quarta-feira, 16 de abril de 2008

PESSOAS MARAVILHOSAS QUE EU CONHEÇO

Um dia desses encontrei o Paulinho Okihara, velho companheiro do Banco, jantando com sua mulher Leni que fazia aniversário naquele dia.
Lógico que surgiu uma conversa e papos sobre os bons tempos, pois tudo que é passado vai se tornando bons tempos, como se nosso inconsciente nos proibisse de viver nos dias atuais bons tempos.
Paulinho me contou que deixou o Banco e, já quarentão, se formou dentista e agora atende num programa social em Osasco.
Seus olhos brilhavam como brilhavam algumas raras bolinhas de gude que ganhei certa vez de uma tia e que eram de excelente qualidade. Nicavam, estropiavam, estraçalhavam as bolinhas dos adversários sem que ficassem nelas nenhuma marca, não lascavam nem um pedacinho.
Era com esse olhar de menino, com a felicidade de um moleque, ele contava como ajudava pessoas, de maneira alegre como usualmente o Paulinho faz.
Que maravilha ver alguém feliz por fazer pessoas felizes e seus olhos brilharem com isso.
Isso me trouxe a lembrança outro amigo que, vez por outra quando tenho chance de conversar com algum grupo de jovem sobre formação e perspectivas no mundo, eu sempre o cito como exemplo.
É meu amigo Hamilton, que conheço há mais de 20 anos.
Um camarada que sempre vi lutando e passando energia positiva.
Subiu na vida e, Graças a Deus, como subiu. Mas subiu trabalhando, pessoa correta, que botou um norte à sua frente e foi.
Muitas vezes deixou a família em casa para trabalhar pelo Brasil a fora semeando um projeto profissional que, feito de maneira competente, deu frutos. Sei como isso foi difícil.
Pois não é que alguém que tem que lutar no mercado - e nós sabemos o que isso significa - apesar de seu cansaço, das frustrações pertinentes, do desgaste positivo e negativo, ainda encontra tempo para ensinar crianças e tocar violino na Igreja que ele freqüenta.
Acho que ele já pavimentou boa parte do seu caminho para o céu ao fazer que aqueles dedinhos sutis aprendam a se posicionar e tirar os sons maravilhosos que esse instrumento é capaz. Oxalá algum deles se torne um virtuose.
Ele fala sobre o assunto com olhinhos de menino, com felicidade de moleque.
Também o Minelli, que trabalha e trabalha muito, também vai para a Igreja tocar trombone, ou trompete, não me recordo ao certo, mas faz isso pelos outros, pelas pessoas que vão ao culto. E querem saber de uma coisa, não me recordo nesta minha memória que já foi ótima, de ter visto uma única vez a Sandra, sua mulher, que ela não estivesse sorrindo ou com expressão de alegria no rosto. Todos temos problemas, eles certamente os têm, mas ainda assim transmitem sempre energia boa a quem está ao seu lado, energia alegre, que nos deixam felizes com aqueles olhinhos infantis, se me permite Chico Buarque.
Meu amigo Edward Moriarty também é outro exemplo: acredito que, como eu, ele um dia caiu na besteira de falar para a Madre Felicidade:
“-Disponha”.
E ela certamente dispôs.
Eu não me arrependo, ele certamente não se arrepende, mas convenhamos que um rapazinho de Boston, com aquilo que uma boa família americana tem para oferecer, se despoja de tudo e vem ser missionário no Mato Grosso “carregado de malária”, se me permite Salvatore Quasimodo, não pode ser qualificado como alguém comum.
Severo, não deixou de rezar missa um único dia nos mais de sessenta anos de sacerdócio, o que significa mais de 22.000 missas rezadas. Já imaginaram quantas confissões ele não ouviu? Quantas comunhões na distribuiu?
E sabe como ele faz isso?
Alegre, com brincadeiras, com aqueles olhos brilhantes de um garoto que ganhou uma bicicleta de Natal ou aniversário.
E a Madre que teve a coragem, segundo alguns, e a petulância, segundo sua autocrítica, de dizer a Sua Santidade Paulo VI que fundaria um ordem, como ele lhe pedira, mas desde que não fosse para ser contemplativa. Seu carisma seria missionário.
E a Ordem se chama “Mensageiras do Amor Divino”.
Espalham AMOR.
E, por mais absurdo que seja, já houve quem quisesse matar a Madre num atentado a bomba em Angola!
O que me motivou a escrever sobre este assunto hoje foi uma atitude que demonstra o íntimo de alguém que tem uma alma boa e altruísta.
Alguém que sempre trabalhou, sempre amou, sempre encontrou tempo para se dedicar aos seus e a outros seres humanos que pareciam necessitar de algo e esse algo era o amor que ele sempre carrega em seu coração.
Após o jantar, havia somente uma taça de um delicioso pudim de chocolate e ela deixou na minha frente dizendo que não queria sobremesa.
Eu teria sido muito canalha se não tivesse dividido aquele pudim com a Elisa.
Vocês aceitam um cappuccino?