quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Panamá, Oh Panamá!

Fico sempre muito irritado com a nossa cultura completamente submissa ao padrão europeu de tempo e espaço que só não é pior que o padrão americano de tempo e espaço.
Nós nos submetemos a esse padrão educacional que nos inferioriza, e isso não é bom.

Tenho um livro para ser publicado que começa da seguinte forma no seu capítulo 42:


“... Se citar, por exemplo, o Rio Danúbio, a maioria esmagadora das pessoas saberá que ele nasce na Floresta Negra, nos Alpes Bávaros, próximo à cidade alemã de Freiburg, por nós conhecida como Friburgo.
De águas limpas e frias, o Danúbio corre rumo ao leste e atravessa toda a Bavária deixando a Alemanha pela cidade de Passau, entrando pela Áustria junto a cidade de Schärding, rega belos pastos, passa soando música azul por sua bela capital, Viena, segue adiante formando a fronteira da Eslováquia e a Hungria, onde seu curso muda para o sul e por este país corta sua capital, dividindo Budapeste ao meio, separando a cidade velha e alta, Buda, da cidade nova e baixa, Peste.
É um rio que faz fronteiras.
A fronteira da Croácia e a Sérvia é feita por ele, e neste último país recebe um substancial acréscimo de águas pelos afluentes Sava, antes, e Morava, depois de Belgrado.
A Bulgária se separa da Romênia praticamente só pelas águas do Danúbio e no fim desta fronteira, cruza a Romênia de sul ao norte até atingir a cidade de Galati, na Moldávia. Daí, até desaguar no Mar Negro, separa a Romênia da Ucrânia.
Tenho certeza absoluta que você se lembrava disso tudo e esta redação foi desnecessária. Bastaria perguntar algo como
“O que você se recorda a respeito do Rio Danúbio, além dele ser azul?” que tudo isso afloraria de imediato em sua mente. Faz parte de nossa educação que, como já disse, tem raízes européias.”

Por que isso tudo, Onça?
Pela vergonha que passei no Panamá.
Achei que conhecia sua história e sua geografia e vi que meu conhecimento sobre o país era pura perfumaria antiamericana.
Não tinha noção de suas riquezas e do excepcional momento que vive o país.
Chegando de volta ao Brasil perguntei a diversas pessoas, de forma capciosa:
- Qual a taxa atual de crescimento anual do Panamá?
Para outra questão dei até alternativas:
- Há quantos quilômetros a Cidade do Panamá está do Oceano Pacífico?
As possibilidades são: 82, 62, 72, 92.
Enquanto você consulta a internet, vou adiante.

Adorei a Cidade do Panamá.
Ampla, verde, bela, é habitada por panamenhos patriotas que, após a devolução do Canal pelos americanos, se sentem mesmo donos de suas terras e, no mês de novembro comemoram o mês da pátria, sua independência da Gran Colômbia, colocando bandeiras panamenhas nas janelas, nos jardins, nos carros, mais ou menos como acontece de quatro em quatro anos no Brasil, fora da semana da pátria.
Veja só o jardim da Ciudad do Saber. clique sobre a imagem, se não estiver clara.


Sua proximidade aos centros produtores de eletrônicos da Ásia lhes possibilita vender eletrônicos, perfumes, relógios e óculos, roupas de grife, feitas ou não na China, por preços sensivelmente aos praticados por nossos vizinhos da hidroelétrica.
Só como exemplo, um televisor LCD de 32 polegadas, HD, que custa em oferta R$2.999,00 no Brasil, sai no Panamá por US$499,00, com nota.
Um carro zero, Pajero - que não tenho noção do preço no Brasil - custa US$22.000 a US$23.000, dependendo dos apetrechos que carrega.
Os carros dos guias nos quais fizemos nossos tralados e Passeio pelo Cidade – lá não tem City Tour – eram confortabilíssimos e espaçosos.
As vitrines dos Centros de Compras são modernas e têm curiosidades como as manequins das fotos: parece que turbinar por lá é mania.





Também se come bem no Panamá, e suas carnes vêm sempre acompanhadas de forte tempero e patacões, fatias de plátano amassadas e fritas.
Tem boas cervejas locais, como a Balboa.
Foi nessa cidade que conhecemos Feliciano, o melhor guia que já conheci em todas as minhas viagens. Simpático, de sorriso fácil, nos explicou em espanhol suave tudo o que viríamos no Canal do Panamá e nas Cidades nova e antiga. Patriota sem ser ufanista, conhecedor da história e estudante de Direito, foi efetivamente competente no que fazia e com muito gosto gravamos em vídeo a uma pequena parte da história do seu país.





Ele nos mostrou a parte bela da cidade e também a parte pobre e aí me deu mais uma lição: não colocou aquele monte de desculpas que eu sempre dei a visitantes estrangeiros, falando da desigualdade social. Trafegamos com tranqüilidade pela área, vendo crianças correm em brincadeiras e se divertindo como em qualquer parte do mundo.


Que o sonho mais secreto do Feliciano se realize: ele significou muito para o sucesso da nossa passagem pelo Panamá.

Como você ainda não achou a resposta a nossa pergunta, saiba que o Canal permite o trânsito diário de aproximadamente 40 grandes navios a um custo de 80 mil dólares cada, o que gera uma receita - dividida entre seus três milhões e duzentos mil habitantes – de um dólar per capita por dia.
Talvez por isso hoje se construa tanto no Panamá.
Muitas construtoras brasileiras estão lá.

Bom, e vamos à resposta as nossas perguntas:
O Panamá cresce a taxas próximas a 10%, talvez um pouco abaixo este ano por causa da crise mundial e fique aí pelo 8%.
Já a Cidade do Panamá fica no Oceano Pacífico.
É lá que começa o fabuloso canal que deságua no porto livre de Colón, no Atlântico.
Todos nós fazemos confusão com relação a isso, culpa da nossa educação preguiçosa e mapas mal desenhados. E nossas classes voltadas para as minícias européias.

Se você gosta de um bom lugar para passear, coloque Panamá na sua lista.

Aceitam um patacón?

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