quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Sul da França e Principado do Mônaco.

Seguindo nossa viagem fomos conhecer o Sul da França e Mônaco, o principado.



O dia começou claro, para nossa surpresa, pois havíamos chegado à França sob forte temporal.

A primeira curiosidade foram as estufas de cultivo de flores, com coberturas translúcidas e encravadas nos morros.

Menos de 30% da produção de flores ali produzidas vão para decoração – exceto, é claro, as que caem pelo caminho -


e o resto é disputado no famoso leilão do Mercado de Nice, por indústrias de perfumes.
Fiquei sabendo que são necessárias três toneladas de pétalas de rosas para se obter um quilo de extrato da flor.

Fábricas de essências, como a Fragonard, serão os primórdios daquilo que uma hora qualquer terá um rótulo de grife e um preço também.

Outro detalhe foi observar, do alto da rodovia, castelo encravados nos topos das montanhas,
de um lado inúmeras marinas e quebra mares


e do outro lado a beleza dos Alpes nevados,




além dos caminhos cavados, literalmente, pela mão humana.


Nice tem seu charme, notadamente para os europeus, mas nós brasileiros estranhamos a idolatrias das praias de cascalhos, sem a areia que estamos acostumados.


Essa região ganhou fama quando pessoas ricas que fugiam de guerras se instalaram por ali, convivendo com as indústrias, notadamente a naval. Isto criou um grande conflito arquitetônico e social na cidade, como seus jardins tropicais.


Cannes, como era de se imaginar, foi o local que mais mexeu com as cabeças do grupo.
Tudo lá é relativo ao Cinema, como os orelhões, por exemplo.


Atentem ao chamado:

"Madames e Monsiers, bienvenu."
Em Cannes todos somos artistas por um instante ao colocarmos nossos pés nas passarelas famosas.

Somos!





















Ou não somos?



O charme esta no ar.
Afinal, aonde pessoas famosas podem andar tranquilamente, como se fossem anônimos, senão em Cannes.


A preservação dos prédios baixos nessa região foi um dos maiores bens que Nice e Cannes conquistaram.
A preservação em bom estado da Fortaleza da cidade, que guarda a marina congestionada também.

Duas coisas nos chamaram a atenção:
A casa de moradores anãos - a esquerda, abaixo -
E a presença em diversas cidades de pequenos carrosséis nas praças. Estavam fechados, como presente embrulhados e guardados para o verão. Pobres crianças em seus outonos e invernos.








Adeus Nice, adeus Cannes, adeus vinhedos, Adeus Carlton Hotel;






Bem-vindo Principado do Mônaco.

Tinha uma grande curiosidade para ver, in loco, o Principado e ter a noção do seu tamanho, além, e claro, de passear pelo circuito do meu grande ídolo. Estive lá, naquela curva onde ele bateu e foi a pé para casa.



O Principado mostrou sua face antiga, com a construção do Instituto Oceanográfico no máximo dos seus domínios, antes que a tecnologia permitisse avançar seus prédios sobre o mar.
O país é todo um charme:


O castelo onde vive o Príncipe, a Casa da Princesa Caroline, ou



o Le Pinocchio onde tomamos nosso cappuccino com a Mira e Carlos, nossos companheiros na foto da Porta do Cassino mais famoso do mundo.



Em frente ao Cassino está o Hotel Paris, de diárias na faixa mínima de 800 euros, em baixa temporada, aonde – como diz a lenda - pobres chegam de Rolls Royce e ricos de Bentley.
Foi ali em frente que tomei meu segundo cappuccino do dia, no Café Paris, é claro.
Para mim um instante mágico que concretizava um sonho que tive quando assisti Gran Prix quarenta e tantos anos atrás.
No rosto da minha querida e dos meus amigos de viagem um semblante feliz, cada um com sua realização.

Agora, tem um grande mico que pode acontecer com qualquer pessoa no Mônaco:



Não achar as chaves do carro!





Só mesmo tomando mais um cappuccino...

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Espanha, numa pintura rápida.

No meio do mês passado, Elisa e eu nos conectamos a uma viagem de trabalho, exploratória das costas do Mediterrâneo espanhol, francês e monegasco, além do norte e centro da Itália.

Antes de nos juntarmos ao grupo em Barcelona, fomos a Madri, a terra dos madronhos, pequenos frutos vermelhos e enrugados como o humor dos políticos e eleitores espanhóis.
Muito bela a cidade de Madri, com menos da metade dos habitantes de São Paulo e um trânsito muito parecido.
Meu primeiro choque em particular foi, ao solicitar alguma informação em espanhol, recebia uma resposta em inglês. Fiquei com a estranha sensação que não entendiam meu espanhol – que é muito fraco - e a certeza absoluta de que era incapaz de entender o inglês deles.
O segundo choque foi algo que já havia vivenciado na Irlanda: ninguém sabe de nada, ou não gostam de dar informações. Salvo um ou outro idoso, e ainda assim se não estiver fardado.
Um oficial da Policia da Cidade de Madri me disse que existem polícias demais na cidade – referindo-se às diversas corporações – e que melhor seria se fosse uma só corporação, com melhores salários. Agora, a resposta para aonde ficava a rua que perguntei, não veio.

Seja como for, me senti tranqüilo ao caminhar pelas ruas centrais da capital espanhola, mesmo quando na mesma calçada estavam aquelas senhoras que faziam quem sabe um desfile de modas, com roupas bastante decotadas e curtas.
O único alerta foi para os furtos, que mesmo os madrilenhos não agüentam mais:
“- Importamos larápios de diversos países!” – exclamou uma dona de loja que me pediu para ficar de olho nas nossas bolsas, numa referência clara a alguns romenos que se postavam na porta do estabelecimento.

Seus museus são fantásticos e lá pude conferir, olhos na tela, a Maja de Goya e Guernica do Picasso.
Os dias de inverno são curtos, todavia as noites são quentes e movimentadas.


O Mercado de San Miguel, Las Carboneras, Casa Patas, La Torre Del Oro e muitas atrações são iscas que Madri usa para nos fisgar. Cafés, Bebidas e “patas, muchas patas”.

Ah! É claro: "Se há governo, somos contra!". Se existe um lugar onde se protesta, esse lugar é à frente da Porta do Sol, sede do Governo espanhol. Lá encontraremos pessoas, isoladamente ou em grupo, protestando a qualquer hora do dia ou da noite.



Toledo, uma experiência medieval que nos fez sentir o poder da Igreja, com seus templos lúgubres, portas altas e pesadas, foi como um mergulho no tempo por ruas estreitas.





Quantos sonhos, pecados e tristezas tem esses claustros para contar.




Pousar as mãos em suas paredes na expectativa de sentir os passos antigos e novos de seus habitantes,
a arte da marchetaria de Pedro,

a histórica Porta do Sol ou taverna moderna encravada nas vielas centenária,



tudo isso e o frio do outono nos avisando que a estrada para Valência nos esperava, tudo isso veio junto a um silêncio de cumplicidade, como se nós dois estivéssemos absorvendo a História que ventilava por detrás dessas muralhas.


Os novos caminhos de Espanha mostram elementos diversos dos registrados pela História:
Agora os moinhos de vento não são mais enfrentados pelo Cavaleiro da Triste Figura, mas sim alavancam a energia necessária de vida moderna.

Os áridos campos de aragem nos fazem entender o porquê do amarelo e o vermelho serem as cores da Espanha: suas videiras, com as folhas ora numa cor, ora noutra, mesclam a beleza do entardecer em nossos olhos e, mais que isso, aguçam nossa vontade de conferir o gosto que terá o suco daquelas uvas após o repouso do mosto.


Valência me fez viver uma experiência pessoal incrível: desde garoto que eu sonho e vejo uma Catedral composta de um altar central circular, cercado de pequenas capelas.



Na minha visão, as capelas seriam devoções a Maria.
No que ali vi, eram belezas cercadas de grades como os palacetes e casas da minha cidade, uma tentativa de preservar o material sem se importar com o espiritual.
Essas conquistas feitas em nome da Fé...

Finalmente chegamos a Barcelona para nos juntar ao grupo de trabalho. Mais ou menos um grupo de trabalho.
Uma coisa se percebe com clareza em excursões: já no primeiro dia percebemos - olhos nos olhos - quem serão aqueles parceiros de viagem com os quais vamos dividir nossas emoções, alegrias, conhecimentos, experiências, vinhos e conversas.









Luis, Arnaldo, Elisa, Emanuelle, Mira, Carlos, Carol, Paulo e Isabel. (esq. para dir.)




Barcelona nos foi uma experiência breve, mais ou menos como o levantar das saias de uma dançarina de flamenco: pouco se descortina, muito se imagina, seja onde a brincadeira de criança se mescla com o pesado muro da História,



seja nos pátios onde muitos amores foram sofridos ao som das fontes centrais, ou na arte contemporânea da Vila Olímpica ou na alegria das crianças eternizadas no Parque de Montjuic.

O tempo que tivemos para explorar esta cidade de 95 museus nos faz crer que um dia retornaremos a Barcelona no futuro.
Entretanto, uma coisa ali nos ficou clara:
Esse Gaudí...









Aceitam um cappuccino?