segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Ainda temos o que aprender em materia de gentileza

Talvez o mais aborrecido programa de domingo seja assistir a jogos de futebol.
Os jogos são cada vez mais burocráticos e desleais. Uma ou outra coisa se salva.
Mas acaba sendo só o que nos resta numa tarde de chuva sem carro, porque a programação da televisão como um todo está uma droga pior ainda.

Vejam três lances deste domingo, dois péssimos e um, Graças a Deus, genial.

O primeiro lance decadente foi protagonizado pelo jogador Jobson do Botafogo: já tinha um cartão amarelo dispensável e, ao fazer o gol, teve a horripilante idéia de tirar a camisa e comemorar com a galera. Não lembro quem foi o primeiro imbecil que inventou essa situação de tirar a camisa do clube que defende e paga seus salários, mas é uma coisa absolutamente idiota.
Resultado: o seu time que está a dois jogos da segunda divisão (de novo) não poderá contar com seus devidos préstimos profissionais justamente na hora em que mais necessitará deles.
E no Fantástico o narrador ainda falou: “Foi expulso, mas quem está ligando; ele não está; será que a torcida está?”
A diferença entre cabecinha dos dois me parece uma só: o rapaz da Globo talvez tenha curso universitário.

O segundo lance infeliz ficou por conta dos atletas Marquinhos, do Avaí, e Washington, do São Paulo:
Com o goleiro do Santo André caído na grande área, nocauteado, Marquinhos empurrou a bola para dentro das redes e fez o segundo gol do seu time.
Diz a norma da boa educação futebolística que quando alguém se machuca e precisa atendimento a bola de ser posta para fora de campo e o time adversário deve devolver, gentilmente, para aquele que tinha seu domínio. O genial Garrincha foi o primeiro jogador a tomar esse tipo de atitude que acabou virando uma regra obedecida na várzea ou em Botsuana.
Alguns jogadores, entretanto, são maldosos ao fazer essa gentileza:
Foi o que fez o Washington do São Paulo no mesmo jogo com o Botafogo; ele devolveu a bola, mas lá perto da linha de fundo do adversário e depois partiu para o abafa.
Se alguém conhecer esse tal Marquinhos ou esse tal Washington, por favor, mostre o vídeo do link abaixo, sem medo de vírus. Mostra como se portou o time do Ajax da Holanda quando, sem querer, um atleta seu fez um gol ao devolver a bola no fair play:
http://www.youtube.com/watch?v=EvXWXe7jCrA

O domingo só não passou incólume na beleza porque o Santos, qual Fênix, saiu das cinzas e voltou a jogar alguma coisa.
O Madson, inspirado, fez o que qualquer jogador argentino faz e os brasileiros nunca aprendem: cobrou a falta em direção ao gol. Todo mundo se atrapalhou e a bola acabou entrando.
Mas a jogada das jogadas foi feita por “Sua Alteza Sereníssima Neymar I dos Santos” que, no quarto gol, numa incrível intuição, deu um chute falso – pedalada no linguajar futebolês – contando com o reflexo do goleiro que se atirou ao chão para fazer a defesa e aí, coisa de moleque, deu uma cavadinha - pequeno toque sob a bola - para encobrir o goleiro e fazer o gol mais belo do ano, na minha modestíssima e isenta opinião.


Aceitam um cappuccino?

3 comentários:

Tum disse...

Olá

Não se trata de imbecilidade. Embora tenha tirado a camisa e prejudicado a si e ao time com o que dai advém, o jogador se insere perfeitamente no quadro do marketing pessoal acima de qualquer outra coisa imposto por essa sociedade capitalista de merda. Não se conta outra coisa senão isso: quanto vale minha autopromoção? Não são apenas os jogadores, mas também os cronistas desportivos, quase todos se promovem o tempo todo. A considerar isto uma imbecilidade, o imbecil do Milton Neves seria o maior imbecil da televisão brasileira?

Quanto ao goleiro caido era, evidentemente, fita. O que temos de manifestações artísticas no meio futebolístico é uma grandeza. O cara leva um esbarrão na barriga e cai com a mão no rosto. Nhem Nhem nhem!

Um abraço!

Tum

Arnaldo Onça disse...

Só tenho uma objeção: o cara tomou uma senhora bolada na cara e caiu duro imediatamente e assim ficou até chegar o atendimento.

Faltou fair play sim.
Arnaldo

Unknown disse...

Desculpem meus caros inteligentes, com todo respeito...mas... a verdade de tudo isto é que o torna o futebol sem fair play é a falta de espírito esportivo do time do São Paulo, pois todos os anos estraçalha os times brasileiros...deste jeito realmente não da !!!