segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Minha floresta







Bem vindos todos!



Dia desses um vizinho, a guisa de crítica, disse que eu morava numa “floresta amazônica”.
Eu agradeci a menção e ele ficou, sinceramente, surpreso.
O passo seguinte foi a irritação pelo meu não entendimento de suas palavras e ele sugeriu que eu fizesse uma limpeza “nessas árvores todas” que eu tenho no jardim, pois isso só causa sujeira, se é que folhas mortas - além de letra de samba-canção - é sujeira.

Também reclamou da sujeirada que os passarinhos fazem, mostrando algumas manchas esbranquiçadas no chão. Levando o assunto com diplomacia, comentei que “quando da época da amora, as manchas ficam roxas e são difíceis de lavar pois grudam no carro".
Ele se animou e comentou das vantagens do piso que colocou em volta da sua casa e das facilidades que sua mulher tinha ao limpar o chão, não ficando nada parecido com o meu chão, e aí você certamente já entendeu a crítica. Relevei...

Conversando com a folga que minha aposentadoria permite e com os negócios parados à espera da cotação do dólar, falei da alegria que é ouvir o canto do sabiá-laranjeira com os primeiros raios de claridade. Errei no comentário outra vez, pois usa resposta foi direta: “acorda a gente logo cedo essa cantoria”.
Rebati dizendo que, quem efetivamente faz barulho são as maritacas, e ele concordou que nossas tardes têm alguns decibéis além da calmaria reinante no bairro.

Ele também falou que tem um gavião no bairro – imagine – e o bicho ataca o galinheiro que ele tem nos fundos da casa e ele foi obrigado a "gastar dinheiro" para colocar uma cerca de arame para evitar os danos e a histeria das galinhas que se tornam menos poedeiras.

Falei de uma rolinha que fez seu ninho numa planta artificial que temos na varanda e ele foi ligeiro ao comentar que esse bicho tem piolhos. Fui mais ligeiro ao comentar que galinha poderia ter mais, já que ele não vacinava as galinhas dele. E talvez a atração pelos ovos estariam resultando na migração paulatina de gambás que habitam o terreno da Marquesa, como é conhecida a área que era residência da Marquesa de Santos, limítrofe aqui na nossa rua.
Para provocar eu falei de um episódio que aconteceu durante a construção do muro na frente de casa.
Meu pai, que fazia a empreitada comigo, construía um pequeno telhado para abrigar a churrasqueira quando, de repente, e não mais que de repente, ele pegou uma marreta e desferiu um tremendo golpe no muro, abrindo um rombo em um tijolo. Face minha expressão de espanto, muda, meu velho comentou que a corruíra – e me mostrou o pássaro – gostava de construir ninhos em buracos assim.
E é verdade; todo ano alguma corruíra constrói um ninho por lá.
E as cambacicas...
E os beija-flores...

Da trabalho sim, mas é uma delícia mesmo quando os araçás caem sobre o telhado da garagem e me acordam de madrugada. Ainda assim, vejo neste momento um gordinho sabiá procurando alimento; e no verão os bem-te-vis vão voltar por aqui.

Aceitam um cappuccino?

6 comentários:

Anônimo disse...

Essa floresta, da qual me orgulho muito também, é realmente um pedaço do paraíso.As folhas que caem formam um lindo tapete,as aves fazem uma linda cantoria, que só traz alegria.Lindas fotos, lindo tema, lindo o nosso jardim tão florido e tão encantado.Estou pensando em fazer um sobrado....para aumentar o espaço das plantas e dos pássaros,ter mais chão para a nossa cachorrinha brincar, e para todas as crianças de todas as idades que aqui vierem.
Beijos

Anônimo disse...

Tio, como antes, consigo ver seu blog, mas escrever... nem pensar...

Portanto aqui vai meu comentário:

Às vezes sofro com esse seu mal, sabia? Aqui onde trabalho, quase no final da Nove de Julho, nas ruas do Jardim Europa, os pássaros teimam em cantar, pendurados nas árvores, fazendo sei lá o que, além de irritar nossos ouvidos. Estas mesmas ruas, cobertas de belas casas, praticamente nos isola do frenético e maravilhoso mundo dos escritórios, ternos e gravatas em pleno verão 30°C. Quase ninguém vai lá, pois não tem tempo, precisam acabar os relatórios, depois terão tempo para curtir a vida... fazer o quê? Sofro sozinho...
Capuccino aceito, mas por favor, sem sal....

Arnaldo Onça disse...

Que bom que você arriscou escrever, pois mostra a sensibilidade atávica e a fina ironia que perdura na família.

E assim caminha a Humanidade, da mesma forma como diz o ditado chinês: uma grande caminhada de mil passos começa no primeiro passo.

Grato por seu comentário que me alegrou muito.

Anônimo disse...

Concordo...
Flores, só se forem artificiais...
Canto, só se for do CD que colocamos e tiramos quando quisermos...
Vento, só se for do ventilador...
Parece que não sabemos mais de onde as coisas vieram e como elas são ou deveriam ser...
Perdemos nossa sensibilidade...
Adorei o texto...
Jan

Nossa Toca disse...

Nesse ponto somos privilegiados em morar na área melhor conservada do Estado de São Paulo. Morram de inveja (a não ser que tenham um belo jardim!)Beijocas

Arnaldo Onça disse...

Por favor mantenham essa área conservada.
Beijos
Bim