quinta-feira, 16 de abril de 2020

A primeira vítima


Nestes tempos em que aprendemos o significado de comorbidade, fico impressionado com a morbidez do jornalismo mundial, brasileiro em particular.
É chocante ver nossas apresentadoras e apresentadores informarem o número de mortos como se estivessem narrando um gol no futebol: “Os mortos pela COVID 19 chegam a trezeeeentos!!!”

Já coloquei esta frase mais de uma vez, criada por Samuel Clemens, que assinava Mark Twin:
“ A imprensa separa o joio do trigo e publica o joio! ”.

Nunca vi jornalistas tão satisfeitos em levantarem da cama e não se preocupar em procurar matéria.
Eles têm uma peste para trabalhar.
Mais chocado ainda estou com a morbidez de parte da imprensa que faz um jogo político.

Vi uma entrevista com um “cientista renomado”, que nunca tinha ouvido falar, onde ele afirmava que as notificações no Rio grande do Sul estavam subnotificadas.
Ia tudo bem até ele chegar na conclusão e dizer: Eu ACHO que o Rio Grande tem cinco vezes mais casos e mortes que o informado.
Como um cientista diz ACHO?!?
Ciência é ou não é! Isto não é fé!!!!

Hoje fiquei chocado também com uma postagem de um professor universitário carioca, muito sério, que repercutia a notícia da Reuters que afirma que no Brasil os casos são 12 vezes maiores que os publicados!!!
Como assim?
É certo que não temos este número correto, preciso, mas nenhum país do mundo tem!
Doze?  De onde vem a base para esse cálculo?
Se fosse o dobro já daria para desconfiar que o articulista acabara de acordar e estava em cima do prazo para mandar o artigo e chutou. Mas 12?
Ele pensa que estamos na China?
Pois eu não ACHO que a China publicou seus números corretamente, mas nem lá ACHO que as notificações foram 12 vezes menores.

Em suma, a imprensa, com o advento da internet, que poderia melhorar e agilizar suas notícias, se deixa cair na futilidade política, na vaidade pessoal e, parafraseando Winston Churchill que dizia: “na guerra a primeira vítima é a verdade”, digo sem medo de exagerar:
“Na guerra e na pandemia a primeira vítima são os leitores, ouvintes e espectadores”.
Aceitam um cappuccino?

Nenhum comentário: