sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Cuidado com sua escolha ao viajar.

Primeiramente saibam que nossa última viagem foi ótima!

Afinal, NENHUM LUGAR QUE VIVA EXCLUSIVAMENTE DE TURISMO CONSEGUE FAZÊ-LO SE NÃO TIVER SEUS ENCANTOS

Recebemos passagens de cortesia pela Gol, e nossa parte terrestre, conforme nós solicitamos, ficou a cargo da Visual Turismo e nossa adorada Débora, como usualmente fazemos para nossos passageiros também.

Resolvi escrever sobre a parte menos interessante desta feita por dever de ofício, para quem por acaso estiver planejando suas férias considere também esses detalhes, pois como já disse anteriormente: a Internet aceita tudo. Até críticas unilaterais como a minha.

Mas, muito bem, você decidiu viajar!

Como fazem 40% dos brasileiros que acessam a internet, você resolve garimpar o que tem por aí para poder descansar com gosto e curtir um calorzinho, um friozinho ou um simples e deslavado ócio.
Então você digita o endereço de uma grande agência de viagens, folhei revistas especializadas e vai procurando os destinos através das indicações que vai encontrando.

Digamos que você tenha ouvido muitas coisas lindas sobre um local, como aconteceu comigo há 38 anos atrás quando vi uma reportagem sobre uma determinada ilha caribenha, a ilha de San Andrés. Desde então meu imaginário guardou as informações e aguardou a oportunidade.

Quando tive alternativas de escolha de hotéis, chamou-me a atenção a opção “all inclusive”, pois os preços eram atraentes. Em navios, por exemplo, acho que não compensa, mas fui verificar em um hotel.
Digitei o site DECAMERON.COM, destination: Colômbia, San Andrés, e fui verificando os hotéis.

Logo me chamou a atenção o DECAMERON MARAZUL, no qual acabei me hospedando por três noites e já vou informando:
Se sua opção for San Andrés, na minha modesta opinião só existem duas boas alternativas: este hotel e o Hotel Sunhise, cinco estrelas que tem a seguinte placa sobre a porta de serviço: “por aqui passam os melhores trabalhadores de hotel desta ilha”. Bons funcionários, bons quartos, bom restaurante e duas praias de mais ou menos 24 metros quadrados cada uma.

Os demais hoteis ou são muito apropriados a monges franciscanos - e não os tenho entre meus clientes - ou são mal localizados.

Paga-se 17 dólares de taxa de turismo por passageiro para se entrar na ilha e, caso se vá via Bogotá, mais US$5,00 ao chegar a esta cidade. Ao deixar San Andrés um funcionário fica com todos os papéis referentes a esse pagamento e você sem comprovantes.

Praticamente todos os vôos chegam a San Andrés entre meio-dia e meia e uma e meia da tarde. Forma-se uma fila enorme na Polícia de Fronteira, fria, outra na Alfândega, modorrenta e, depois 25 e 50 minutos você pode pegar sua mala.
Um carregador se ofereceu para levar a bagagem da Elisa e, face sua educada recusa, ele acenou para o funcionário que controlava o tíquete da mala, que acenou para a Polícia anti-drogas e a Elisa foi parada para revista. Eu que estava junto, fui dispensado. Quando parei para abrir o cadeado da mala, fui empurrado por policial, que me mandava embora. Com muito custo consegui explicar o que só eu portava a chave do cadeado, enquanto o que revistaria a dita cuja já portava um estilete na mão. Ele havia aberto uma mala anterior a nossa e o dono coitado, morador da ilha, só protestou pelo dano desnecessário do lado de fora do aeroporto. Sabe como é...

Como estava sem traslado, contratei por 24 dólares junto à funcionária da Decameron Hoteles, no aeroporto.
Tive que dar meus trocadinhos, pois ela não tinha troco para a nota de 50 e, sorrindo, sugeriu que lhe deixasse o troco como gorjeta. Santa inocência!

O traslado “particular” foi compartilhado sem perguntas por um funcionário do hotel e um taxi decrépito.
Peculiar. Ainda bem que nem todos na ilha são assim.
Um senhor bêbado fingiu ajudar o motorista a colocar minha mala no bagageiro e quis pegar dinheiro na minha carteira quando me recusei a dar-lhe um trocado. Gritou várias palavras cujo significado não entendi.

Confesso que minha chegada frustrou um bocado minhas expectativas.

A princípio fui para o Hotel Decameron Aquarium onde nos hospedam em apartamento em torres sem elevadores.
As funcionárias do hotel têm mais ou menos aquela expressão facial pedante das cubanas quando fazem um ponto na seleção brasileira de voleibol, mesmo que perdendo de 23 a 14.
Se acham muito!

E nem são tudo isso!

Nossas malas são colocadas num salão e fomos almoçar, para aguardar a palestra que explicaria o funcionamento do hotel.
No caminho tropeçamos em alguns canadenses bêbados que um brasileiro hospedado no hotel nos revelou, com desencanto, que eles pagavam um valor praticamente 50% mais barato que nós brasileiros.
Esse casal estava com um filho de cinco meses e foi o último a ser encaminhado para o quarto, ainda assim quando já se preparavam para trocar a fralda do garoto ali mesmo na mesa das atendentes. Tiveram que trocar de quarto três vezes e acabaram desistindo da procura por um lugar mais adequado por cansaço.

Pessoal, “all inclusive” pode ser uma grande fria na hora das refeições:
São sempre três tipos de saladas de repolhos, duas de cenouras, duas de tomates, uma de cebolas fatiadas, melancias fatiadas e picadas e quatro pratos quentes: arroz, lentilhas, frango e peixe. Pouca coisa muda.
Sobremesa: Bolachas e cookies.
No local das refeições são servidos sucos a base de água local e outras bebidas podem ser solicitadas aos garçons e demoram, em média, 4 a 6 minutos para chegarem à mesa.
Deixei meu prato, no qual havia colocado algumas cenouras e cebolas, sobre a mesa e fui procurar talheres. Quando voltei, meu prato havia sido recolhido.

Bebidas: sem palavras. Não sei o que era aquilo que eles chamavam de vinho, a cerveja não faz espuma no copo, como atestou o grande expert Hugo, um carioca que por lá descansava.


Refrigerantes são locais, sabor toronja, melancia e morango e, estranhamente, mesmo com a embalagem aberta na hora, a Coca-Cola parecia meio sem gás;

Não existem opções de licores e a coisa rola mesmo é com muito álcool, para o pessoal já ficar bebado logo as nove da manhã.

Um canadense começou a requebrar de forma indecente voltado para minha fofinha que, graças a sua boa educação, portou-se melhor do que faria a Rainha da Inglaterra e resistiu durante três ou quatro segundos até que eu chegasse e me postasse entre os dois. Aí a mulher do cara me beliscou no bumbum! Coisa horrorosa!

Nosso apartamento, instalado no quarto andar, tinha uma vista espetacular.
Também tinha um forte cheiro de mofo, pela falta de manutenção do ar condicionado, e um banheiro peculiar: ao abrir a porta, mais ou menos a 40 graus já se batia na bacia da privada. E o chuveiro, claro, mal funcionava.
Separado do quarto ao lado por uma pequena porta – que se deixa aberta no caso de quartos conjugados – recebíamos todos os sons do quarto vizinho que, certamente, também sabia de toda a atividade no nosso quarto.
E os caras ficavam ouvindo música e vendo tevê até as duas da manhã. Chamar a recepção: inútil. No dia seguinte descobri como se ligava diretamente para o apartamento e eu mesmo pedi para “disminuir o sonido”. Fomos prontamente atendidos.

À noite o jantar se encerra às nove e meia. Chegamos as nove no momento que o funcionário dos grelhados recolhia tudo que supostamente era carne de vaca. Quando perguntei se não poderia me servir, ele não respondeu e virou de costas, indo embora. A carne só apareceu depois nos pratos do chefe da cozinha e daquelas garotas da recepção as quais me referi e que continuavam com a mesma expressão facial que se divertiam razoavelmente numa mesa atrás da nossa.
Sobremesa: Pudim de ovos e cookies. Estava com meu prato e o da Elisa na mão e, quando fui colocar a fatia de pudim no segundo prato, o atendente o hotel retirou na cara dura o que sobrava na travessa, me deixando com a espátula na mão, e levou tudo diretamente para a mesa dos funcionários.

Saímos do restaurante e resolvemos dar uma volta por fora do hotel. Tinha uma pequena porta que não sabíamos ser somente para funcionários: o cartaz estava atrás de nós. Um segurança apontou para a entrada do hotel e disse: Lobby!
Acenei concordando com a cabeça e comentei: aqui é só para funcionários.
Mas tínhamos que dar mais dois passos para frente para fazermos uma curva no calçamento.
O guarda colocou a mão sobre a arma, deu um passo à frente e apontou de novo gritando: Lobby!
Meu Deus! Que horror! Que susto!

Em suma, fuja do hotel Decameron Aquarium!

Logicamente que solicitei a saída do hotel e fomos transferidos ao Decameron Marazul, onde o tratamento foi completamente diferente.
As opções de comida são melhores e as sobremesas têm alguns pudins além de cookies e o restaurante tem o Ernesto, uma simpatia de dois metros de altura que cantarolava o tempo todo e atendia de forma soberba.
Veja a foto dele:

Agora vejamos como a internet nos pode enganar:
Vejam estas fotos do Decameron Aquarium:
Esta é a foto do Site:
Estas são as fotos do local, com a maré baixa. Com a maré alta a água avança até o coqueiro:











Mesmo no caso do Marazul que, repito, é um bom hotel, vejam estas fotos do site:



E agora como é o local:


Se olharmos no site, tem uma foto que não consegui capturar a imagem, onde a praia “ganha” vários metros e esses sacos de areia - destinados a proteger a praia artificial – desaparecem. Uma palavra: Photoshop.

Este artifício é usado também na propaganda do Decameron San Luis.


Vejam o site:









Vejam a realidade:


Mais duas informações sobre o San Luis:
O mais distante do centro dos hotéis tem boa comida, segundo uns amigos que se hospedaram lá, mas seus quartos são decepcionantes e está situado ao lado de um cemitério, que o guia informou não estar incluído no pacote.
Ainda bem.

Por derradeiro saibam que em matéria de praias a ilha é muito decepcionante, pois elas praticamente não existem e, as três existentes não têm mais de cinco, seis metros de largura.
Somente na ilhota de Johnny Key tem uma praia razoável e águas de uma cor inebriante e inesquecível.
Foi nessa ilha que ouvi uma pergunta para a qual não tive resposta:
Uma argentina me perguntou:
“– Brasileiro! Que você esta fazendo aqui nesta droga, com aquelas praias maravilhosas que vocês têm?"

Lembrei de mais um fato curioso: tive muita pena da funcionária de uma loja do aeroporto que me perguntou se as praias no Brasil eram tão lindas como as de San Andrés.
Num átimo avaliei que ela possivelmente passará toda sua existência naquela ilha e jamais poderá ter contato direto com outras praias.
Dei uma piscadela de olho e respondi: "Quase..."

A propósito: se sua intenção é comprar perfumes e eletrônicos, vá para o Panamá.

Aceitam uma Cuba Libre?

2 comentários:

Anônimo disse...

Caro Arnaldo,
Espero que você e Maria Elisa tenham feito ótima viagem e estejam bem.
Entrei em seu blog (muito bem estruturado e escrito, aliás) e agradeço a
citação de meu nome como "expert" em cerveja (talvez, sem falsa modéstia,
eu seja, mesmo...).
Em relação ao texto sobre San Andres, permita-me discordar "um pouco": na verdade, Alzira e eu gostamos da ilha e não nos arrependemos da escolha.
Embora a prainha do hotel não possua, realmente, atrativos especiais,
descobrimos belíssimas praias na ilha de Johnny Kay (acho que se escreve
assim) e na ilhota do Aquário. Fizemos, ainda, um interessante passeio numa
embarcação que permite visualizar o fundo do mar e seus habitantes. Além do mais, mesmo reconhecendo que, aqui, no Brasil, temos praias maravilhosas, é
sempre gratificante conviver com outras culturas e povos (escutar "reggae",
à noite, em lugar de lambada ou forró, por exemplo).
No que diz respeito ao hotel, lembro, como dica a seus clientes que para lá
forem, que o padrão do restaurante "internacional" (Caravelle) é
infinitamente superior ao dos outros dois. Por isso, vale á pena acordar mais cedo, encarar a "fila do mau-hálito" e reservar lugar para jantar lá.
No mais, ressalto que foi um grande prazer ter conhecido e compartilhado
bons momentos com vocês. Espero continuarmos em contato !
Alzira e eu mandamos um grande abraço !
Hugo Coelho de Alvarenga Peixoto
Coordenador de Segurança da Informação
Área de Gás & Energia
G&E-Corporativo

Arnaldo Onça disse...

Caro Hugo!
Grato pelas palavras e também espero que você e a Alzira tenham tido um excepcional retorno.
Excelente sua resposta, que postarei no blog, para que todos saibam que realmente, até mesmo como eu disse no começo, a ilha tem mesmo seus encantos e nunca existe viagem perdida.
Como poderia me queixar, por exemplo, dos papos maravilhosos que tivemos sob o sol e sob luar, com cerveja gelada e em companhia de duas belas garotas?

O foco desse artigo foi chamar a atenção para os pacotes "tudo incluído" e para as armadilhas da internet.
Abraços
Arnaldo