quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Jubileu de coral do Coral da AABB São Paulo


Há cada cinco anos somos brindados com a alegria de uma apresentação de gala do CORAL da AABB SP, em comemoração de mais um Jubileu.



Este ano, como se pode ver pelas quatro primeiras fotos, os
ensaios foram intensivos.
 O Maestro e os músicos passando o pente fino nos menores detalhes.


  









Depois ainda tivemos os ensaios no palco, no qual se destaca a presença da nossa querida Manoela, ainda hospedada na barriga da Paulinha e a Elza, com um grande lenço branco na esquerda da foto, cantando o solo da Cantilena, Bachianas nº 5.

 








Enquanto o pessoal ensaiava, a Curadora do acervo - Carminha - verificava se todos os detalhes estavam seguindo o figurino programado para a festa.
 


Antes da grande apresentação, meus momentos de pânico: de repente aquele frio na barriga, boca seca, texto que parece querer nos engasgar a cada frase, até mesmo a cada sílaba, mas que a respiração pausada,  o domínio sobre o medo, e uma boa dose de cachaça, nos impele a apresentar com orgulho a pérola de nossa AABB.
Senhoras e senhores, mais uma vez, ao longo de 20 anos, tenho alegria de ser o Mestre de Cerimônias de uma festa do Jubileu de nosso Coral.

 
Nosso querido maestro Umberto Urban dá o tom e a alegria se estampa nos lábios, nos olhos e na música que invade nossos ouvidos.
Graças a Deus, tudo corre melhor que nos ensaios.

Ouvimos clássicos, negro espiritual, música brasileira, erudita.
A Gruta da Sununga fez homenagem ao abebeano Mauro Damotta.
Doze músicas, doze aplausos intensos.
Para minha alegria pessoal, o bis foi:
 "Se todos fossem iguais a você".
Pude ouvir do palco, privilegiado, e olhar nos olhos da minha amada, sem pestanejar. 

Nosso maestro agradece aos coralistas, os presentes, os que já se foram, e aqueles que ajudaram a compor a história de Coral desde 1977, com registros dos os acontecimentos com fotos, vídeos e postagens nas redes mundiais. Foi um instante especial para nosso querido Adolfo Stein.

E  minha fofinha e eu fomos somente sorrisos.
Nossos agradecimentos aos coralistas por mais esta alegria.

Aceitam um cappuccino?

domingo, 9 de setembro de 2012

Clerodendron fragans vent, ou Clerodendro Perfumado


Na minha querida AABB tem um CLERODENDRON FRAGNAS VENT, Clerodendro Perfumado, que todo ano dá um espetáculo na reprodução de flores.
 Começa em julho como na foto à esquerda, meio tímido, e aos poucos vai se desinibindo.

   
No final de julho já está carregado com seus cachos, ganhando cores de experiência.


 

Nos meses de agosto e setembro parece que explodiu por dentro e fez vasar um branco que não se sabe se é neve, se é flor, só se consegue ver beleza e exuberância;
 

A primeira foto, lá em cima foi tirada em 25 de junho de 2011 e as demais, em sequência, 9, 23 e 30 de julho, 6, 13, 18 e 20 de agosto, terminando nesta gloriosa foto de 16 de setembro de 2011.

Depois de reinar sobre o Jardim Japonês por um trimestre, ainda nos brinda com uma coloração avermelhada de suas sementes, prontas para procriar:
É quase como uma negação de não se mostrar belo.


Este ano fez sua rotina, de novo,  e no ano que vem tornará a ser rei nos meses que antecedem a primavera.


Sentados nos bancos à sua frente estarão pessoas contemplando o jardim, as carpas, os netos, a sombra e, certamente, sua beleza.
Entre seus admiradores, meu amigo Torres, parada obrigatória para colocar a prosa em dia.


Aceitam um cappuccino?


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Crônica Premiada

O Perdão
Mais uma vez a tristeza se tornava presente em sua vida por mais um desvio de conduta do marido Oswaldo: fora mandado embora do emprego suspeito de desfalque no caixa da firma.

Ela, Maria, não entendia; afinal, em casa não havia aportado dinheiro algum; como ele pudera ter roubado alguma coisa?

Ele, por sua vez, se fechava em copas e só insistia que era perseguição pessoal.

Não havia tempo para curtir o desapontamento, as contas continuavam a cair com a frequência de um trem britânico. Com algum esforço, ela conseguiu que seu chefe entendesse a necessidade de fazer horas-extras e com mais esforço ainda fez com que ele entendesse que isso não era motivo para dar em cima dela.

“- Sua mulher acabou de ligar; simpática ela, tivemos uma conversa amiga.” - era um dos artifícios para lembrá-lo de que ela estava atenta e ele parasse com gracinhas.

Numa determinada ocasião ele elogiou seu vestido – acaso um ligeiramente decotado – recebeu como resposta a frase: “- Sabe Seu Nelson, eu não sei lidar muito bem com esse tipo de elogio”.

Em casa, seu consagrado marido sempre era encontrado dormindo no sofá somente de cuecas, dia após dia. Não lavava a louça, não fazia comida, não passava um pano no chão, porque isso o deprimia. Jurava que havia saído para procurar algum emprego. Todavia, a barba por fazer indicava que ele estava mentindo.

Por sua vez, ela chorava baixinho pelos cantos aonde ninguém pudesse ver, pois não queria dar o braço a torcer. Não dizia blasfêmias e só tinha em Deus o apoio que precisava.

Um determinado dia ouviu uma colega fofocar com outra que seu Oswaldo era um desajustado e vivia às custas dela. Ainda sob impacto daquela frase mal dita ouviu da outra que “com um marido assim bonitão eu também dava casa, comida, roupa lavada e beijinho na boca, sem reclamar”.

Foi numa terça-feira de maio que seu mundo praticamente desabou. Ouviu do chefe que o setor passava por reformulações e que ela deveria procurar a Seção de Pessoal. Lá receberia ajuda para conseguir emprego em outra firma: “- Nós consideramos bastante você e seu trabalho e lhe ajudaremos com o que for possível” - ouviu do patrão que, certamente, colocara naquela demissão toda a raiva por sua rejeição.

Chegou em casa com o rosto enrugado de tantas lágrimas e, para sua surpresa, encontrou o marido com uma mulher, fazendo amor no seu sofá cujas prestações ainda não acabara de pagar.

Aos gritos atirou tudo que estava à mão nos dois e como resposta levou uma surra dele, para “se colocar no seu lugar”.

Junto com os cacos dos sentimentos, juntou uma pequena mala de roupa e foi para a casa da irmã, único porto seguro que achou que lhe restava. Entretanto, logo percebeu que não aguentaria ouvir todas aquelas frases como “eu te avisei que ele não prestava” e imaginou que sua vida havia aportado no inferno.

Os dias que se passaram foram dedicados a arrumar um novo emprego e as propostas não eram lá grande coisa.

Do marido recebeu diversos telefonemas e pedidos de perdão.

Voltou para sua casa, mas manteve distancia do bruto, dormindo em quarto separado e trancado a chave.

No dia em que finalmente saiu da empresa, um mês depois da “tarde terrível”, encontrou com um velho amigo de escola e este lhe falou que ia para o Paraná trabalhar numa montadora de carros que ali se estabelecera.

Ele também recordou que ela sabia francês e sugeriu que fosse lá tentar alguma coisa.

Nem titubeou; pegou o ônibus e enfrentou as entrevistas. Foi a melhor decisão que tomara, conseguiu o emprego, ganhando mais e com melhores condições do que o anterior.

Ao retornar para casa tomou outra surra “para aprender que devia satisfações ao marido”.

Foi para no hospital e no dia seguinte recebeu a visita do Oswaldo, com direito a flores e mais pedidos de perdão.

Ao ter alta ligou para o novo emprego, relatou que estivera hospitalizada e perguntou se a vaga ainda era sua. A resposta foi positiva.

Certificou-se que o marido não estava em casa e lá chegando, pôs tudo o que conseguiu em duas malas e partiu.

Quando o Oswaldo chegou em casa à tarde encontrou um bilhete perfumado e escrito com letra cursiva, bem caprichada:

Eu te perdoo.

domingo, 15 de julho de 2012

NADA MUDA, NUNCA


Tenho um conceito na minha cabeça que vivemos numa sociedade e que não existe um ser messiânico que possa conduzir o povo ao limbo por si só.

Também não concordo em pinçar uma única pessoa e dizer que “este foi o melhor piloto de todos os tempos”, o "melhor mecânico", o "melhor presidente", seja lá o que for.

Como toda regra tem exceção, admito que o Pelé foi muito melhor que qualquer outro jogador de futebol que eu vi jogar, faço questão de grifar.
Na minha preguiça de sábado à noite, trocava os canais da TV procurando, “pelo amor de Deus”, uma comédia que me distraísse.

Parei, só Deus sabe porquê, no programa “o maior Brasileiro de todos os tempos” e fiquei alternando com o jogo do Brasil e Colômbia no futebol feminino.

Alternei porque não agüentei nem os classificados que alternavam o Céu e o Inferno, nem o jogo morno.
Num dado momento Carlos Nascimento entrevistou duas senhoras na platéia e uma deu opinião que o maior brasileiro foi o Padre Marcelo Rossi.
Que susto!

A outra o Luan Santana.
Cai da poltrona.
Respeitando os dois citados, que merecem os parabéns pelo destaque que conseguiram na vida, comecei a analisar o resultado da pesquisa do SBT e traçar paralelos com o nosso mundinho, nosso Brasilzinho, nosso Brasilmundinho e comecei a entender o sentido da vida, mesmo sem ter chegado ao alto da montanha sagrada.
Foi interessante notar que nomes como Vital Brazil (98º), Jorge Amado (93º), Marcos Pontes (77º), Marechal Rondon (70º), Carlos Chagas (66º), Zumbi dos Palmares (53º), Visconde de Mauá (45º) e Machado de Assis (41º) permearam dente outros como Cazuza (88º), Amado Batista (86º), Michel Teló (72º), Dedé do Vasco (63º), e os citados, padre Rossi (60 º) e Luan Santana (42º).
Alguns nomes só podem ser enquadrados na categoria Cacareco, como por exemplo, o Maluco Beleza Raul Seixas (46º) ou o nobre deputado Tiririca (48º), que deixou para trás Leonel Brizola (47º) e Carlos Drummond de Andrade (52º).

Só mesmo a exposição televisiva explica a presença evangélica do Missionário R$R$ Rodrigues (54º), Claudia Leite(75ª) ou Datena (81º).

Datena!!!
Aí eu me perguntei:
Será que é por isso que temos tão pouca opção na hora de votar?
Essa é a razão de sermos flagelados cotidianamente com tantos disparates, roubos, indecências?

Então meus prezados amigos (incluídos aqueles do FACEBOOK de tantos conceitos):
Na minha modesta opinião, deveríamos fazer uma Moção Popular e submeter ao Congresso Nacional uma lei que mande colocar em todos os portos, aeroportos, fronteiras do Brasil uma placa com os dizeres dantescos:

Lasciate ogni speranza, voi ch’intrate”.

Nem precisa colocar em Português, acho que pouquíssimos vão entender o que significa.

Aceitam um cappuccino?

quinta-feira, 14 de junho de 2012



Noite de 2 de outubro e minha caçula chega em casa com um bolo de pelos de pouco mais de um palmo, tão pouco que cabia numa caixa de tênis.
Tremia muito – mais tarde aprenderíamos o que era sinomose – e chorou a noite inteira do lado de fora de casa, junto a uma garrafa de água morna e uma escova de pelo que até então limpava os móveis de casa.

Iria ficar em casa só aquela noite, mas...

Logo ganhou desenvoltura e aprendeu e nos ensinou muita coisa.
Por exemplo:
ensinou que almoçaria e jantaria ao mesmo tempo que nós, uns na mesa, outra no tapete colocado ao lado da mesa da cozinha.

Sim, no tapete; era uma dama, não comia nada pousado diretamente no chão.

Aprendeu também a sair correndo para a escada da edícula sempre que eu perguntava “Quem foi?”, entendendo que havia sujado em lugar que não devia.

Geniosa, adorava passear de carro e, quando saíamos e não a levávamos, era comum encontrar um montinho mal cheiroso mais ou menos aonde iria colocar o pé assim que descesse do carro.

Era só alguém pegar a coleira e seus latidos de alegria acordavam a vizinhança.

Também aprendeu uma graça que, modestamente, ensinei: dar a patinha.

Esse gesto era a alegria de todos, particularmente das amigas das minhas filhas que viviam estendendo a mão e pedindo para que pousasse sua pata.

Em seguida ganhava carinhos e risadas.


Aos poucos foi avançado os limites que sempre impus de ficar sempre fora de casa: ganhou uma caminha na sala, outra na porta de entrada, do lado de fora. Era necessário ser cuidadoso ao abrir a porta, pois ela passava feito uma bala de fuzil e deitava no seu domínio dentro da casa.

Depois nos seguia até a cozinha e escolhia a ordem dos petiscos: primeiro o de couro de vaca, depois o de carne e por último o biscoito para tirar tártaros.

Nos últimos anos o coração mole de minha mulher já me mandava aceitar que ela dormisse dentro de casa quando lá fora estivesse frio.

Aprendi muito com essa coisinha intuitiva que não podia ver alguém chorar ou com dor que logo se postava ao lado e encostava sua cabeça na perna, a guisa de apoio.



Tenho que agradecer muito minhas filhas, particularmente a Fernanda. Eu já havia enterrado uma companheira de muitos anos e não queria repetir a experiência.

Mas, ainda que não pareça, sou coração mole e também ensinei minhas pequenas que é necessário enfrentar ordens e regulamentos estúpidos.

São não tivessem sido rebeldes um dia, eu não teria vivido a alegria que vivi com nossa Oncinha.


Agora, após essa “uma noite só” que durou mais de treze anos, ela partiu.

Foi a única tristeza que nos deu .

Repousa junto ao manacá que, generoso, haverá de salpicar suas pétalas roxas e brancas sobre o pedaço de chão que será dela pelo tempo que tiver que ser.



Encontre seu caminho, querida.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Dia das Mães - Como é difícil ser mulher



Pois é, estou mesmo muito preguiçoso para escrever e as notícias que temos hoje em dia me desanimam ainda mais.
Quer ver uma:
“Vôlei feminino classifica-se para Londres em torneio que tem gordinha e musa colombiana”.
Aqui caberia um palavrão.

Nossas meninas entraram em quadra com mais da metade do time cheio de esparadrapos, lutando contra dores, Dia das Mães longe de casa, pequeno interesse público, tudo por um ideal de chegar novamente às Olimpíadas.
E aí o que a mídia põe no ar?
Que a levantadora uruguaia, amadora e muito idealista, estava acima do peso.
Será que esse bolha que fez a reportagem pensou nos sacrifícios que essa moça fez para estar no interior de São Paulo, defendendo seu país numa missão mais difícil que a do Cavaleiro da Triste Figura?
Esse time, com a gorduchinha e uma veterinária e uma babá – provavelmente universitária, pois Universidade não é bicho papão no Uruguai – sabia de antemão que não teria a menor chance contra as peruanas e colombianas, quanto mais contra as brasileiras, e veio para a disputa. Não havia espaço para a vaidade nessas circunstâncias.

Da mesma forma a levantadora reserva da Colômbia – alçada ao discutível título de musa – foi badalada aos montes por um bando de patetas que ficaram babando, com os hormônios vencendo ao profissionalismo e, cá para nós, nem era tão bonita assim.
Invadiram o Facebook da moça!

Daí vem a questão:
Uma vez que as mulheres ocupam cada vez mais as mesas de jornais, rádios e tevês, por que não existe essa preocupação em eleger um muso entre os jogadores de vôlei, não fazem enquetes sobre as melhores pernas dos jogadores de futebol, sobre qual lutador de box tem o suor mais forte?

Será que a preocupação com o trânsito, filhos, comida, segunda, terceira e quarta jornada, impede a libido feminina?

Definitivamente não é fácil ser mulher:

Além de trabalhar melhor, ganhar menos, por comida quente na mesa, ainda tem que ser musa, baita musa, para competir com as musas dos times de futebol, das equipes de judô, vôlei, natação, meu Deus, é muita competição!

Dedicada a minha musa, que além de bela, é simplesmente ela mesma.

Será que ela toma um cappuccino comigo agora?

terça-feira, 1 de maio de 2012

Sem perdão ao passado

Lembro cristalinamente um ensinamento do meu querido Padre Arnaldo, que tanto ajudou a formar o caráter da minha turma da Igreja de Santa Terezinha, que me acompanha desde então:
"A pessoa só é criminosa até pagar a pena. Depois disso, volta a ser uma pessoa comum."
Verdade?
Não, o perdão só vem se acompanhado de acessórios:
Se, por exemplo, você for um cantor de pagode e traficar armas e fizer rolar muita droga em suas festas, você só vai pagar parcialmente sua pena e pode até cantar no Programa da Xuxa que será adulado por muita gente.
Mas aquele garoto pobre, negro e órfão que morava na minha rua, após ser adotado por um traficante, só encontrou seu perdão com quatro tiros no rosto. No rosto.

É um dos mistérios que não consigo entender:
quando uma pessoa precisa de ajuda e dá sinais disso, parece que todos os que convivem em derredor se voltam contra ela e, se tentar tirar a cabeça para fora d'água, encontra um pé fazendo força para que se afogue.
E olha que não são só os colegas de trabalho - interessados em ganhar mais - que fazem isso: amigos fazem, filhos fazem, cunhados fazem e como fazem.
Isto deve ser o princípio de muitas depressões.

A vida proporciona possibilidades de mudanças e nosso pai, que foi aquele carrasco na nossa juventude, com o passar do tempo e das trombadas que a vida nos dá, passa a ser o amigo que esquecemos que era.
Afinal, meu pai errou na minha educação, o meu avô errou na educação do meu pai, meu bisavô errou na educação do meu avô. Minhas filhas errarão na educação da sua prole.
Quem foi severo, deveria ter sido brando, quem foi liberal deveria ser severo, assim por diante.

Talvez nossa intolerância seja fruto da intimidade; nossos amigos e familiares estão próximos e é muito fácil se dar um tapa no irmão ou na mãe que no chefe; os primeiros podem relegar, o último, jamais.

Sinceramente acho que nem sempre fui de fácil convívio, apesar de nas minhas avaliações no trabalho sempre constar a expressão "lhano no trato".
Ser dramático ou fantasioso foram dotes atávicos e só eu e minha analista sabemos quanto lutei para me livrar disso.
Hoje minhas reflexões muitas vezes me tiram o sono.

Então, quanto a mim, peço que analisem se já não cumpri minha pena, se já não livrei minha esteira cármica e, por favor, aceitem o convite para um cappuccino.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

CARTAS DO PETINATI

Os avanços da modernidade sepultam, com tijolos pesados, os caminhos tortuosos da comunicação de anos atrás, e olhe que não faz tanto tempo assim.
Minha lembrança vai até os idos de 1960, dois anos após ganharmos a Copa do Mundo e ano de inauguração de Brasília:
Televisão e o Repórter Esso eram para muito poucos.
Nossas notícias, jogos de futebol e músicas eram ouvidas pelo rádio.
As estações de Rádio – as emissoras – tinham o mesmo perfil das televisões abertas de hoje: umas mais voltadas para a música, outra para as notícias, conselhos, até mesmo a reprodução fantasiosa de crimes que eram manchetes de jornais da imprensa então denominada de “marron”, por publicarem baixarias e fotos de mulheres semi-nuas.

Havia também apresentadores que, na prática, exerciam o papel dos atuais “ancoras” da TV: liam e comentavam “as manchetes do dia”.
Um deles, Kalil Filho, numa entrevista chegou a brincar: “as giletes do dia”, pois o ritual era somente recortar dos jornais os títulos que seriam lidos e comentados.
Jornais eram importantes então, bem diferente de hoje quando somente requentam o que se vê na internet e na TV.

Um dia vou falar do divertido Vicente Leporace, mas não hoje.

Nessa época o carteiro não chegava até minha casa.
O limite de entrega de cartas era o então “Caminho Chora Menino”, que começava lá em Chácara dos Padres e desembocava no Cemitério que até hoje tem esse nome poético: Chora Menino.
São muitas as versões para o antigo nome do bairro e meu ex-professor de Português - Sr. Wilson, do Colégio Consolata, por ter sido nascido e crescido no bairro, dizia que nenhuma delas era confiável. Mas o nome sempre foi bonito:
Chora Menino.

Aos poucos o pedantismo do pessoal da Pedro Luiz, Aluizio de Azevedo e da nova denominação do Caminho, Alameda Afonso Schmidt, vencidos pela especulação imobiliária, resolveu incorporar o nome da Santa, Doutora da Igreja, a todas os endereços da região e, quando finalmente os Correios começaram a levar correspondências em casa, já em 1970, o bairro deixou de ser o “Chora” e passou a ser Santa Terezinha.

Um ano antes eu havia arrumado uma namorada em Ribeirão Preto.
Tipo namorada como se diria hoje em dia.
Nosso namoro era pautado em encontros fortuitos no Colégio Coração de Jesus, beijos bem roubados, e cartas enormes remetidas à casa da minha tia Maria das Graças, na Rua Alfredo Pujol .
A correspondência que recebia era tamanha que minha tia ficou brava comigo porque ter que dar uma gorjeta para o carteiro que antes só esporadicamente deixava algo por lá.
Minha ansiedade por novas notícias passa por diversas fases:
um dia para a carta ser escrita e postada,
outro para ser enviada para São Paulo,
mais dois ou três para chegar à casa da tia
e mais alguns dias para ser ter notícias que devia passar por lá.

A música cantada por Izaurinha Garcia, “quando o carteiro chegou” era minha realidade: angústia, tristeza, alegria, saudades sepultadas.

A propósito, o namoro não deu certo.

Uma das correspondências mais comuns da época eram os cartões-postais, que afortunados amigos e parentes mandavam, fosse de Santos, fosse de Nova York que, em 1958 era alcançada por uma viagem que durou, para um vizinho, 73 horas.
Voos nonstop, nem pensar.

Postais e selos eram disputados por colecionadores, mais até que maços de cigarros vazios.

Mais ou menos na mesma época, 1970, conseguimos – finalmente – um telefone.
Sim o nome era somente telefone.
Nome e sobrenome, telefone fixo, é coisa muito recente.
Nosso aparelho já era da cor cinza, moderno, mas ainda era discado.
Dedo enfiado no vazio do número e girado para a direita até onde fosse possível.

Quem poderia dizer, naqueles idos, que o mundo estaria ao alcance de nossos computadores em frações de segundo?

Voando no tempo, hoje minhas cartas, que aguardo com ansiedade, são as mensagens escritas por meu amigo Vicente Petinati.
Ele me manda, sem freqüência específica, uma mensagem com um resumo de um capítulo de um livro que está lendo, que narra à trajetória de Hans Baur, piloto de confiança de Hitler.

Capítulo por capítulo, de mensagem em mensagem, me intero de novidades e relembro de fatos que estudei, revejo como a Guerra é uma insanidade ao alcance das mãos de poderosos ou idiotas.

A felicidade, porém, está na expectativa de uma nova carta, nova mensagem. Que conterá?

Até lá, sento e tomo meu cappuccino.
Servidos?

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Fotos em Ovos de Páscoa - Para registro histórico

Em 1997 fiz para o pessoal de minha família um calendário onde substituía a data por uma foto, exatamente como hoje propõe o Facebook para seus assinantes.
Cheguei a mostrar esse calendário para várias pessoas e, de uma forma ou outra, alguns amigos disseram que usariam a idéia.

Pois é, a gente nunca pensa em direitos autorais numa hora dessas e, cá para nós, neste caso seria uma grande bobagem.
A criação, por si só, foi muito simples.

Agora lá vou eu de novo com minha criatividade e pensei numa situação diferente, não usual, para a páscoa.
Cansado de ser roubado por fabricante de ovos, que cobram pelo menos cinco vezes mais pelos ovos que pelas barras de chocolate com o mesmo peso, comprei algumas barras de um ou dois quilos de sabores diversos, ao leite, meio-amargo, algumas essências e, com a estrita cumplicidade da Elisa, que foi atrás das embalagens e contribuiu com a escolha e formato da foto, planejei alguns ovos de páscoa, todos bem recheados e com casca grossa, substancial, e mãos a obra.


Água quente, refratário em banho-maria, chocolate picado e derretido, enformado, gelado e desenformado, lá fomos nós, colocando recheio, embalando e,



toque pessoal,

colocamos a foto de quem ganhará o presente dentro do celofane.


Podem ficar tranquilos, não processarei ninguém caso copiem minha idéia, mas fica aqui o registro histórico.

A propósito, um dos recheios é chocolate gosto cappuccino.


Aceitam?

sexta-feira, 30 de março de 2012

RESPONSABILIDADE DO IRRESPONSÁVEL

Basicamente todas as pessoas que conheço têm uma cama confortável.
Alguns têm lençóis mais caros, fios árabes, outros são de linho, mas todos, com certeza, limpos e confiáveis.
Quando dormem com cobertores, todos querem não sentir cheiro de guardado ou de mofo.

É normal também que essas pessoas queiram, quando viajando, ter um apartamento que lhe traga um conforto próximo ao que se tem no lar, que não lhe cause claustrofobia, o frigobar e o ar condicionado não sejam barulhentos, este último também com a missão de refrescar ou esquentar o ambiente de maneira efetiva.

Como Agente de Viagens, em se tratando de hotel, tenho uma vasta experiência com clientes que solicitam hotéis baratos e, em geral, me pedem duas coisas:
A) Um quarto limpo e barato, porque a gente não fica dentro do quarto mesmo;
B) Por favor ou “pelamordeDeus”, me tire dessa birosca;
Não tem erro: no turismo você compra o que você paga.

Recentemente, numa viagem de serviço, ficamos hospedados em um hotel, na França, que - com o coração aberto posso dizer - caso mandasse alguém para lá, perderia, para sempre, o passageiro e a amizade, e possivelmente levaria um processo nas costas. Nossa cama não tinha lençol, nosso chuveiro não funcionava. Afinal, não é porque estávamos na França que queríamos ficar sem banho. Era uma viagem de serviço, aprendemos bastante, mas foram duas noites para apagar da lembrança.

Há algum tempo atrás um passageiro me ligou e deu seu recado:
“-Onça, por favor, quando você me alugar um veículo, não pegue o carro mil, não. Eu estou acostumado com um carro mais potente e não quero morrer numa ultrapassagem mal calculada”.
Simples assim.
Se for mais barato, caso você ligue o ar condicionado, não sobe o morro.

Está certo que a internet esteja aí para ficar e compete muito conosco, Agentes de Viagens com nome e endereço e telefone conhecidos.
Sim, se alguma coisa der errado, nós estamos aqui para consertar. Já nos sítios da internet...

Então acompanhem comigo dois casos que estão pipocando nas propagandas da TV:
São ofertas para hotéis em duas capitais do Nordeste, Salvador e Recife.
Os preços são irreais: R$50,00 e R$70,00 por dia. COM CAFÈ DA MANHÃ!!!
Aí então nós fomos conferir os hotéis:
Ambos ficam ao lado dos aeroportos, longe, mas muito longe mesmo, da praia, e nas avaliações dos passageiros ambos os casos, 60% consideraram os hotéis entre RUIM e PÉSSIMO, 20% razoável. As menções mais freqüentes dizem respeito à má qualidade do sono, barulhos diversos, atendimento questionável e o péssimo café da manhã.
É certo que as pessoas se sentem mais motivadas a protestar quando não gostam do que opinar com elogios.
Também é sabido que proprietários pedem para parentes postarem comentários positivos.
Mesmo assim, onde há fumaça, há fogo.

Sinceramente, é difícil você ouvir do passageiro que, no site tal, tem umas ofertas tentadoras. Elas são todas assim.
Raríssimas exceções.
E também devemos analisar as exceções:
Campos do Jordão no final de junho até a primeira semana de agosto, esqueça; só mesmo se você precisar ir de qualquer forma, ou tem cacife suficiente para conviver com preços europeus classe A.
Fora dessa temporada, mormente no meio da semana, os preços caem. Meio, não fim de semana. Não tente dar uma de esperto: seu agente sabe disso melhor que você.

Ah! Você viu no Peixe Urbano!
Pois é, esses preços são mesmo baixos; mas se você estiver pensando em Bariloche ou Nova York, antes de se deixar cair em tentação com o precinho do hotel, confira a disponibilidade do aéreo.
Não há ponto sem nó.
E veja as entrelinhas. É muito comum compradores se queixarem que os hotéis só disponibilizam os apartamentos durante a semana e em alta temporada.
Já que falamos de aéreo, é bom que você saiba que algumas combinações de passagens – como uma paradinha em Londres ou Miami - só mesmo emissores experimentados são capazes de compor.
Assim, uma passagem para Istambul com uma paradinha em Paris pode custar US$2.798,00 mais taxas, ou US$1.223,00 mais taxas.
A primeira está disponível nos sites de passagens; a outra, na Onça Turismo.
Por quê?
Milagre!
O Arnaldão está queimando dinheiro?
Não.

Esta é a diferença básica:
Quando tudo dá certo, tanto faz ter comprado com qualquer um dos dois – site ou agente;
Quando dá errado, é melhor ter um ombro amigo, responsável.

E tem mais uma coisa na qual somos imbatíveis:
Quero ver o site fazer um cappuccino para você.


Aceitam um cappuccino?

domingo, 18 de março de 2012

Como sempre a Verdade é massacrada pela História.

Algumas coisas não mudam e dentre elas o nojento jeito europeu de ser.
No geral, italianos, ingleses, franceses, alemães e os primos pobres espanhóis se acham melhores que pessoas nascidas em outros países.
Donos do dinheiro amealhado com a exploração da América, África e Ásia, insistem em impor seu modo de vida sobre os demais.
Para sua grande tristeza os americanos dos Estados Unidos conseguiram transformar seu país na grande potência do século XX e esses eles tem que engolir.

Tudo isto eu digo em função de duas coisas:
o reinício da Fórmula 1 e as Olimpíadas que se aproximam.
Sim, ainda que a Globo não queira, teremos Jogos Olímpicos – o maior evento esportivo do planeta – este ano, em Londres. Na Record.
Não restam dúvidas que a Limpeza será a primeira desclassificada em Londres.
A segunda verdade será a efetiva manipulação de dados pela Imprensa Européia e Norte Americana. Eles não dirão o que todo mundo sabe, que atletas de ponta competem dopados, principalmente o pessoal do Atletismo de Campo (corridas de curta e média distância, saltos, arremessos) e na Natação, onde é incrível o número de asmáticos que se dá bem.
Sofri de asma toda minha infância e não consigo entender como é possível alguém asmático desenvolver tamanho esforço em piscinas.
Aí acaba sobrando para países menores – e aí, lamentavelmente – se enquadra o Brasil, sobrinhas em destaques individuais como foram o Cielo e a Maurren.
Reparem quantos tenistas – homens e mulheres – no topo da classificação ad ATP vão, subitamente, sofrer contusões às vésperas dos Jogos. Não querem ser pegos no antidoping do COI que é infinitamente mais severo que os da ATP.
Hoje já se começa a falar que Carl Lewis concorreu dopado. Isso deixou Bem Johnson irritado. Cassaram sua medalha e o baniram do Esporte e o americano – que devia estar bem mais recheado que ele – escapou.
A Enfermeira da Jamaica, conterrânea do Ben sempre disse: “Todo mundo já sabia, então porque pegaram somente o meu menino?”
Assim como na Guerra, a Verdade é a primeira a tombar.
Mulheres barbadas ainda fazem parte do Circo das Olimpíadas e algumas delas morrem prematuramente como aconteceu com a ainda recordista olímpica Florence Griffith-Joyner, que não conseguiu completar 40 anos.
Nas provas de 400 metros alguns atletas – coincidentemente americanos, dominaram as provas por várias edições olímpicas. E depois, bom, quem liga para o depois; o que importa são as estatísticas.

Já na Fórmula Um tudo começou de novo na Ferrari: o europeu tem um carro que consegue correr e o brasileiro uma carroça “um segundo” mais lenta.
Por que será que o Felipe Massa desaprendeu a correr depois de ir para a Ferrari?
As coisas só vão se regularizar e a diferença só chegará aos centésimos depois que o espanhol já tiver livrado alguma diferença e aí, sabe como é, o Massa terá que correr para a equipe.
Um nojo.
Já não dou minha audiência à Fórmula Um.

Indianápolis, aí vamos nós.


Aceitam um cappuccino?

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Bodas de Cedro e o nhoque da sorte

Estávamos preparados para comemorar nossas Bodas de Cedro em algum restaurante da cidade quando um grande estrondo - após um furtivo raio - nos desanimou a por os pés fora de casa.
Afinal, coisa mais cacête você ter que estacionar um carro debaixo de um temporal e tomar um banho torrencial rumo à mesa que, Deus queira, fique longe de goteira e borrifos d'água.

Então tomei a decisão que tinha que ser tomada e me preparei para a guerra culinária.



Avental posto, batatas a cozinhar um tanto - não demais para não desandar a massa - e vamos lá:

Preparar o molho; sejam gentis e não me perguntem a fórmula. É de família e demora para ser entendida.


Amassar as batatas,


misturar com um ovo e pouca farinha,


passar no garfo e na água fervente até levantar;



Na terrina bastante molho. Meu nono dizia que nhoque tem que nadar.



A mesa foi posta pela neguinha.



Não é o nhoque da sorte do Spoleto da Penha, mas vá lá.

Depois...


Vocês queriam o quê? Que eu deixasse a porta aberta?

Vão tomar um cappuccino em nossa saúde.




















segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Qualquer hora dessas

Engajadas ou não, notícias recentes me fazem refletir que, cada vez mais, estamos perto de um ponto de inflexão redundante em ruptura social.
Afinal, o Brasil não é um país constituído de cidadãos de primeira, segunda e terceira classe.
Somos todos iguais perante a lei talvez tenha sido meu primeiro ensinamento nas antigas aulas de Educação Moral e Cívica.
Infelizmente não é o que vejo.
O que eu vejo, sim, são tristes mães cobrindo o rosto de seus filhos e fugindo dos seus barracos incendiados por quem deveria manter a ordem pública e proteger os cidadãos.
Servir e proteger” é o slogan estampado nas portas dos carros de polícia da Califórnia.
Temos mais sol que a Califórnia e somos um povo mais feliz.
Deveríamos ter um “proteger e servir” escrito no capacete de cada um dos policiais da Polícia de Choque.
E também na mesa do Prefeito, Governado, Presidente, vereadores, deputados e senadores.
Até quando nossos governantes acham que o povo vai aceitar a tese de que “Alguns nasceram bem, são do bem e viver bem”, enquanto outros não tiveram sorte e nasceram pobres e para sair dessa condição só mesmo pisando na cabeça de muita gente que aí a coisa da certo.
Volto a publicar o poema do Pastor alemão Martino Neimöller:
“Quando os nazistas levaram os comunistas, eu fiquei quieto; eu não era comunista.
Quando eles prenderam os sociais-democratas, eu permaneci quieto: eu não era social-democrata.
Quando eles levaram os sindicalistas, eu não protestei: eu não era sindicalista.
Quando levaram os judeus, eu me mantive calado: eu não era judeu.
Quando eles me levaram, não sobrou ninguém que protestasse por mim.”


Aceitam um cappuccino para refletir?

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Ele não tinha esse direito

Ouvindo hoje à tarde meu amigo Renato comentando sobre o malfadado acidente com o Costa Concórdia, me vieram à cabeça algumas reflexões:
1ª - Sempre, ao vender viagens em cruzeiros, adverti nossos passageiros que o grande perigo de uma embarcação como essa, com 112 mil toneladas, era – e é – o incêndio. Efetivamente e por incrível que pareça, um incêndio pode representar um grande número de baixas entre as pessoas que se encontram a bordo. É o terror de quem vive nos navios.

2ª – Nunca, mas nunca mesmo, passou pela minha cabeça que o capitão de uma nave dessas, dessa companhia em particular, iria se portar de forma tão terrível, irresponsável e covarde como se pode depreender, até agora, se comportou o tal Francesco.

Terrível, pois a nave não era sua embarcação de veraneio, para que tomasse a decisão de desviar dos caminhos pré-programados e “prestar homenagem” a quem quer que fosse.
ELE NÃO TINHA ESSE DIREITO.
Imaginem um comandante de um desses aviões 480, com todas suas rachaduras, resolvesse homenagear o Papa e passasse com o aeroplano em vôo rasante sobre a Praça de São Pedro num domingo, meio-dia.
Um verdadeiro absurdo.

Irresponsável por pegar um patrimônio de mais de 450 milhões de Euros e batê-lo em pedras, abrir um rombo de mais de 70 metros a bombordo e... se marcar.
Deveria começar a evacuação de imediato.

Mas, parece, só evacuou nas calças.
Covarde, muitas vezes covarde, por abandonar a embarcação com passageiros e, dentre eles, idosos, mulheres e crianças. Isto é imperdoável.
Saiu e não voltou nem quando lhe ordenaram que voltasse..
Covarde.

3ª – Qualquer nave desse porte, assim como enormes aviões, só soçobram quando alguém faz muita merda, como foi o caso. Elas têm estabilizadores, controles por satélites, compartimentos estanques, estudos estruturais intensos, confecção elaborada que exige, muitas vezes, ajustes milimétricos.

4ª – Ainda existe uma possibilidade que todo mundo sabe e ninguém quer considerar: que algum imbecil, em nome de alguma idiotice, loucura, fanatismo ou loucura, atire um míssel contra o navio. Bom, mas aí entra mesmo o imponderável e, nas águas onde navegavam o Concórdia essa possibilidade era praticamente nula.

Resta-nos a imensa tristeza de ver por terra – ou por água – uma segurança que tínhamos para vender, tranqüilos, uma das coisas mais prazerosas que se pode fazer na vida: curtir um cruzeiro com afeição, elegância, glamour, prazer.
A foto que se vê nesta primeira página é de um cruzeiro.

Pelo menos por um tempo.

Às vezes essas desgraças evitam outras do mesmo quilate.


Minhas orações aos que se foram.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Pé no saco!

Existem algumas polêmicas que me deixam irritado por serem estéreis.

Quer coisa mais inútil que discutir celibato na Igreja Católica?
O Papa é isso, o Papa é aquilo.
Quer saber?
Está nas normas: se quiser ser Padre ou Freira não pode se casar.
A hora que a Igreja estiver fechando as portas por falta de padre – já que, mais um absurdo, freira não pode celebrar missa – algum iluminado vai ter que achar uma solução.

Dizer que os padres são pedófilos por falta de casamento é a maior das tolices: basta ver o perfil dos pedófilos americanos, país que certamente tem o melhor estudo a respeito: a maioria absoluta se constitui de homens casados, com filhos e - para pasmar – normalmente respeitados dentro da sua célula social como “pessoa boa” ou “Pessoa do Bem”, a idiotice semântica do momento.

Não acredito que o Papa atual – nem o próximo – vai querer mudar alguma coisa a respeito disso.
Só tenho uma curiosidade que chega a morbidez:
Por que ninguém foi encher o saco do Ho Chi Min sobre seu celibato ou o Dalai Lama?

Quando teremos protestos pelo direito de monges tibetanos deixarem os cabelos crescer?
Monge budista pode ser celibatário e casto e não se encontra uma linha em qualquer pesquisa feita na internet de pessoas xingando os seguidores de Sidarta por isso.

Isso é religião e religião é facultativo em nossas vidas.

Para mexer no vespeiro de vez, acho que não será para meu tempo que a Igreja Católica - e várias outras religiões e vertentes religiosas - vão admitir a prática homossexual.
Sabe o que eu acho disso?
Graças a Deus - se me permite Zélia Gattai - que o Estado é laico.

Não me afeta em nada as proibições da Igreja, da mesma forma que não tenho medo de pecar.
É da minha Natureza Humana.
Lembro dos padres do Ginásio Salesiano que estudei, da igreja onde passei vários anos de minha juventude, do pessoal que tentou me cooptar para a Opus Dei, repetirem quase mecanicamente que o sexo deveria ser usado somente para procriação e, para usarmos uma linguagem mais cotidiana, se restringir ao “Papai e Mamãe”.
“’Tá bom, ‘ta bom, “Seu” Padre, eu já entendi. Agora, bota aí na minha conta de pecados alguma safadezas que não dei conta de resistir. Perdoa em nome de Deus”.
Não é simples assim?

Outro dia li que aquele deputado que já foi BBB quer proibir pastores de pregar a cura do homossexualismo.
Primeiro lugar, deputado, o senhor participou de um BBB, então não atire pedra no telhado da ignorância alheio.
Segundo lugar: o Pastor terá sucesso, deputado? O senhor vai dar moral para um idiota destes?
Terceiro lugar: o Estado laico – Graças a Deus, se me permite Zélia de novo – vai interferir em religiões? Então por que o senhor não pede a proibição da prática da religião que prega o fim das todas outras religiões e que apedreja homens homossexuais e mulheres violentadas? Não daria Ibope ou estaria fora de moda?
Ou isso afeta um mundo distante do nosso?

Abaixo a homofobia, mas abaixo a interferência religiosa no estado laico e vice-versa.
Se o Papa acha que o homossexualismo será o fim da família, ele que não se preocupe; quando essa hora chegar, não existirá padre, bispos ou papas na face da Terra. Estarão todos casados.

Só tomando uma...

domingo, 8 de janeiro de 2012

Tudo sempre igual

Todo ano, no final do ano, vivo conflitos nas comemorações de final do ano.
O primeiro são os presentes a serem dados; é delicioso dar presentes, ver a pessoa que amamos receber e gostar e sorrir e ficar feliz.
Entretanto, as coisas nem sempre acontecem nessa ordem. Algumas vezes nem acontecem.
Amigo secreto, amigo oculto, amigo inimigo.
Quantas vezes vi pessoas, no trabalho, usarem o amigo-secreto para “dar uma lição naquele filho de uma...”.
Quantas vezes comprei o presente pelo valor estipulado e recebi um presente chocho, que não valia metade do combinado.
Você já recebeu um daqueles vales-presente de uma livraria.
Minha interpretação para esses vales é a seguinte:
“Não consigo imaginar quais são os seus gostos, nem gosto muito de você mesmo e resolvi me livrar desse empenho dando uma de gente criativa”.
Graças a Deus nossos amigos secretos de agora são somente entre o pessoal da família e servem para darmos boas risadas.

Outro conflito é a divisão do tempo; vejo agoniado a pressão que pessoas queridas sofrem pela imposição de passar o Natal com um e outro lado da família.
Fico agoniado com isso também. Aquela correria num trânsito de bêbados, loucos e motoristas mal-formados como somos todos.
O que deveria ser uma festa se transforma em angústia.

Neste ano duas coisas específicas serviram para me derrubar no Natal:
A tristeza pela morte recente da minha sogra e conseqüências emocionais disso que se estenderam por algum tempo – se é que ainda não se estende – estampado nos olhares fugidios na mesa, nos brindes, na troca de presentes.
E os fatos que antecederam o Natal, com a Elisinha torcendo o pé em Veneza, até mesmo por que uma mulher elegante como é a minha só poderia torcer o pé por aquelas bandas.
Acontece que ela que sempre se movimenta para fazer as compras dessa época, é ela que tem a imaginação fértil e o gosto apurado capaz de encontrar, com certeza, um presente que agradará nós todos.
Sua movimentação comprometida diminuiu bastante o charme da nossa comemoração.
Por outro lado, foi excelente para que percebesse que não lhe dava o valor devido.
Afinal, fui junto fazer todas as compras, do bacalhau às blusas.

Fui salvo do fracasso completo em dezembro por meus compadres e padrinhos e dinos e amigos com os quais comemorei de forma gostosa e divertida em vários encontros, pizzas, salgadinhos e piadas.

Por fim, como sempre começo a fazer minhas coisas para o Natal em setembro, acabei me atropelando nos acontecimentos e deixei de planejar nosso cartão, nosso calendário, e de mandar meus e-mails e cartas.
Pior, me senti constrangido e deixei de responder aos cartões de natal e bons desejos que meus amigos mandaram.

Estou aqui me desculpando com todos.

2012 está aí e novos propósitos em mente.

Entre eles tomar aquele nosso cappuccino. Aceita?