quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Justiça seja feita

Meu irmão mais velho, que por ser mais velho... deixa para lá, me deu um puxão de orelhas com relação ao meu texto de despedida do Tio Dito.
Efetivamente eu cometi um erro matamático primário: minha lista de filhos do Vovô Sabino já possuia treze nomes. Eu desconhecia a existência do Álvaro e após a mensagem do José Antonio me senti explicado na frase tantas vezes repetida pela Vó Sinhá:
“Quando morreu filho meu agradeci a Deus porque era mais um anjo no Céu e menos uma boca para meu marido sustentar”.
Espero que, além da homenagem ao Tio Dito também entendam esta correção às contas como uma homenagem também ao Tio João, Tio João Tonto, pois "in pectore" eu já o tratava assim.

Abaixo a bronca do mano Tum, cuja correspondência exponho abaixo e já explico que os nomes citados são no começo e no final da mensagem são os filhos da primeira e da segunda esposa:

"Jerônimo, Zéquinha, Osório, Natividade e Roldão, se não esqueci algum!
Mais João, bastardo, com uma deficiência na fala que hoje não seria impeditiva, mas que na época era um fator de marginalização e que por isso não estudou e sempre foi tratado como tonto. João Tonto, era como sua irmãzinha Lourdes o chamava.
Vivia com tio Otavio e era bem tratado, mas jamais alguém admitia que fosse irmão.
Quando recebemos a visita do neto do Jerônimo ficou evidente, olhando para a foto do João que papai tinha na parede, que eram da mesma estirpe.
Papai gostava dele e o tratava bem, sempre levava fumo de corda para ele, trabalharam juntos na lavoura que papai fez.
Mas escondiam a verdade das crianças; só depois que o questionei é que acabou contando que João era fruto de uma relação de Sabino com uma mulher "da vida" - sabe Deus que critérios usaram para qualificar assim a infeliz - e que nosso avô o pegou para criar. Por isso ele era tratado como uma "caridade" da família.
Dizer que eram dez, talvez onze, é perpetuar a injustiça.
Idalina, Dito, Antonio, Otavio, Luiz, Alvaro - morreu criança - José e Lourdes. Portanto, 14 filhos.
Um abraço!
TUM

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O último filho do senhor Sabino

Encerrou-se ontem uma geração: a geração dos filhos do Senhor Sabino Onça.

Foram dez - há quem sustente que foram onze - os filhos de Sabino Onça e suas duas esposas - e o Benedito Nogueira, que recusou o uso do Onça, foi o mais persistente. Viveu 102 anos.

Lamentavelmente não tenho foto dele vivo, mas tenho na lembrança sua última visita ao meu pai, já moribundo.
Entrou no quarto com lágrimas nos olhos e deu a volta na cama para ficar de frente para o irmão.
Os dois disseram a mesma frase quase ao mesmo tempo:
"-Óh! Mano!"
E o abraço de ambos foi muito superior a qualquer palavra.
Não me recordo das poucas palavras que trocaram, mas depois daquele abraço eram completamente desnecessárias.

Era apaixonado por sua mulher que já o deixara no começo dos anos 80 e vivia agora com sua filha Helena em Bragança Paulista.

Apagou sua existencia junto com a primavera deste ano.

A benção tio, espero que o reencontro aí em cima tenha sido feliz.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

A parte de cada um


Ouvindo no rádio as lamúrias de uma ouvinte que protestava contra a tradicional inépcia governamental com os habitantes da Zona Leste e os comentários do Renato insistindo para que ela participasse sim das discussões e importunasse os governantes até ser atendida, lembrei das imagens das ruas ainda alagadas, cheias de lixo flutuando, dias após a estiagem.
Certamente o lixo não foi jogado pelo Prefeito, mas também não foi recolhido pela Prefeitura.
Então me veio à lembrança um fato que ocorrera um pouco antes comigo:

Voltava da Dra. Márcia quando fui pego por um engarrafamento monstro na Rua Brás Leme, via larga da Zona Norte de São Paulo, com três pistas separadas por um belo parque mantido pela TOTVS, iniciativa privada, é lógico.

Como podia apreciar a paisagem comecei a ver as pessoas que ali caminhavam.
Foi quando surgiu uma moça, apertada na sua leg azul marinho, dando a tradicional puxada na camiseta que as mulheres com excesso de cintura costumam fazer.
Arrastava pela cordinha um cãozinho que, de repente, parou e largou um monte alegre ali na calçada por onde as pessoas caminham.
A moça seguiu adiante deixando a lembrança do seu cachorro, inanimada.
Protestei em meu nome e das crianças, idosos e cegos que não têm a mesma capacidade dessa incivilizada para evitar esses obstáculos mal cheirosos.
Em resposta ouvi alguns palavrões que há muito esquecera que existiam.

Temos mesmo que protestar contra a ausência dos nossos governantes, mas precisamos também melhorar a educação popular.

Dedicado às minhas educadas amigas Olga e Márcia, pelas saudades dos bailes na União Fraterna.

Aceitam um cappuccino?

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

A loteria necessária

Em algum momento no passado foi criado o conceito que ser pobre era necessário para o bem da alma.
Imagino que foi pensado por alguém rico que queria algum sossego por parte da população miserável que sempre compôs um sexto – ou mais – da população da Terra.
Ensinamentos de vários profetas passam por essa vertente.
Nós que fomos criados no maior país católico do mundo, ou os americanos que foram criados no maior país cristão do mundo – todo mundo tem que ser melhor ou maior que o outro – aprendemos, sectariamente, a escolher entre a vida na Terra ou a vida na Morte. Era a máxima cristã:
“É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha que um rico entrar no Reino dos Céus”.
Quando garoto essas parábolas sempre me distraíam do verdadeiro ensinamento a que se propunham. A professora de catecismo falava a citação e prosseguia no desvendar do seu sentido e eu me distraia com a imagem do focinho do camelo sendo empurrado pelo buraco da agulha.
Às vezes acho que teria sido melhor dar o recado diretamente, sem frozôs.
Somente em 1.995 meu tio e parceiro Tarcísio Leite desvendou parte do mistério desse dito: ele me explicou que o camelo do provérbio era, na verdade, aquela corda grossa que prende o navio ao cais. Assim era chamada por ser feita, na antiguidade, com pelos de camelo. Ainda me resta saber qual era a largura da corda e o tamanho da agulha de então.
Uma coisa, entretanto, aprendi: o ensinamento não especificava que rico não entraria no Reino dos Céus. Só dizia ser meio trabalhoso.
Nestes dias tenho acompanhado nos noticiários a propaganda da loteria do final de ano que vai pagar uma grana tão grande que quase dá para comprar um país.
Muitos sonhadores, ao serem questionados pelos repórteres que não sabem fazer outra pergunta senão: “O que você faria com um dinheiro desses?”, dão logo como primeira resposta:
“Ajudar pessoas necessitadas”.
Acredito que a maioria gostaria de se tornar um bom rico ou aproveitam a reportagem para aparar alguma aresta com o Divino; afinal, qualquer argumento é válido para aumentar suas chances.
Depois eles fornecem as mais divertidas opiniões, a maioria delas passando a mensagem de que, na real, na real, cairão na gandaia e o circo que pegue fogo.

Mas nós temos que aprender algo nessa parábola do prêmio de 100 milhões de Reais:
Só nos restam duas alternativas nos dias de hoje num país tão forrado de desmazelos advindos de maus governantes:
Ou se ganha na loteria e se muda para a Singapura, Suécia ou Islândia para podermos nos ver livres da corrupção,
Ou a gente tem mesmo é que tomar uma caninha e xingar o pessoal da cueca.

A Enfermeira da Jamaica, por exemplo, me diria que a chance de ganhar esse prêmio é tanta quanto à possibilidade de um camelo passar pelo fundo de uma agulha.

Então pessoal, com licença, eu vou tomar uma.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

A volta da Enfermeira da Jamaica

Pois é, novamente somos surpreendidos com parlamentares colocando dinheiro na cueca e nas meias e depois declarando – com a maior cara de pau – que o dinheiro era para financiamento de campanha e compra de panetones.

Então, quero mandar meu recado aos senhores de Brasília:
Tal qual a Enfermeira da Jamaica, os senhores podem dizer o que quiser, mas eu vou continuar achando que foi só um roubos que vocês fizeram.

Vagabundos!

Síndrome de abstinência

Um dos grandes problemas dos aposentados é preencher seu tempo com atividades para compensar o ócio deslavado a que estamos sujeitos com a parada do compromisso de “levantar, se vestir e sair para o trabalho e ficar torcendo para se aposentar”.
Entre outras coisas, procuro manter contato com os amigos – através do blog, por exemplo – e com o mundo, através de notícias, programas de rádio, filmes, teatro, livros.
Um dos meus programas favoritos era ouvir o programa do meu amigo Renato Albuquerque no final da tarde.
Entre “sapatadas” e “lixadas”, Elisinha e eu mantínhamos nossos comentários sobre notícias e variedades.
Infelizmente a emissora tirou o programa do ar e também ficou sem nossa audiência, pois para ouvirmos música preferimos nós mesmos selecioná-las.
Logicamente que eu tinha que manifestar meu desagrado com a emissora e não os poupei dos meus ácidos comentários.

Felizmente o programa voltou ao ar, com novo patrocinador. Afinal, como disse o poeta Caetano Veloso, em São Paulo “a força da grana ergue e destrói coisas belas”.
Agora, junto com o lanche das cinco (meu cappuccino e o chá da Fofinha), voltamos a ouvir notícias e a vibrar com as “sapatadas”.
Bem vindo de volta amigo Renato.

O Radar Paulista acontece mais ou menos às 17 horas no 740 AM.