Não é segredo que eu acho o Oscar uma chateação;
é uma festa
feita pelo Cinema Americano, para o Cinema Americano, como forma de promover o
Cinema Americano.
A gente fica vendo aquela sequência interminável de artistas
americanos, recheados, vez por outra, de um estrangeiro que atua nos Estados Unidos.
Então, para pegar trouxas, a Academia coloca duas categorias
que sempre tem participação de estrangeiros: Documentários e o Filme em Língua
Estrangeira.
Aí uns oito ou dez países ficam esperando – e assistindo –
duas horas para ver se ganharam o grande prêmio americano.
Via de regra milhões ficam frustrados, como neste ano em que
concorria na categoria documentário um filme sobre Sebastião Salgado – nem mencionado
na festa – e que foi solenemente esmagado pela obra americana que transforma em
herói aquele rapaz que - quando viu que se daria mal – resolveu entregar todas
as sacanagens do Governo Americano.
Estava na cara.
Ainda assim vários personagens da classe intelectual
tupiniquim ficaram até tarde a divulgação do resultado, para poderem se
indignar nas redes sociais logo em seguida.
Bem feito.
E onde está a mentira nessa história toda?
Fácil.
A festa começou as 18 horas de Los Angeles, Meia-noite no
Brasil, 3 da manhã em Londres, 4 em Madri, 5 na França, Alemanha e Itália, além
dos países nórdicos.
No meio da festa sempre tem algum pau mandado dizendo que o
programa passa em mais de cem países, com audiência de mais de um bilhão de
pessoas. Nem precisa assistir para saber que eles falam isso, pois falam todo
ano.
Sinceramente eu duvido que as fábricas da China fiquem
paradas para ver essa lengalenga. Idem Índia – que não tinha seus meninos
explorados querendo serem milionários – o lado islâmico certamente ignora solenemente
a fala do satânica.
A Europa, como já disse, está dormindo.
O Brasil, Argentina e Uruguai certamente pensa no preto da
folhinha da segunda-feira.
Então, onde está esse bilhão de pessoas? Afinal, pouco mais
de um quarto dos 300 milhões de americanos dão audiência para o programa.
Estariam no Canadá, México ou Japão?
Está bom, conta outra.
Quer saber, vamos saber no dia seguinte quem recebeu os
prêmios, pois nossa imprensa é mesmo vassala nessa questão. A troco do que vou
dar minha audiência, deixar minha mulher brava comigo por deitar tarde, perder
meu sono?
Aceitam um cappuccino?
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