quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Alea, jacta est.

Recentemente algumas pessoas contestaram essa vírgula que coloquei na frase de Júlio César, mas eu vou mantê-la assim por um entendimento do meu amigo Gilberto Bruce, que achava que o imperador mandava seus exércitos à frente por não ver alternativa de retorno.
Assim, algo desconsolado, teria dito: Vamos, (a sorte) está lançada.

Há alguns anos atrás Michael Schumaker disse que admirava a insistência de um determinado piloto brasileiro, perguntando-se aonde ele encontrava motivação para pilotar um carro que chegaria com certeza entre os últimos.
Duas coisas o piloto alemão não sabia:
Primeira: o que é ter o bolso cheio de dinheiro e poder comprar algumas coisas que por talento jamais se alcançaria;

Segunda: o que é ser brasileiro, povo acostumado pelos dirigentes, políticos e esportivos, a entrar numa competição para competir, não ganhar.
Nossa única e clara exceção esportiva está no voleibol.

Já na nossa natureza política, as últimas eleições me mostraram uma mudança clara naquilo que eu julgava algo pétreo: ou deixamos de ser desinteressados nas pobres benesses que recebemos ou deixamos de ser crentes na velha máxima bíblica: “bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça”.

Expressei várias vezes a minha desilusão desde que se apresentaram os candidatos à Presidência da República.
A alternativa da candidata do Partido Verde não foi a opção que o resultado do Primeiro Turno apontou. Assim como eu votei nela, tenho certeza que, além dos votos por identidade com a candidata, uma massa enorme de pessoas também votou para mostrar que era contra a polarização induzida da candidatura do PT (que expressava a bandalheira com dinheiro público de momento) e a candidatura do PSDB (que expressava a bandalheira do passado).
O mesmo fenômeno aconteceu na eleição passada com a Heloisa Helena, recordam?
Pois é, a Heloisa Helena sequer se elegeu senadora nesta eleição.

Vamos deixar claro: os dois partidos nos decepcionaram muito com relação ao trato da coisa pública.
Todos nos lembramos da frase “no limiar da irresponsabilidade” dita à época que as privatizações enriqueceram algumas figuras ligadas umbilicalmente ao Presidente FHC.
Se nós já achávamos que isso era ruim, nada superou a coleção de escândalos que envolveu o governo de um Partido que se proclamava arauto da correção e que demonstrou ser bem diferente quando geria a carteira de dinheiro público.

Foi muito divertido ver os dois candidatos se proclamarem amigos do verde, contra o aborto e adotarem toda a linha verde-evangélica da Marina Silva achando que as pessoas transfeririam seus votos para eles.

Mais interessante ainda foi ver que mais de cinco milhões de brasileiros preferiram as férias, o descanso e a abstenção pura e simples e somaram-se ao contingente histórico das abstenções, que chegaram a quase 29.200.000, recorde absoluto.
Somados aos votos nulos e brancos, a reprovação ou indiferença aos candidatos chegou a 26,75% do eleitorado.
Um em cada quatro brasileiros não sente afinidade com a eleita ou com o derrotado.

Mas agora a sorte está lançada e hoje já presenciamos a guerra por cargo entrar na ordem do dia com alguns desaforos sendo proferidos.

Da minha parte, penso firmemente em duas coisas:
Rezar pela saúde da Dilma, porque Deus nos livre do seu Vice;
E ficar vigilante e manter na memória uma frase de Léon Gieco gravada logo cedo por alguém consciente e querida:
“Só peço a Deus que a mentira não me seja indiferente, se um traidor pode mais que muitos, esses muitos não o esqueçam facilmente;”

Aceitam um cappuccino?

2 comentários:

Carminha disse...

Onça,


Sempre tenho lembranças muito auspiciosas ao ver seu blog, e desta vez não foi diferente ao lembrar do nosso grande amigo Gilberto.
Suas lembranças são muito encantadoras.


Carminha

Arnaldo Onça disse...

Graças a Deus ainda são muitas as lembranças e muitos os amigos.

Abraços
Arnaldo