sexta-feira, 16 de abril de 2010

Um pecado comum em diversas religiões.

Ao analisar as grandes religiões que congregam a maioria das pessoas da Terra, meu tênue conhecimento teológico só conseguiu encontrar uma unanimidade:
Seja bom e prepare o caminho para que a alma continue a viver bem depois de deixar o corpo.
O Islamismo, com sua pregação bondade e doação ao próximo, não difere do princípio de “Ame ao próximo como a ti mesmo” do Cristianismo.
E só consegui encontrar um defeito comum em todas elas: as pessoas que as praticam.
São os sacerdotes e fiéis que pregam e praticam o cisma e a intolerância, os que tentam impor suas convicções pessoais sobre os mandamentos e normas de sua religião ao invés de simplesmente abandoná-la ou procurar outros caminhos.

A bola da vez, agora, me parece que é a Igreja Católica e seu prior máximo, Bento XVI.
Ainda que estejamos vivendo uma era onde punir se torna cada vez mais proibido, o perdão parece ser mais proibido ainda; a lei do Talião é a única que não pode ser abandonada: olho por olho, dente por dente.
Então, os pecados do século XVI, aos quais o Papa anterior já pediu desculpas, são sempre ponto de partida para alinhar ou alinhavar pensamentos que posicionam a Igreja nos tempos dos Autos-de-fé.
Acho interessante a voracidade com que, na Europa e Estados Unidos, pessoas se lançam em busca de indenizações pelos crimes dos padres, os homens, não sacerdotes. Sorte deles que não estão no Brasil, onde a Moral e Danos Morais de uma pessoa estão limitados a 200 salários-mínimos. Uma palmatória na Alemanha, dada em 1.930, está sendo cotada em 10 milhões de Euros e uma bordoada de um padre na Escócia, de 1.950, em 3 milhões de Libras Esterlinas.
Meu Deus! Com todos os safanões que levei no catecismo e na escola estaria bilionário!

Como a Igreja nos Estados Unidos está à beira da falência, alguns dos seus advogados têm tentado evitar que sejam cobradas indenizações miliardárias com a argumentação que a atitude isolada do padre não tinha a anuência da Igreja de Roma. Essa premissa foi o que bastou para surgirem nestes últimos dias algumas situações curiosas que muito me inquietam:

Jornais norte-americanos, eternos rivais da Igreja Católica, têm encabeçando uma grande campanha denegrindo a figura do Bento XVI, seu irmão e, em breve, devem publicar alguma coisa sobre seus cãezinhos de estimação que “latiam de forma discriminatória” aos transeuntes da famosa casa de Traunstein. Os jornais do resto do mundo, como de hábito, simplesmente repercutem sem crítica essas notícias, assim como fazem quando nos enfiam goela abaixo as fotografias dos filhos da Angelina Jolie.

A minha outra inquietude diz respeito à falta de ação do Estado. Afinal de contas, lugar de criminoso é na cadeia e quem deveria mandar o padre pedófilo para lá seria um processo que envolve, pela ordem, os pais – que tem obrigação de participar da vida dos filhos e notarem suas diferenças comportamentais - o delegado, promotores e juízes laicos, não o Vaticano.

Por que a indenização financeira é mais importante que a reparação do crime, ou seja, a pena na cadeia, que é a sorte destinada os demais mortais que cometem crimes idênticos?
Com tantos casos publicados, por que não se tem notícia padre preso na Irlanda ou Itália ou Idaho?
Cadê a ação da polícia? Das promotorias? Onde está o pessoal do LAW & ORDER SVU? Esse pessoal só age no cinema ou na televisão?

Muito se tem dito que esses pecados não aconteceriam se padres pudessem casar. Monges de inúmeras religiões orientais também são celibatários. Entretanto, ninguém tem vontade ou é capaz de criticar o Dalai Lama por isso.

Também são muitos os protestos quando a Igreja Católica se opõe ao homossexualismo. Assim como o Judaísmo, o Islamismo, a quase totalidade das seitas cristãs derivadas da Reforma, além da Igreja Católica, é claro, são contra o relacionamento de homossexuais. Ninguém - além dos dinamarqueses - se atreve a contestar em alto e bom som ao Aiatolá Khamenei, e também nunca li uma linha de crítica a um rabino Masorti por isso.

Só me resta a tristeza de imaginar que todos esses crimes contra crianças e pessoas indefesas escapem impunes e se resumam a uma questão de indenização monetária.
Esse pecado é comum em todas as religiões: a ganância.

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