controladores estavam prejudicando muita gente e deixando o espaço aéreo brasileiro à mercê de quem o quisesse invadir".
A Presidência da República manifestou-se dizendo que não iria punir os culpados. Hoje sabemos que 7 dos sargentos estão respondendo a processo administrativo da Aeronáutica.
Será que iremos ficar quietos?
Será que os sargentos merecem nossa omissão como aconteceu em 1910?
Até quando não ensinaremos história do Brasil nas escolas?
Ninguém sabe o que foi a Revolta das Chibatas, não consta de nenhum livro de História do Brasil.
Em nossos livros escolares a História do Brasil acaba em o início da República. Está na hora de nos movimentarmos.
Está sim, meu amigo, está na hora de mandarmos mais um recado ao nosso governo popular.
05/janeiro/2008.