quinta-feira, 6 de maio de 2010

Compra laranja, Doutor.

Ouvindo Elis Regina eu percebi que nossas preocupações mudaram muito nestes últimos quarenta anos;
Antigamente os guris que importunavam a classe média e alta nas feiras tentavam vender laranjas, limões e mandiocas.

Recordo uma mudança que eu presenciei com um garoto da minha rua:
Moro numa rua onde todas as casas têm a aparência simples de casas Classe Média, exceto a casa desse garoto que tinha uma aparência empobrecida pela morte prematura de seu pai no lago do Parque Toronto. A diferença de posses que ele sentiu na infância foi a eventual causa e fator para que ele tivesse sido “adotado” por um traficante. Logo começou a vestir roupas melhores, relógio no pulso e, subitamente, foi morto. A família vendeu a casa e se mudou para fugir de alguma represália ou coisa parecida; é tudo o que sei pelas conversas da vizinhança.

Imagine só que eu escrevi esse drama todo porque estou mais uma vez aborrecido com as palavras do Pelé. Sim, de novo o Pelé falou alguma coisa que vai contra o sentimento de todas as pessoas no país e deu sua opinião que a seleção brasileira não deve ter a presença de Sua Alteza Sereníssima Neymar I e do Ganso.

Várias vezes ouvi meu ídolo de infância abrir a boca e fazer comentários que vão contra o bom senso que ele tinha quando jogava futebol e parou antes que sua imagem desmoronasse. Sua imagem como jogador está mesmo intacta, mas sua imagem como homem vai sendo dilapidada a cada comentário besta ou cada atitude politicamente incorreta.

A única bola dentro que deu foi quando pediu atenção pelas crianças ao fazer o milésimo gol e foi trucidado pelo pessoal do Pasquim. Se efetivamente tivessem dado atenção para sua preocupação, talvez os garotos do morro estivessem na escola chupando laranjas e meu ex-vizinho vivo.

Mas quando excluiu o Gerson da Seleção de Todos os Tempos e colocou o Hong Myung-bo e Nagata no seu lugar, previu a Holanda como campeã mundial, entre outras bobagens, ele podia ter refletido um pouco mais ou até mesmo observar um obsequioso silêncio.

Aceitam um cappuccino?

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