quinta-feira, 26 de junho de 2008

Educar ou não educar, eis a questão.

Acredito que boa parte das pessoas que passa dos quarenta anos de idade tenha o hábito de se referir a tempos passados como “Bons Tempos”.
Eu até já comentei que meus bons tempos também incluem meu dia a dia; estou feliz, vivi meu ontem, estou vivendo hoje e tenho a enorme perspectiva de viver alegremente o amanhã.
Algumas coisas, entretanto, acredito que estou perdendo com o passar do tempo; uma delas é a minha crença que a maioria das pessoas continuarão bem educadas. Tenho certeza absoluta que em breve tempo não teremos mais ninguém educado com menos de trinta anos.
Vejo isso, por exemplo, quando saio com o pensamento em relaxar e viver um momento de alegria num restaurante, centro de compras ou mesmo um desses enormes supermercados. Normalmente quando entro nesses ambientes eu sempre vejo como fui cruel na educação de minhas filhas: elas nunca deram um escândalo em público, jamais fizeram birra, choraram alto com manha ou sem manha, nunca deram um pontapé em mim ou minha mulher. Aquele lance do olhar, saca? Como faziam nossos pais? Certamente quem tem mais de quarenta sabe do que eu estou falando.
Eu ouvi uma moça falando para seu filho de aproximadamente três ou quatro anos que berrava a plenos pulmões no Eldorado: “Rodrigo Henrique, você não está sendo racional!”
Para um garoto!!
Será que ele reclamava a altos brados ter sido batizado por Rodrigo Henrique?
Não vejo mais os pais repreenderem seus filhos como crianças!
Quando repreendem...
E quando eles deixam seus filhos para tomarmos conta deles na praia, na piscina do clube, no parque, nas festas?
Reencontramos amigos para um bate papo e aquela criança para a qual num instante qualquer de muita infelicidade demos um pingo de atenção fica nos puxando a calça ou vestido gritando a plenos pulmões: Tio! Tio! Tiaaa! E o pai ou a mãe continuam conversando conosco como se aquela criança não estivesse ali. Depois reclamam que o traficante foi mais atencioso com a criança que ele com aquela frase: “Não sei onde eu errei”.
Eu já propus ao Extra supermercados próximo de casa para que colocasse alguém com uma escopeta junto da banca de frutas e, tão logo alguém mordesse um pêssego e largasse o caroço sobre os demais que essa pessoa fosse abatida a tiros. Acharam minha solução radical, tão radical como minha proposta de guincharem os carros que estacionam irregularmente nas vagas para deficientes físicos ou portadores de necessidades especiais e largarem o carro em Jundiaí. Acho que se o camarada não encontrasse o carro dele onde ele deixou “só um minutinho” ou “por ter vaga demais para deficientes” como já ouvi um cretino dizer num telejornal nacional, que essas pessoas procurariam entender a dificuldade de um portador de necessidades especiais tem.
Não vamos nos reportar aos nossos políticos flagrados com a mão na massa que dizem: “Eeeu, eu não, nunca fiz isso ou soube de quem estivesse fazendo. Não sei de nada”.
Ou da célebre frase do presidente Lula: “A Namíbia nem parece um pais africano; limpo...”
Vou para o esporte, especificamente o tênis que aprendi a torcer vendo o Brasil jogar na Davis.
Naqueles tempos – olha eu aí citando a frase – não se aplaudia o erro do jogador, somente o ponto que era bem jogado.
Hoje vejo jogadoras que, além daqueles gritinhos irritantes e, sinceramente, desnecessários, costumam fechar a mão e de punho cerrado comemoram o erro da adversária, muitas vezes olhando nos olhos dela, principalmente se do outro lado da quadra estiver uma das irmãs Willians. E não tentem me convencer que aquela russinha não é racista que vocês não conseguirão.
Já aquele espanhol que arruma a cueca a cada ponto faz diferente: olhar escondido no cenho, ele dispara mesmo alguns palavrões em sua língua nativa.
Vou confidenciar uma coisa, embora eu saiba que você já sabe: educar os filhos faz com que eles consigam sobreviver; eles não morrem não. Acredito até que se tornam pessoas mais felizes, mais prontas para enfrentar aquilo que o pai ou a mãe não faz conta, mas o mundo faz.
Por falar nisso, já beijou sua criança hoje. Vou fazer isso.
Aceitam um cappuccino?