Em 1959 o povo de São Paulo, indignado com a baixa qualidade
dos candidatos, votou em peso no Cacareco, nome dado a um rinoceronte que
acabara de desembarcar no Zoológico da cidade e que era um sucesso de visitas.
Recebeu mais de 100.000 votos, enquanto o partido mais votado somou menos de
95.000 votos.
Em 2.002, alavancado pelo voto dos jovens, Enéas Carvalho –
o meu nome é Enéas – recebeu a maior votação que um deputado federal já teve no
Estado, mais de um milhão e meio de votos.
Embora eleito com pouco mais de um milhão de votos este ano,
o palhaço Tiririca foi eleito em 2.010 com mais de 1,3 milhão e, pasme-se,
tornou-se o deputado que mais participou das seções na Câmara, superando em
muito todos os demais eleitos que torcem o nariz para ele e o ridicularizam
sempre que podem.
De quando em quando, São Paulo comete alguns enganos sérios.
Em 1988, face à perspectiva de eleger Maluf ou Leiva (dá para lembrar quem
era?), os paulistanos fizeram uma virada espetacular e elegeram a terceira colocada,
Luiza Erundina que, na avaliação que fariam depois, foi um verdadeiro desastre
e acabou com as pretensões do Suplicy, do seu partido e, para tristeza geral,
Maluf foi eleito.
Talvez escolados com os desastres acima, os paulistas não
deram chance ao cantor de hinos Francisco Rossi e elegeram de uma vez Mario
Covas em 1994, mesmo ano que o pais escolheu Fernando Henrique com 55% dos
votos, deixou Lula com 27% e olha o Enéas aí, com debochados 7,5% dos votos dos
brasileiros.
Isto é São Paulo, isto é o Brasil onde as pessoas são
obrigadas a ir até a seção eleitoral. Lá não são obrigadas a votar e, sim,
exercem o direito de anular seus votos, ficar indiferentes.