quarta-feira, 9 de junho de 2010

Com a alma fria

Lembro da alegria da minha mãe quando passei no concurso para o Banco do Brasil.
Ela imaginava, como eu também, que teria um bom emprego para o resto da vida e a segurança de não ser mandado para a rua por um chefe mal humorado ou as flutuações da economia do Brasil de então, que era bastante tumultuada.

Foi muito bom trabalhar lá, pois efetivamente eu devo tudo ao Banco; afinal, antes de entrar no Banco eu não tinha Lesão por Esforço Repetitivo, Hérnia de Hiato, Estresse e, principalmente, frustração com os Desgovernos Federais.

Um dia no passado alguém pensou que, se desse uma complementação salarial ao Fundo de Previdência do Banco do Brasil, poderia reduzir o aumento salarial de então e criar uma categoria de funcionários livre de tentações que a corrupção permite ao meio bancário.

Durante minha carreira no Banco por inúmeras vezes sofri assédio de clientes para que os favorecessem em empréstimos que não seriam pagos e outras coisas mais e nunca me senti tentado por dois fatores: fui muito bem educado e não me deixaria tentar por algo que pudesse por meu futuro – desenhado tranqüilo – em risco.

Curiosamente um ex-funcionário do Banco que nunca foi muito do batente e fez uma grande carreira nos corredores da Direção Geral, acabou se tornando um ministro feijão com arroz e - a custa da amizade de quem havia lhe ajudado muito na carreira – para se manter no cargo, resolveu expor de forma decrépita os funcionários que, na época, tinham um forte espírito de corpo muito bem lapidado e explorado pelos afiliados do Partido dos Trabalhadores lá instalados. Sim, em nenhum outro lugar o PT foi tão forte quanto no Banco do Brasil e seu quadro funcional forneceu e ainda fornece ministros ao governo atual.

Essa fama de Banco celeiro do PT, gente que não gosta do trabalho e quer ganhar muito, custou ao funcionários uma tremenda revanche do Governo delle, o louco das Alagoas.
Após um breve respiro no mandato tampão do Itamar, os funcionários foram massacrados pelo governo Psdbista de FHC, época em que o Sindicato simplesmente afinou e se entocou na justificativa: “com esse governo não se negocia”.

Como todos brasileiros, nós funcionários imaginávamos melhoras com o Governo (?) Lula, sem corrermos o risco de ver o Banco e a Caixa de Previdência nas mãos de pessoas que negociavam “no limiar da irresponsabilidade”.

Por oito anos ouvimos uma conversa que tivemos aumentos (!?!) no período e que as coisas só não estão melhores porque na partição do poder, o BB ficou com o PMDB do Sarney.
Lula cuspiu na cara dos funcionários do Banco do Brasil e continua cuspindo - para não usar expressão pior - nos aposentados, através da PREVI.

Agora pairam sobre nós duas ameaças que me deixam com a alma fria, tal qual acontecia com minha mãe quando lhe apresentava uma namorada que ela não gostava:
Ou ficamos nas mãos irresponsáveis que depilarão a PREVI numa penada de José Serra;
Ou continuamos nas mãos da Companheira, que rifará o BB para algum apoio.

Ainda bem que a crise mundial fez ver que os arautos da completa “liberdade de mercado” correram rapidinho para o colo salvador das burras governamentais quando a coisa ficou preta e, quem sabe, não se pense mais em privatizar o Banco do Brasil.

Já meter a mão na grana da Previ, Deus nos livre de outra Cristina...

Aceitam um sal de frutas?

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