sexta-feira, 13 de abril de 2012

CARTAS DO PETINATI

Os avanços da modernidade sepultam, com tijolos pesados, os caminhos tortuosos da comunicação de anos atrás, e olhe que não faz tanto tempo assim.
Minha lembrança vai até os idos de 1960, dois anos após ganharmos a Copa do Mundo e ano de inauguração de Brasília:
Televisão e o Repórter Esso eram para muito poucos.
Nossas notícias, jogos de futebol e músicas eram ouvidas pelo rádio.
As estações de Rádio – as emissoras – tinham o mesmo perfil das televisões abertas de hoje: umas mais voltadas para a música, outra para as notícias, conselhos, até mesmo a reprodução fantasiosa de crimes que eram manchetes de jornais da imprensa então denominada de “marron”, por publicarem baixarias e fotos de mulheres semi-nuas.

Havia também apresentadores que, na prática, exerciam o papel dos atuais “ancoras” da TV: liam e comentavam “as manchetes do dia”.
Um deles, Kalil Filho, numa entrevista chegou a brincar: “as giletes do dia”, pois o ritual era somente recortar dos jornais os títulos que seriam lidos e comentados.
Jornais eram importantes então, bem diferente de hoje quando somente requentam o que se vê na internet e na TV.

Um dia vou falar do divertido Vicente Leporace, mas não hoje.

Nessa época o carteiro não chegava até minha casa.
O limite de entrega de cartas era o então “Caminho Chora Menino”, que começava lá em Chácara dos Padres e desembocava no Cemitério que até hoje tem esse nome poético: Chora Menino.
São muitas as versões para o antigo nome do bairro e meu ex-professor de Português - Sr. Wilson, do Colégio Consolata, por ter sido nascido e crescido no bairro, dizia que nenhuma delas era confiável. Mas o nome sempre foi bonito:
Chora Menino.

Aos poucos o pedantismo do pessoal da Pedro Luiz, Aluizio de Azevedo e da nova denominação do Caminho, Alameda Afonso Schmidt, vencidos pela especulação imobiliária, resolveu incorporar o nome da Santa, Doutora da Igreja, a todas os endereços da região e, quando finalmente os Correios começaram a levar correspondências em casa, já em 1970, o bairro deixou de ser o “Chora” e passou a ser Santa Terezinha.

Um ano antes eu havia arrumado uma namorada em Ribeirão Preto.
Tipo namorada como se diria hoje em dia.
Nosso namoro era pautado em encontros fortuitos no Colégio Coração de Jesus, beijos bem roubados, e cartas enormes remetidas à casa da minha tia Maria das Graças, na Rua Alfredo Pujol .
A correspondência que recebia era tamanha que minha tia ficou brava comigo porque ter que dar uma gorjeta para o carteiro que antes só esporadicamente deixava algo por lá.
Minha ansiedade por novas notícias passa por diversas fases:
um dia para a carta ser escrita e postada,
outro para ser enviada para São Paulo,
mais dois ou três para chegar à casa da tia
e mais alguns dias para ser ter notícias que devia passar por lá.

A música cantada por Izaurinha Garcia, “quando o carteiro chegou” era minha realidade: angústia, tristeza, alegria, saudades sepultadas.

A propósito, o namoro não deu certo.

Uma das correspondências mais comuns da época eram os cartões-postais, que afortunados amigos e parentes mandavam, fosse de Santos, fosse de Nova York que, em 1958 era alcançada por uma viagem que durou, para um vizinho, 73 horas.
Voos nonstop, nem pensar.

Postais e selos eram disputados por colecionadores, mais até que maços de cigarros vazios.

Mais ou menos na mesma época, 1970, conseguimos – finalmente – um telefone.
Sim o nome era somente telefone.
Nome e sobrenome, telefone fixo, é coisa muito recente.
Nosso aparelho já era da cor cinza, moderno, mas ainda era discado.
Dedo enfiado no vazio do número e girado para a direita até onde fosse possível.

Quem poderia dizer, naqueles idos, que o mundo estaria ao alcance de nossos computadores em frações de segundo?

Voando no tempo, hoje minhas cartas, que aguardo com ansiedade, são as mensagens escritas por meu amigo Vicente Petinati.
Ele me manda, sem freqüência específica, uma mensagem com um resumo de um capítulo de um livro que está lendo, que narra à trajetória de Hans Baur, piloto de confiança de Hitler.

Capítulo por capítulo, de mensagem em mensagem, me intero de novidades e relembro de fatos que estudei, revejo como a Guerra é uma insanidade ao alcance das mãos de poderosos ou idiotas.

A felicidade, porém, está na expectativa de uma nova carta, nova mensagem. Que conterá?

Até lá, sento e tomo meu cappuccino.
Servidos?

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Fotos em Ovos de Páscoa - Para registro histórico

Em 1997 fiz para o pessoal de minha família um calendário onde substituía a data por uma foto, exatamente como hoje propõe o Facebook para seus assinantes.
Cheguei a mostrar esse calendário para várias pessoas e, de uma forma ou outra, alguns amigos disseram que usariam a idéia.

Pois é, a gente nunca pensa em direitos autorais numa hora dessas e, cá para nós, neste caso seria uma grande bobagem.
A criação, por si só, foi muito simples.

Agora lá vou eu de novo com minha criatividade e pensei numa situação diferente, não usual, para a páscoa.
Cansado de ser roubado por fabricante de ovos, que cobram pelo menos cinco vezes mais pelos ovos que pelas barras de chocolate com o mesmo peso, comprei algumas barras de um ou dois quilos de sabores diversos, ao leite, meio-amargo, algumas essências e, com a estrita cumplicidade da Elisa, que foi atrás das embalagens e contribuiu com a escolha e formato da foto, planejei alguns ovos de páscoa, todos bem recheados e com casca grossa, substancial, e mãos a obra.


Água quente, refratário em banho-maria, chocolate picado e derretido, enformado, gelado e desenformado, lá fomos nós, colocando recheio, embalando e,



toque pessoal,

colocamos a foto de quem ganhará o presente dentro do celofane.


Podem ficar tranquilos, não processarei ninguém caso copiem minha idéia, mas fica aqui o registro histórico.

A propósito, um dos recheios é chocolate gosto cappuccino.


Aceitam?