sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Somos consumistas.

Sempre me pergunto porquê desta necessidade que deixamos nos impor através da propaganda, do convívio, das tradições, de consumirmos coisas que nem sempre têm sua necessidade premente ou efetiva.
Mas o subproduto pior dessa mania é a fama que dispomos mundialmente.
Na Disney os brasileiros só perdem em consumo per capita para os japoneses, estes sim com a pior fama na área.
Recentemente visitei Santiago do Chile, encantadora cidade, capital do país de Gabriela Mistal e Pablo Neruda. As casa de Neruda são famosas no Chile, sendo pontos turísticos destacados em todas as programações.
O bocejante guia que nos levou conhecer a capital e as cidades de Valparaíso (muito linda) e Viña del Mar (de doce memória para os brasileiros), passou com a Van que levava a Elisa, Fernanda e eu e mais alguns brasileiros há duas quadras das casas de Neruda, em Santiago e Valparaíso, mas não nos levou lá para nos levar a uma loja de artesanato e um Shopping Center!!!
Ao deixarmos Santiago um outro guia, com o curioso nome AXEL, comentei que ficara frustrado com a experiência e com alguma raiva de sua resposta nada sutil: "É que os brasileiros son muito consumistas e preferem as compras que conocer essas cosas", num portunhol aprendido junto a uma namorada baiana e com livros do Casseta e Planeta.
Fiquei mais louco de raiva quando disse que não tivemos livros do Neruda no Brasil antes de 2002.
Mas o Axel foi destensionando a conversa ao perceber que minha mulher conhecia bem a obra de Neruda, que minha filha era educada e com uma boa bagagem cultural e eu acredito que ele mudou mesmo o ritmo de nossa conversa após minha menção aos meus sete livros que escrevi.
Espero poder conversar com meus amigos para que comecemos a reverter essa imagem.
Somos gente de um país sincero e feliz, merecemos uma imagem melhor.
21 de dezembro de 2007.

3 comentários:

Anônimo disse...

Prezado Arnaldo

Do alto dos meus 60 anos vividos em épocas de vacas bastante magras, às vezes mais magras ainda, sinto um asco monumental quando me dirijo a um centro de compras e vejo um desespero estampado nas faces aflitas, com olhos arregalados a cartão de crédito explorado ao limite.
Creio que precisamos muito fazer algo a respeito, sim.

Fraternal abraço
SBENGAERD

Anônimo disse...

Arnaldão

Trabalhamos juntos há muito tempo atrás e lembro que você era o único de nossa turma que não tinha video cassete (lembra o que é isso?) pois somente quem contrabandeava essas peças do Paraguai é que podia ter um.
E vocÊ era contrário ao contrabando.

vejo que vocÊ permanece firme nas sua concepções.

Um abraço do amigo José Luiz.

Nossa Toca disse...

Pois é, infelizmente vivemos em mundo no qual resistir aos apelos de felicidade através do "ter" é muito difícil, pois as mensagens nos empurram o tempo todo para isso. Tem um livro infantil da Eva Furnari chamado "Lolo Barnabé" que aborda deliciosamente esse turbilhão de coisas que produzimos e nem lembramos o por quê. É muito bom e termina falando que nos esquecemos de como é bom cantar em família e agradecer a Deus pela beleza da vida.