terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Se é para ser policial, que seja na Austrália.

Como é diferente a vida do policial em Sidney, Austrália.
Senão vejamos:
Um sequestrador, logo depois tratado como terrorista, entra numa lanchonete e, de forma covarde e soez, resolve que a vida das pessoas que ali estão, tomando café da manhã, tem menos valor que seu fundamentalismo. 
Faz várias dezenas de reféns e, mesmo depois que muitos escaparem, restaram 17 pessoas inocentes e infelizes e ele.
A polícia, depois de negociar, resolveu que era hora de entrar por julgarem que, se não o fizesse, vários reféns iriam morrer. 
Nessa hora avaliaram: “Vamos ter de 0 a 30% de baixas”.
Está certo que, para quem morre a baixa é 100 por cento, mas para quem sobrreviveu, a chance também passou de 70 para 100%.
Então entraram.
Um refém teve um ataque cardíaco e morreu; outro não teve sorte e morreu também.
O sequestrador, como de praxe, foi morto.
O Chefe de Polícia pede para que se verifique quais armas mataram o refém e o terrorista por uma mera questão burocrática, e colocará o resultado no relatório.
E em vários bares de Sidney a população vai comemorar o êxito da operação.

E se fosse no Brasil.
Jesus Cristo! Se fosse no Brasil é muito provável que uma senhora - que vamos chamar "Maria do Terço" -logo se colocaria do lado do "infeliz sequestrador/terrorista/lutador contra a opressão capitalista judaica" e com seu controle remoto ligaria para o Governador pedindo serenidade para sua polícia.
A polícia certamente iria ser obrigada a negociar por vários dias e, mesmo depois do "infeliz sequestrador/terrorista/lutador contra a opressão capitalista judaica" matar alguém, ainda iria titubear se entrariam em ação ou não.
Mas aí um bravo capitão de nossa Polícia Militar iria mandar essa corja dos Direitos Humanos para o inferno e iria dar a cara para bater.
Resultado: um refém morreria de ataque cardíaco (maktub), outro baleado e o "infeliz sequestrador/terrorista/lutador contra a opressão capitalista judaica" também seria morto.
Ao contrário do que aconteceu na Austrália, toda mídia iria querer saber quem foi que deu a ordem para a invasão que redundou num tremendo fracasso.
Nosso Governador diria que ele não tolera truculência e o Secretário de Segurança iria declarar que as armas foram recolhidas para se investigar se o tiro que matou o refém foi disparado por um policial, pois ele é incapaz de pensar que o "infeliz sequestrador/terrorista/lutador contra a opressão capitalista judaica" disparou no refém pelas costas.
A senhora "Maria do Terço" falaria com a presidente da república pelo seu controle remoto dizendo que a polícia do partido da oposição foi de uma truculência ímpar, mesmo tendo chegada atrasada à lanchonete por ter que ficar numa reunião do partido.
Bem provavelmente os policiais envolvidos na ação vão até sentir vergonha de serem reconhecidos pelos vizinhos que, a boca pequena, os chamarão de “assassinos”.

Em suma, se um dia seu filho ou filha resolverem entrar para a polícia, ofereçam para ele um curso de inglês na Austrália.


Aceitam um cappuccino?

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

SOU UM ASNO, MAS NEM TANTO.


Em 1959 o povo de São Paulo, indignado com a baixa qualidade dos candidatos, votou em peso no Cacareco, nome dado a um rinoceronte que acabara de desembarcar no Zoológico da cidade e que era um sucesso de visitas. Recebeu mais de 100.000 votos, enquanto o partido mais votado somou menos de 95.000 votos.
Em 2.002, alavancado pelo voto dos jovens, Enéas Carvalho – o meu nome é Enéas – recebeu a maior votação que um deputado federal já teve no Estado, mais de um milhão e meio de votos.
Embora eleito com pouco mais de um milhão de votos este ano, o palhaço Tiririca foi eleito em 2.010 com mais de 1,3 milhão e, pasme-se, tornou-se o deputado que mais participou das seções na Câmara, superando em muito todos os demais eleitos que torcem o nariz para ele e o ridicularizam sempre que podem.
De quando em quando, São Paulo comete alguns enganos sérios. Em 1988, face à perspectiva de eleger Maluf ou Leiva (dá para lembrar quem era?), os paulistanos fizeram uma virada espetacular e elegeram a terceira colocada, Luiza Erundina que, na avaliação que fariam depois, foi um verdadeiro desastre e acabou com as pretensões do Suplicy, do seu partido e, para tristeza geral, Maluf foi eleito.
Talvez escolados com os desastres acima, os paulistas não deram chance ao cantor de hinos Francisco Rossi e elegeram de uma vez Mario Covas em 1994, mesmo ano que o pais escolheu Fernando Henrique com 55% dos votos, deixou Lula com 27% e olha o Enéas aí, com debochados 7,5% dos votos dos brasileiros.
Isto é São Paulo, isto é o Brasil onde as pessoas são obrigadas a ir até a seção eleitoral. Lá não são obrigadas a votar e, sim, exercem o direito de anular seus votos, ficar indiferentes.


Eu tenho certeza que se pudessem escrever o nome dos seus candidatos, possivelmente o mais votado no Brasil este ano seria o Bastian Schweinsteiger, que comandou a Alemanha no maior vexame da Seleção Brasileira em todos os tempos.

De certa forma houve um protesto de um milhão e seiscentos mil brasileiros que votaram naquela moça de voz esquisita.

 


Eu fui chamado de asno por não votar num candidato específico, mas não ligo. Nem todo mundo sabe respeitar a democracia.