sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Hoje é o dia do Quarup!



Vou me permitir chorar por meus entes queridos que já se foram e misturar minhas alegrias às lágrimas.

Vou me recordar da mão quente que segurava a minha nas frias manhãs de Santa Terezinha, a caminho da missa.
Vou recordar da bicicleta que trazia um vento veloz ao meu rosto, uma alegria única na falta de fôlego que isso provocava. Ou do trem e seu balançar dengoso, seu barulho ritmado a cada passagem de trilho e as paisagens que encheram meus olhos de menino, rumo a casa da minha avó.
Meus ouvidos ainda tem os assobios confundidos com o barulho do serrote ou o canto suave com o pedalar da máquina de costura.
Meus sentidos ainda sentem o café com bolo de fubá ou a laranja descascada após o almoço.
Vou me recordar do acordeão, do piano, do violino e das músicas que cantamos ou dançamos.
Minhas primeiras letras, disformes, no caderno, com muitas pontas de lápis quebradas e muita paciência no ensino.
Vou lembrar quando fui ao Circo do Arrelia.
Minhas lembranças irão me trazer o gozo de jogar com meu irmãozinho contra a rapa no asfalto recente da Dona Elfrida.
As histórias da família que iria entrar e as broncas por trazer a namorada tarde para casa também estão aqui, junto com os pasteis de domingo e os palavrões a boca pequena na sala de TV.
Meu parceiro na escrita de um livro e o feijão que nunca mais vou comer igual.

Então tenho que parar para chorar.
Hoje é meu Quarup!
Peço licença para chorar! Preciso chorar e tirar essa mágoa que a ausência de todos me traz.

Os dias ainda recentes me levaram vários amigos, alguns tão moços que não consigo entender o que é essa Providência Divina ou vontade de Deus.

Então vou fazer meu quarup!
A benção a todos. Saibam da minha saudade.


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