segunda-feira, 26 de maio de 2008

Um ídolo a menos.

Nossas manhãs de domingo foram muito boas nos tempos do Airton Senna.
Ele lutou contra si mesmo, contra o tempo, os limites do carro, com a FIA, a burocracia dos dirigentes e impunha o talento em milésimos de segundo.
Com o triste evento de Ímola, nossas manhãs ficaram sombrias até o surgimento de um garoto maravilhoso vindo de Santa Catarina e despejado nas quadras de Roland Garros quando quase ninguém no país sabia quem era.
Lembro com razoável memória, aquela que meu cérebro permite ter, das manhãs alegres e felizes que voltava a ter quando levantava até mesmo de madrugada para acompanhar as participações dele nos torneios mundo afora.
Eu não ficava chateado nem mesmo nas poucas derrotas pois, ao contrário de muitos profissionais de futebol, sempre via empenho de Guga atrás das vitórias.
E vi principalmente alegria naquilo que ele fazia.
Guga foi o garotão que sempre me lembrou bastante o espírito brasileiro que levou Walt Disney a criar o Zé Carioca, (descontada a circunstância política).
É aquele garoto que todo mundo tem a impressão de ser alguém da família, ou muito amigo da família, tão próximo que tínhamos a sensação de tê-lo como convidado para o almoço ou churrasco.
Incluiu no dia a dia da gente um irmão com paralisia cerebral, admitindo ao mundo que um grande herói poderia sim ter um irmão com necessidades especiais.
Rompeu com uma namorada, modelo, que se aproveitou da fama dele para faturar algum nua.
Hoje sabemos quem ele é, ela é só uma vaga lembrança sem nome.
Afinal de contas, nenhum de nós gosta de ser ludibriado.
Azarou a Serena Willians, mostrando ser fruto de um país onde a grande maioria das pessoal aceita com tranquilidade a convivência multirracial sem traumas.
Correu o mundo, ganhou uma grana e sentiu abandonar o que fazia.
E entrou para a lista de coisas que vou perguntar a Deus quando morrer.
Confesso que foi e ainda é muito difícil para mim aceitar que ELE, Guga, tenha que ter tido esse problema no quadril.
Tanto esportista medíocre se transformou em alguém memorável a custa de aditivos pouco morais e convencionais.
Porque alguém tão bom foi castigado dessa forma e, conseqüentemente nós também?
Vou perguntar isso; ah! se vou.
De toda forma teremos um grande casal de tenistas para nossas referências: Maria Ester e Guga.
Nada mal para um manezinho...