segunda-feira, 25 de julho de 2011

Infância querida

Meu amigo Carelli fez um comentário sobre o Novo Centro Infantil da AABB SP e disparou em mim um turbilhão de memórias dos tempos de moleque.
A primeira imagem lembrança foi do meu carrinho feito de lata de goiabada. Meu pai dobrava com habilidade a tampa da lata - dando-lhe formato de capota - que era lixada para evitar que cortasse os dedos. Pregava quatro pedaços de cabo de vassoura a guisa de pneus e foi nesse carro que eu mais viajei na minha vida. Nele fui para lugares que meu carro atual e meu espírito, ainda que bastante moleque, são incapazes de levar. A maturidade é aborrecida e enterra nossos melhores sonhos, sonhados com a imaginação de criança.
A segunda foi uma bola de borracha que curou uma crise de bronquite.
Depois lembrei de uma vez que nosso grande mestre de molecagem, Julio Fábio, bolou:
Mandou o Beto, que era o menor de nossa turma, provocar o pessoal do fim da rua e, quando eles vieram correndo atrás do desesperado garoto com suas espirradeiras de água, foram recebidos com jatos de mangueiras dos dois lados da rua. Grande vitória.
Lembrei também quando resolvemos dar um susto em alguém que passasse na rua e esticamos um barbante de um lado ao outro da rua para, quando alguém tropeçasse, derrubasse uma latas dentro de uma construção onde deixaríamos outra lata com uma vela acesa dentro. E ficamos na expectativa de quem cairia na nossa troça. Eis que, quando ouvimos passos e fomos olhar quem era, era um aleijadinho que vivia no fim da rua. Foi uma correria para tirar o barbante da rua e livrar nossas consciências.
Não tínhamos um Centro Infantil, uma pena, mas tínhamos algo que a cidade grande nos fez perder:
a rua e a turma.
Turma, naquele tempo um grupo de garotos não era uma gangue.
Sabíamos onde viviam os bandidos e, no nosso caso, nossas fronteiras de liberdade iam até o Imirim e Lauzane.
Talvez seja por isso que me agarro quase desesperadamente no meu jardim. "Do lado de cá tanta ventura", se me permitem a licença poética.
E por falar em Chico Buarque, seguem alguns versos de DOZE ANOS:
“Ai, que saudades que eu tenho
Dos meus doze anos
Que saudade ingrata
Dar bandas por aí
Fazendo grandes planos
E chutando lata
Trocando figurinha
Matando passarinho
Colecionando minhoca
Jogando muito botão
Rodopiando pião...”


Aceitam um cappuccino

terça-feira, 19 de julho de 2011

Chega! Basta!

Hoje cedo soube por minha amiga Geisa Couto que algo estarrecedor acontecera no interior de São Paulo: pai e filho, que estavam abraçados, foram confundidos (!?) como homossexuais e tomaram uma surra de uma gangue de covardes, frustrados, idiotas e, possivelmente, homossexuais enrustidos que tem raiva de conviver com esse conflito.
Meu primeiro pensamento foi: algumas coisas estão saindo do controle e passando dos limites.
Há algum tempo atrás um bando de bestas deu uma surra numa mulher por que imaginaram que era uma prostituta e o pai de uma dessas bestas disse que isso era coisa de jovens. Lembram?
Agora um reencontro fraternal também virou erro de juízo.
Até quando nossa sociedade, ocidental, evoluída, livre, vai se submeter a essa estupidez de marginais que imaginam que podem impor através da força um tipo de pensamento que já enterramos com Woodstock e com a composição “não existe pecado do lado de baixo do Equador”?
As pessoas boas “deste país” têm que deixar claro que a transigência é determinada pela maioria e a maioria evoluiu.
Chega!
Basta!
Não quero fazer apologia a qualquer tipo de comportamento individual ou profissão religiosa, mas até o símbolo do Deus em forma de bondade, baixado à Terra, um dia pegou um chicote e expulsou os vendilhões do Templo.
Cadeia tem que voltar ao conceito primário de castigo, com a proposta secundária de recuperação, para ser evitada.
Não cometo crime por princípios bem calcados por uma boa educação e pela opção de conviver com pessoas boas; mas o pavor de ficar atrás das grades, sem a liberdade de me mover, dormir e acordar a hora que quiser é, sem dúvida, um enorme combustível pela minha moderação social.
Vamos começar a pressionar esse nosso Congresso fajuto através das armas que temos – voto e amigos que votam, redes sociais e paróquias – para que se restabeleça os limites constitucionais da liberdade individual, e botar um fim nessa intolerância.

E sugiro que se aconselhe esse pessoal a preparar o tomar um cappuccino; é um excelente templo para reflexão.

Obrigado Geisa, por pensar como você pensa e se indignar com essas atrocidades.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Eu e o FACEBOOK de novo.

Quando surgiu aquele negócio do Orkut foi uma febre e fiquei de fora por que não via uma aplicação interessante para meu dia a dia. O negócio de “Comunidade dos Amigos de Brigadeiro e Doce de Leite”, ou “turma dos que detestam o Galvão Bueno” me pareceu muito pouco.
Ter que ficar ligado o tempo todo, saber de segredinhos que não eram segredos não me cativaram a entrar no esquema. Pelo que me recordo, até fiz um perfil, mas sequer me lembro da senha.

Convidado pelo meu sobrinho Rodrigo a entrar no Facebook, fui investigar a coisa e acabei achando uma cadeira onde me sento com conforto.
Através do FB encontrei amigos diletíssimos que, como diria o poeta, “o tempo e a distância” haviam me separado física, mas não mental e afetivamente.
Saber que posso mandar, a qualquer hora, uma mensagem para o Polo, o Luiz “Lulinha” Azevedo ou Serginho Riede, traz um conforto enorme à minha alma.
Também posso ver fotos de viagens – confesso que adoro e vejo sempre – sempre me deixa feliz e muitas vezes viajo junto.
Depois disso comecei a me misturar em grupo que são simplesmente formidáveis: A turma do Banco do Brasil, sejam Dinossauros ou BBzinhos, cinema, mídia, a Ordem dos Fusetas, Amigos dos Onças, Melhores Dicas Livro ou Foi Assim. Cada qual tem seu carisma e às vezes dou muita risada, outras vejo músicas que marcaram minha vida, filmes inesquecíveis que preciso rever. Dá para viver de novo.
A coincidência e divergência de pontos de vista com o pessoal dos grupos tornou-me "amigo de infância" de gente que ainda não conheço pessoalmente.

Entretanto tenho que dizer que não domino por completo a tecnologia desta coisa e às vezes passo algumas vergonhas, como, por exemplo, um amigo que me mandou a mensagem abaixo, por e-mail:
“Oncinha, seu mala, quando é que você vai me aceitar como seu amigo no FACEBOOK?”
Nesse dia eu descobri que aquele número que ficava à frente da palavra “Amigos” significava que tinha gente querendo fazer amizade comigo. Ainda bem que tinha um monte!
E também descobri que não ser aceito como “amigo” é a maior desfeita que uma pessoa pode fazer hoje em dia.
“Tirei aquele cara do meu FB para ele saber que estou com raiva dele” foi a frase que ouvi no saguão do Clube.
Nossa!
“Estou dando um tempo de você!”
Nossa! Nossa!
Tudo tem o lado bom, tudo tem o lado ruim.
Eu prefiro ficar do lado bom, trocando mensagens afetivas, comentários alegres e sinceros que ajudam o tempo ser feliz.

Quero deixar aqui um grande abraço, em particular, para a Leila, Claudião, Edeli, Camila, Julio Fábio e meus compadres Roberto e Ana.
No geral, devo dizer que conversar com vocês pelo teclado é como se estivessem na sala da minha casa, tomando um cappuccino comigo.

Grande abraço

domingo, 3 de julho de 2011

Um homem a ser admirado por todos os brasileiros

Sempre fui fissurado em esporte e particularmente futebol.
O Brasil nos meus tempos de garoto era o país do futebol, ou mais precisamente o país do Rei do Futebol e Príncipes espetaculares como Didi, Nilton Santos, Pepe, Jair da Rosa Pinto, e tinha muita gente boa.

Quando saíamos do futebol as coisas rareavam bastante e sobravam expoentes individuais como Maria Ester Bueno, Adhemar Ferreira da Silva, Eder Jofre e Cláudio Guardabassi.

Nas Olimpíadas o que eu mais fazia era sofrer. Rádios não informavam nada e televisão menos ainda. Jornais somente davam notas, pequenas, nas páginas internas.

O Brasil somente começou a mudar e visualisar outros esportes quando surgiu um locutor que me parece gostar de esportes: Luciano do Valle.

Lembro a força que ele deu para o vôlei masculino e feminino, transmitindo o Sul-americano de Santo André de 1981, onde nossas meninas conseguiram quebrar longa hegemonia das peruanas, umas nojentas que entravam em quadra com cara de enfado. Dez anos depois o Brasil destronou de vez o Peru e terminou o ano de 2010 como o primeiro do ranking.

No masculino promoveu um Mundialito em 1982 no qual, sob uma chuva torrencial, o Brasil derrotou a União Soviética – que era imbatível na época – por três setes a dois, deixando um trauma enorme no técnico que, no ano seguinte, ao derrotar o Brasil no final do Campeonato Mundial saiu gritando em direção ao bando do Brasil: “Mundialito finished”, encerrando a era daquele jogo. Parece que não foi bem assim; somente agora a Rússia esta se reerguendo.

Luciano conseguiu fazer os brasileiros entrar e dominar a Fórmula Indy, uma Fórmula Um morna.
Apoiou e apóia esportes olímpicos e vários atletas, como Keila Costa, surgiram depois que ele colocou seu dedo mago em cima.

Hoje ele ainda tenta alavancar o futebol feminino, muito mais bonito que o masculino, jogado com mais garra, mais alegria, mais dedicação e que hoje tem aquela moça que mais orgulho nos dá neste esporte: a pentacampeã Marta.
Assisti com muito gosto o Brasil vencer a Noruega esta tarde, e apesar dos comentários muito chatos do Neto, adorei o entusiasmo “de principiante” na narrativa.

Parabéns Luciano do Valle! Sinceramente acho que o Brasil nunca vai conseguir retribuir o que você lhe fez, mas pelo menos este amigo lhe rende uma homenagem do tamanho que me é possível.

Vamos tomar um cappuccino?