sexta-feira, 27 de março de 2009

Sua Alteza Sereníssima Neymar.


Desde o surgimento do crioulo número um no futebol, o mundo se divide em duas partes:
Aqueles que acham que Pelé foi sem dúvida o maior jogador de todos os tempos
e os argentinos que morrem de inveja com isso.

Volta e meia se tenta criar um novo mito e as coisas invariavelmente seguem por um mesmo caminho, como se fosse um fogo de artifício: acende, sobe fazendo barulho, explode e, passada a alegria do momento, fica uma pequena nostalgia e vontade que aquilo tivesse durado um pouco mais.

Pelé se conserva fisicamente de forma quase doentia. Não deixa que seus sessenta e oito anos sejam notados no seu corpo. Pena que não tome o mesmo cuidado com o que fala e vive desmentindo o que disse sem pensar.

Vários outros jogadores surgido pós-Pelé como promessas de se tornarem reis, passado algum tempo se transformam em pálidas lembranças, abafadas por uma imagem decadente.
Pelo menos são essas as minhas lembranças, como por exemplo Cruyff, barrigudo, com um perene cigarro numa das mãos e os dedos da outra sempre limpando o nariz;
Ou então Rivaldo, cuja cabeça atrapalha mais seu futebol do que a bola.

Agora temos Sua Alteza Sereníssima Neymar I do Santos, em cima de quem andam fazendo uma badalação que faz sombra para o Fenômeno, este um caso raro que já explodiu mais que uma vez e sempre ajudou a derrotar sua imagem com uma bobagem atrás da outra.

Mas voltemos ao Neymar: só por que ele sabe conduzir, chutar com os dois pés, cabecear, se posicionar em campo, driblar dois adversários em meio metro quadrado, não maltratar a bola nem quando bate de bico e ganha mais que a maioria dos presidentes de multinacionais, todos já acham que o garoto é o máximo, novo substituto do Rei.
Calma, pessoal, Sua Alteza Sereníssima ainda está em formação, com apenas 17 anos mal feitos e com muita bagagem para adquirir.
Ele ainda sofrerá muito com pontapés desleais de zagueiros, posição reservada aos atacantes frustrados, que gostariam de ser como o garoto, mas Deus reservou esse talento para poucos.
E vamos torcer para que ele continue evoluindo e tire o nosso futebol dessa pasmaceira que já me deixa angustiado com dois dias de antecedência, imaginando o que o Brasil vai sofrer com “altitude” de Quito.
Quem sabe nas próximas Eliminatórias a “altitude” seja um problema resolvido por Sua Alteza Sereníssima.

Aceitam um cappuccino?

terça-feira, 10 de março de 2009

O silêncio da inocente.

Nasci na igreja católica, onde fui batizado e crismado.
Briguei bastante com meu irmão mais velho que, ex-seminarista, me chamava de carola quando meu grande amigo Julião e eu fomos pescados pela Opus Dei.
Aliás, ninguém escapa incólume à Opus Dei.
Daí que, ao desatar meus nós, fui procurar outros caminhos que me levassem ao Divino, até desaguar novamente no meu berço original.
No meu ponto de vista o Catolicismo é uma excelente doutrina que só tem um pecado:
Pequena parte dos seres humanos que a compõe, laicos ou eclesiásticos.
Quer saber: é o problema de todas as religiões.

Se por um lado vejo missionários e missionárias passando fome e risco de vida, como uma irmã que conheço que foi obrigada ficar com dois tiros no braço por mais de cinco dias e a viajar de Angola para o Brasil para aqui poder cuidar dos ferimentos, por outro me lembro da Casa do Bispo de Marília, que toma todo um quarteirão e que algum gaiato sempre picha: “opção preferencial pelos pobres”.
Mas essa conduta do Arcebispo de Olinda e Recife me deixou perplexo!
Excomungar as pessoas que cuidaram da vida daquela menina!
Segundo o religioso a lei de Deus se sobrepõe às leis dos homens – e ao bom senso.
Pergunta inocente:
Permitir a seqüência da gestação e provável morte dos fetos e da menina, não seria também incorrer no pecado de “Não matarás a pequena inocente”.
Essa garota, além de violentada, também deveria morrer?
Deus falou isso pessoalmente ao Arcebispo ou ele como homem assim está interpretando. Nesse caso, a lei que ele segue não seria uma lei humana?

Os Arcebispos da Igreja que são tão criticados por seu silêncio durante a Segunda Grande Guerra deveriam ter mais lucidez ao falar e condenar de forma unilateral, sem chance de defesa, aqueles que Deus permitiu que existissem para SALVAR vidas humanas.

Creio que o senhor Arcebispo estaria fazendo um maior bem aos habitantes de Olinda e Recife se destinasse boa parte das esmolas para combater o turismo sexual de menores de idade que grassa pela Praça da Preguiça e imediações, ou pelos calçadões da Boa Viagem.

Quem sabe assim teremos menos abortos e menos excomunhões no futuro.

E lembre-se senhor Arcebispo do maior dos ensinamentos de Jesus: Perdoai as nossas dívidas assim como perdoamos aos nossos devedores.

Rezam uma Ave-Maria?

sábado, 7 de março de 2009

O que é “time sharing”?

Você já ouviu falar ou sabe o que é “time sharing”?
Pois bem, tome cuidado.
Antes de qualquer coisa, vou dizer uma frase ouvida por mim de uma diretora de vendas desse tipo de produto em São Paulo:
“- NO BRASIL O TIME SHARING NÃO PEGOU”.
Vários clientes e amigos nossos, principalmente os que viajam com destino aos resorts norte-americanos, mormente para a área da Disney, ou ainda Cancun e Caribe, voltam bravos com o mundo e comigo por não alertá-los pelo tempo enorme que perdem ao cair na armadilha do “almoço ‘grátis’”, “café da manhã ‘grátis’”, “máquina fotográfica digital pereba ‘grátis’” ou ainda “ingressos ‘grátis’ para parques temáticos ou Disneyworld”.
Aqui no Brasil a moda é oferecer, “totalmente grátis”, um final de semana ou algumas diárias em um estabelecimento de rede credenciada, junto com um convite ao casal para assistir a uma palestra sobre o hotel.
Aí vem o massacre.
Perde-se no mínimo duas horas ouvindo todos os argumentos “positivos” dos produtos e suas negativas sequer são consideradas. São sempre pelo menos dois vendedores que não se constrangem em constranger o assustado casal. Quando parece que você convenceu um deles que não quer efetuar a compra, ele desaparece e vem o outro e recomeça a novela toda desde o princípio.
A proposta é realmente muito boa para quem vende:
a empresa consegue se capitalizar, constrói um hotel equipado e bonito e na hora de distribuir os lucros... bom, nessa hora os lucros ficam com eles mesmos.
Para desfrutar de uma semana por ano nesse hotel ou em qualquer outro da rede, o passageiro compra um título de mais ou menos R$22.000,00. Normalmente os hotéis citados nessa hora são os de cinco estrelas que muita gente gostaria de se hospedar. As fotos esbaldam piscinas e “gente bonita” de sunga e biquíni.
Fique bem atento: você não será dono de nada. Não se trata de um Apart Hotel, ainda que muito sorrateiramente lhe digam que a “escritura” será registrada em Cartório. Não se trata de escritura, mas de um contrato e ele será registrado para dificultar sua saída do plano.
Além disso, também existem as manutenções e a taxa de intercâmbio, ambas na faixa de R$400,00 a R$600,00 e, na maioria absoluta dos casos, a taxa do café da manhã, que nunca está incluído nas diárias, nem mesmo no Brasil onde isso é uma prática.
Alguns desses programas prevêem a sua parcela na troca do mobiliário. No caso da Disney esse valor era próximo dos US$3.000,00 a cada três anos.
As citações a esses valores são sempre feitas de passagem, diluídas na fórmula “você pode alugar para algum amigo ou parente e aí você recupera esse valor rapidinho”.
Pergunto, que amigo vai querer alugar o seu apartamento? Que parente? Certamente o seu cunhado, mas ele vai lhe pagar?
As facilidades do sistema normalmente cessam logo após as vendas.
Já na hora de fazer a reserva, as alternativas nem sempre correspondem às solicitações.
É o caso de um amigo que gostaria de desfrutar sua semana em LOS CABOS, no México, sem sucesso. Foi-lhe oferecido a mesma semana no Ceará ou na Jamaica. Só que ele continuava querendo passar sua semana no México. As desculpas foram várias, como a falta de antecedência na reserva em um hotel era muito procurado por gente do mundo todo(!). Só faltava o hotel não ser procurado.
Ele então solicitou sua reserva para o ano seguinte. A resposta foi rápida: “As reservas para o ano que vem ainda não foram abertas”. Ele se programou e voltou a ligar nos primeiros dias de todos os meses subseqüentes e qual não foi a surpresa ao ver que, num determinado mês, logo no primeiro dia, ouviu do atendente que “as reservas já haviam sido abertas e o hotel lotou rapidamente, sinto muito”.
Ele está no programa beirando quatro anos e ainda não foi a Los Cabos.
E o mais grave dos fatores: Muitas empresas, após um ou dois anos no mercado, simplesmente abrem falência. Aí quem comprou fica com um título – ou o mico – na mão.
E o interessante é ver os mesmos vendedores, fazendo a mesma coisa em uma empresa nova, alguns meses depois.

Vamos retornar aos custos da operação e ao por que desse tipo de venda não pegar no Brasil.
Primeiro fator:
- Nossas Operadoras Turísticas são ótimas e já se adaptaram ao poder aquisitivo do povo brasileiro. A maioria dos pacotes turísticos é financiada em até dez vezes. Você paga a passagem aérea ao preço de Operadora, os hotéis idem, os traslados e, na maioria das vezes, algum passeio e seguro de viagem, em prestações suaves. Fortaleza, em seu melhor hotel na alta temporada, para duas pessoas, com parte aérea de ida e volta, traslados de chegada e saída, hospedagem por 07 noites com café da manhã e taxa de serviços, passeio pela cidade e Praia de Cumbuco e bolsa de viagem custa R$3.500,00;
- Ou seja, R$800,00 de entrada e nove prestações de R$300,00
- Você consegue viajar para onde planejou, na maioria das vezes mesmo sem fazer uma reserva com grande antecedência;
- Quem vai lhe vender o produto tem a firme intenção de atendê-lo, pois além comissionado para isso, normalmente gosta do que faz e se diverte ao lhe atender.

Já no caso do Time Sharing:
a) Para adquirir o plano você se descapitaliza em R$20.000,00 que, minimamente, rendem R$200,00 por mês, ou seja, R$2.400,00 por ano que você deixa de ganhar.
b) Taxa de manutenção; Pode somar mais R$1.200,00.
c) Taxa do café da manhã, que varia de acordo com o hotel. Aquele da propaganda e gente de biquíni custa 25 dólares por dia. O que você provavelmente acabara reservando custará R$15,00. Sua semana para duas pessoas começa por R$210,00.
d) Um taxi bem negociado vai custar de oitenta a cem reais, para a ida e para a volta. O passeio pela cidade com o mesmo taxista outros R$100,00. Muitos taxistas são bacanas, mas não são guias. Some R$300,00.
e) Até aqui a viagem por pessoa já está em R$2.055,00.
f) Você vai ter que comprar a passagem aérea ao preço de consumidor, ou seja, no mínimo o dobro do valor pago por uma Operadora. Eu já demonstrei a vocês que ninguém faz milagre nessa área. Viajar para Recife em janeiro vai custar R$1.500,00 por pessoa. Se conseguir um Corujão, com duas escalas, a despesa cai para R$2.600,00 o casal;
g) Isto falando de uma viagem nacional. Para o exterior o prejuízo é calculado em dólares.
h) Você não vai ter traslado, nem seguro, nem assessoria ao chegar ao destino.
i) Dificilmente as pessoas que trabalham conseguem fazer mais de uma viagem por ano. Mesmo os aposentados. Então, fica difícil diluir os custos.

Quero ressaltar mais três detalhes:
Há três semanas estava sendo convidado para uma dessas sessões de vendas quando me perguntaram a minha profissão. Resposta: Agente de Viagem. Gentilmente a mocinha me disse: “Ah! Eu sinto muito, mas esse produto não está disponível para agentes de viagem. Muito obrigada e até logo”.

O segundo detalhe diz respeito à desistência do produto. O contrato de venda é feito de uma forma que é impossível rescindi-lo sem penalidades que resultarão em praticamente o pagamento total. Se a coisa é tão boa assim, a troco de que um contrato tão draconiano? Você gostaria de assinar um contrato que só pode ser desfeito com advogados e PROCON?

Tenho uma amiga que comprou esse produto há quatro anos e disse então que estava muito satisfeita. Mas não converso com ela há praticamente há três anos...

Fica a pergunta: Time Sharing para quê?
Um grande abraço do casal Mota Onça aos amigos Val e Eliseu por seus 22 anos de casamento.
Aceitam um prosseco?