segunda-feira, 18 de maio de 2009

O ninho da cambacica


É incrível como essas datas que vivemos com muita alegria em algumas épocas podem se transformar em uma fonte de saudade e melancolia em outras.
Dia das mães, dos pais, são datas muito boas de se comemorar enquanto eles estão vivos.
Quando estão ausentes as coisas às vezes se complicam.
Faz mais de uma semana que sonho quase todo dia com meus pais, principalmente minha mãe.
Na noite anterior ao dia das mães sonhei que lhe entregava um ramo de flores e ela ralhava comigo para não gastar dinheiro com ela, mais ou menos da mesma forma como faço com minhas filhas quando me presenteiam.
“Quero viver e conviver com vocês e não presentes” é a frase que inutilmente repito, pois elas sempre arranjam uma lembrancinha.
É muito incrível esta relação de ter um porto seguro onde parar e perguntar: "E agora, para onde vou?"
Imaginei que sob todos estes cabelos brancos eu não teria ma dúvidas na minha vida, mas não é o que acontece.
Por mais que a alma esteja bem cuidada e o coração limpo, o mar de quando em quando fica revolto e mesmo se portando como o velho marinheiro cantado pelo Paulinho da Viola, me sinto preocupado em não errar.
Filosofava ontem sentado no quintal de casa tomando sol e perguntando esses porquês todos quando passou por mim a cambacica. Ia se alimentar das flores doces da dracena e o fez sem perguntar por quê.
Cumpriu o ritual da natureza e foi de galho em galho seguindo o instinto ou o aroma, saltitante como uma garota apaixonada.
Depois pousou num galho do Fícus onde fez seu ninho e, tomando cuidado para ver se não era notada e lá entrou por algum tempo.
Não sei dizer em que pensei enquanto a observava, nem por quanto tempo foi.
Também não vi quando saiu de lá, pois cochilei com o vazio dos pensamentos.
Algumas gotas de chuva me mandaram para dentro de casa, procurando abrigo assim como a cambacica.
Fui cuidar de alguns papéis para não dar tempo à melancolia.
Sem dúvida, o domingo não foi feito para ficarmos sós.












Welcome Darren, be back soon.

Um comentário:

Anônimo disse...

Também sonho com meu pai, falecido em 2000, minha mãe faleceu o ano passado, chorei um pouco, passou. Mas papai sempre vem em meus sonhos. Realmente os filhos são nossos grandes amores, que juntos afastam a saudade, e pelo menos preenchem o espaço vazio do coração. Nataly fez uma homenagem em seu blog para mim, foi uma surpreza gostosa (www.saladanoiva.blogspot.com/).
Gostaria de ver uma foto da cambacica, não conheço esse passaro. Mas adorei o comentario.
Abraços. Monica