quarta-feira, 30 de junho de 2010

O racismo em pequenas atitudes

Embora eu sempre tente tapar o sol com a peneira e seja capaz de jurar que o racismo no Brasil é coisa de poucos, ainda fico muito indignado com pequenas atitudes que são tomadas, por exemplo, em órgãos da Imprensa, normalmente na forma descompromissada de dar notícias.

É o que acontece ao se abrir a pagina inicial da UOL e começar a desfiar as notícias de esporte.
Estamos na Copa e dentre as notícias se acha um tópico “Musas do Mundial”: são setenta e nove fotos disponíveis, algumas de sério mau gosto, com a chancela de foto feita para homem.
Mas como não quero analisar a qualidade das fotos, vamos ao meu tema:
Oito dessas fotos têm mulheres orientais estampadas; são sete de rostos diversos e um enorme par de seios com a bandeira do Japão pintada num deles.
Duas, apenas duas, mostram negras e ainda assim, mulatas. Negra mesmo, de tez retinta, nenhuma.
As demais sessenta e nove fotos refletem alemãs, argentinas, holandesas, dinamarquesas, brasileiras brancas,ou seja, aparecem pelo menos quarenta e uma loirinhas e praticamente o mesmo número de morenas.

Há algum tempo atrás um historiador norte-americano, John Hope Philliphs, protestou contra o que ele chamou de racismo absurdo das grandes redes televisivas que, em seus programas tipo Datena, sempre colocavam as imagens de criminosos negros, nunca brancos.
Michael Moore, um branco diretor de cinema, muito consciente, começou a colocar em seus programas esse tipo de discriminação e a mostrar que, por exemplo, os grandes “criminosos em série” eram esmagadoramente brancos. E também os criminosos do meio financeiro, essencialmente brancos.
Paulatinamente as TVs mudaram de atitude, ainda que não muito.
Assim como nas grandes séries com muitos mocinhos tem sempre um negro e um asiático entre a turma do segundo escalão, eles atenuaram um pouco a discriminação na geração desse tipo de programação.

No Brasil se toma mais cuidado com o racismo direto, que pode dar cadeia, embora ainda reste aquele racismo de pequenas conversas.
Entretanto já vou avisando: veja meu histórico familiar e saiba que tenho uma sócia judia; portanto, não conte piada racista ao meu lado porque eu vou chiar.

Ainda é tempo da UOL alterar essa monstruosidade e mostrar as imagens das belas negras que existem na África do Sul, seja na torcida, seja nas ruas.

Enquanto isso, vamos clarear nossa cabeça e nossas atitudes, e vamos tomar nosso cappuccino.

3 comentários:

José Antonio disse...

Parabéns pelos dois últimos textos!

Um abraço!

Tum

Simone Fragoso disse...

Oi querido

Eu nunca tinha entrado num blog.
Estou entrando no seu e estou adorando o que você escreve. Se ser consciente é ser rabugento, então quero me tornar rabujenta com você.
Também gostei do artigo sobre o Dunga e a Globo.
Um beijo.
Simone Fragoso

Arnaldo Onça disse...

Obrigado a ambos pelos elogios.