Resolvi publicá-la depois do último Grande Prêmio de 21 de abril de 2013, ou seja, vejam há quanto tempo quero contar esta história, escrita depois da corrida do Milhão de 2012, na Stock Car Brasil.
"Não precisa acreditar no que vou contar.
Mas vou.
Há muitos anos que convivi, de uma forma turbulenta, com
aquilo que meu amigo Francisco
chama de mediunidade.
Convivo, mas não sei lidar com isso.
Tento não dar bola e procuro deixar para lá toda cutucada
que esse assunto e suas situações me provocar.
Por anos a fio tive um sonho recorrente: nele um senhor idoso me
pedia, insistentemente, que conversasse com a Silvana, mulher do Rubinho, para convencê-lo a
usar alguma coisa amarela no seu capacete, pois isso alteraria para melhor sua
carreira.
Isto começou mais ou menos em 1.998.
Não existia uma freqüência específica nesse sonho; podia
sonhá-lo duas noites seguidas ou passar uma temporada sem sonhá-lo.
O problema desse sonho - muito estranho, não – era a
insistência com a qual o senhor passava a noite inteira me falando. Era uma
noite de sono perdida. Acordava exausto.
Nunca tive uma real oportunidade de me aproximar da Silvana
até aquele dia 25 de maio de 2012.
Fomos para o autódromo de Indianápolis, Elisa, eu e meus compadres Ana e Roberto.
Deu tudo errado
naquele dia; pegamos um trânsito monumental, quando fomos entrar no
estacionamento nos remeteram a uma central que ficava mais adiante, uns duzentos metros, vencidos em qualquer coisa como 15 minutos.
Nossos ingressos, que havíamos comprado no final de janeiro, teriam sido remetidos ao Brasil e sem eles não poderíamos entrar no autódromo. Para consertar isso - os ingressos só foram entregues em agosto - perdemos um bom tempo.
O dia seguiu e nossa programação atrasou.
Chegamos ao HALL
of FAME dentro do autódromo no final da tarde, a tempo de pegar a homenagem que foi feita ao
Giafone.
De repente apareceu o Rubinho.
Ele vinha conversando com uma
pessoa e eu só olhei para ele, respeitando sua privacidade.
Pouco depois eu vejo uma moça falando inglês com alguém de
nome Silvana.
Estavam bem atrás de mim.
Foi minha oportunidade.
Em poucas palavras comentei o que disse acima sobre os meus sonhos.
Ela sorriu, descrente.
Paciência, deve haver um monte de malucos, como eu, falando
um monte de tolices para ela e minha narrativa deve ter sido mais uma.
Interessante foi o meu sonho naquela noite: o velhinho me
agradeceu, disse que “tanto ele como eu havíamos cumprido a nossa missão”.
Confesso que foi demais para mim, mas tive uma boa noite de sono.
No dia seguinte, com cuidado, comentei isso tudo com minha
mulher e meus compadres que me acompanhavam na viagem. Acho que a reação foi a
mesma da Silvana, descontado o fato de todos saberem que eu efetivamente não
sou nada normal.
Algum tempo depois comentei com mais duas pessoas da minha
família e não toquei mais no assunto.
Hoje, depois da corrida do milhão, me senti meio besta.
Fiquei pensando, e ainda penso, se não teria sido melhor ter
comentado isso tudo diretamente para o Rubinho e, mais ainda, se teria sido bom
para ele, o que confesso, até eu duvido.
Seja lá como for, essa foi uma passagem bastante excêntrica
da minha vida."
Está escrito.
Aceitam um cappuccino?